UM GAROTO E O PODER DA AMIZADE

14 4 49
                                    

Em uma noite de sexta feira, Miguel em seu quarto, deitado em sua cama procurava pelo sono, mas ao mesmo tempo pensava sobre o seu novo vizinho que chegou pela manhã na casa da frente.

Perguntas surgiam em sua cabeça, pois a sua mãe, Cíntia que é uma mulher muito simpática e extrovertida, lhe disse durante a janta que fez alguns bolinhos de chocolate para o moço e levou até a casa do sujeito. Porém, Miguel não esperava que sua mãe diria que o sujeito havia recusado os deliciosos bolinhos que não foram jogados fora, muito pelo contrário, foram devorados após a janta por ele e sua mãe.

Miguel decidiu assistir uma série em seu celular, isso já fez o garoto pegar em um sono em outras ocasiões como quando estava com medo, após escutar um barulho de madeira rangendo no escuro da noite.

No dia seguinte pela tarde, o garoto teve uma ideia.

– O que você está desenhando aí na mesa? – perguntou Cíntia.

– Eu estou fazendo uma carta de boas vindas para o vizinho!

– Miguel, eu não acho que isso seja uma boa ideia! Eu pudi perceber pelo seu rosto e na prática de que ele é um senhor bem ranzinza!

O garoto ignorou a sua mãe e ao terminar a carta apertou a campainha de seu vizinho. Apertou, apertou, mas ninguém aparecia, então a criança deu a meia volta, mas em seguida a porta se abriu. Ao se virar para casa novamente, ele se deparou com um senhor com a cara fechada de chapéu, óculos e de roupa simples. O garoto ficou um pouco assustado, mas era apenas um senhor, então prosseguiu.

– Bom dia, senhor! Eu sou o Miguel, seu vizinho e fiz essa carta para o senhor! – disse o garoto estendendo a carta para o senhor.

O senhor recebeu a carta em silêncio, e a olhou de frente e verso.

– Qual é o nome do senhor?

O senhor bufou, revirando os olhos e disse:
– Alfred, mas o que você quer garoto, me abusando nessa hora?

– Quero que se sinta bem vindo!

– Hum... Você parece ser bem educado para a geração de hoje. – disse Alfred coçando o queixo. – Quer entrar? Talvez possamos bater um papo...

No mesmo instante, Cíntia abriu a porta de sua casa para ver onde estava Miguel.

– Menino, eu já falei para deixar o vizinho quieto! Volte para a casa!

– É melhor obedecer sua mãe!

– Mais tarde eu volto! – exclamou o garoto retornando para casa, e Alfred pois a mão na mão.

Pela noite, após Miguel dizer a sua mãe que iria para a cama e dormir, ele pensava em fazer algo diferente. O garoto saiu pela janela do quarto, pela sua sorte eram apenas poucos metros do chão.

O garoto prosseguiu a casa do vizinho, apertou a campainha e esperou até Alfred abrisse a porta de sua casa. Por sorte, ela a abriu.

– Menino, o que faz você aqui numa hora dessas? – perguntou Alfred assustado.

– Eu te disse que voltaria!

– Entre logo, mas é só um pouco. Era só o que me faltava!

Miguel passou pela porta e se deparou com um corredor escuro como o resto da casa.

– Sente-se! – disse o senhor apontando para o sofá da sala – Já que você está aqui, gostaria de tomar chá?

– A minha mãe disse para eu não aceitar nada de estranhos, e você ainda estou conhecendo.

– Eu não sei se você é burro ou se é educado, porque inteligente não é! – exclamou Alfred.

– Por que o senhor disse isso de mim? – perguntou o garoto um pouco irritado.

Alfred bateu a mão na cabeça a balançou e disse:

– Se eu sou estranho, porque quis entrar em minha casa sem mesmo ser convidado? E pior, a essa hora da noite! – disse Alfred elevando a voz. – Agora você inventa essa de não querer chá. Imagina se sua mãe souber que está aqui!

– Me Desculpe!

– Desculpa aceita, me diga logo, o que você veio fazer aqui? O que quer de mim? – disse Alfred voltando ao tom de voz de costume.

Miguel ficou em silêncio por alguns segundos, pois não sabia se a pergunta que pensava em fazer seria ideal para o momento.

– Não é querendo me intrometer, mas o senhor me parece ser gente boa, e não um velho de coração de pedra! – disse o garoto soltando gargalhadas enquanto, Alfred expressava uma expressão ainda mais séria em seu rosto.

– Ai menino, diga logo antes que eu chame a sua mãe, ou que ela mesmo apareça te procurando.

– Está bem, como eu falei, a minha mãe não foi muito com a cara do senhor, e eu não tenho muitos amigos. Então decidi tentar conhecê-lo... Me diga um pouco sobre você!

– Hum... Eu sou Alfred, um aposentado de setenta e um anos de idade. Gosto de ficar sozinho ultimamente, e em boa parte de minha vida fui marceneiro. – disse Alfred olhando para o teto.

– Só isso? – perguntou Miguel com um sorrisinho forçado. – Não há nada que tenha alterado seu humor nos últimos anos?

– Já entendi onde você quer chegar, quer saber o porquê de eu parecer um velho ranzinza!

– Isso, espero que o senhor me entenda... – disse Miguel um pouco constrangido.

A boca de Alfred se mexeu, parecendo que estava procurando palavras para falar. De repente, lágrimas começou a sair lágrimas de seus olhos azuis.

– É muito difícil para mim acimilar tudo isso, principalmente descrever! – disse Alfred com os olhos cheios de lágrimas.

– Tudo bem, entendo se o senhor não quiser falar, desculpa por incomodar o senhor nessas horas!

– Não, eu vou continuar. – disse Alfred respirando fundo – A minha esposa, a dona Rosa, era uma mulher incrível, mas morreu de infarto há dois anos, e em apenas um mês atrás, a minha filha também se foi. Por causa de um acidente de carro...

Alfred caiu no choro, Miguel ficou sem reação, mas decidiu abraçar o senhor.

– Tudo bem, Alfred! Agora o senhor tem um amigo!

– Obrigado, garoto! Eu sou uma... boa pessoa, apesar dos meus defeitos e erros... – disse o senhor soluçando de choro.

Poucos minutos depois, Miguel retornou ao seu quarto entrando pela janela.

Na manhã do dia seguinte, Miguel conseguiu convencer a sua mãe a fazer novos bolinhos de chocolate, após estarem prontos, Cíntia e Miguel apertaram a campainha da casa de Alfred. O senhor abrindo a porta, se deparou com uma surpresa que o fez abrir um sorriso na boca.

– Desculpe-me vizinha, por te trado de uma maneira errada! – disse Alfred.

– Tudo bem, aqui está bolinhos de chocolate bem quentinhos para o senhor!

Alfred abraçou seus novos amigos da vizinhança, e percebeu que a vida ainda pode lhe proporcionar felicidades.

UM GAROTO E O PODER DA AMIZADEOnde histórias criam vida. Descubra agora