EmmyEu odeio, repito: odeio ir para a escola. Odeio acordar, odeio me levantar, odeio me vestir, odeio ir para a escola, odeio as aulas, odeio os colegas, odeio... tudo.
Só tem um lugar que ganha da escola no quesito irritante e desgastante: minha casa.
Depois que fiz treze anos, entendi o motivo de Vance passar tanto tempo fora. Nossos pais são um pé no saco, mais do que eu pensei. tanto que são o motivo de eu ainda frequentar a escola.
Não que eles me obriguem, mas bom... Eles não me obrigam diretamente. Eles brigam e são conservadores, meu pai trabalha e minha mãe fica em casa. Ele provavelmente se cansou de trabalhar e ela se cansou de ficar em casa.
Para piorar a situação hoje é quarta-feira, o dia que não está nem perto, nem longe do fim de semana, então é mais um desgosto para a lista.
Talvez o cérebro do Vance tenha me contaminado, eu gostava de ir para a escola antes de começar a acompanhar ele até o fliperama depois da aula.
Ah, tanto faz...
Vou ter que aguentar o Robin na aula de matemática.
Vou matar o Finney. Tudo por causa da Donna.
Seria muito melhor se ele fizesse dupla com o Robin, e eu, com a Donna.
Bom, ação tem consequência.
'———'
— Ei, ruiva — a voz irritante dele falava na minha cabeça.
— Que é? — Respondia grossa.
— Qual é a "A"?
— Não sei, tô fazendo. — Respondi, curta e grossa.
— Não tá errado isso aqui, não? — Ele aponta para o resultado que eu escrevo no meu caderno e eu solto um suspiro frustrado.
— Robin, essa é a "A" da questão três. Você ainda não fez a dois? — Pergunto, esticando o pescoço para verificar o caderno dele. — Robin! Estamos em 1977! Não em 76! — Exclamo ao perceber que ele escreveu a data errada.
Ele fica em silêncio e abaixa a cabeça como um cachorro que acabou de levar bronca.
Odeio dar bronca nele, mas tem vez que precisa. Esse menino só sabe arrumar briga, mas vive com a cabeça de baixo da água.
— Foi mal... Não prestei atenção.
— Claro, só sabe dar soco.
Abaixo minha cabeça com um suspiro e, após perceber que posso ter sido um pouco grossa demais, me viro de volta para ele, que está rabiscando no canto do caderno.
— Foi mal... — digo, levemente arrependida.
— Tudo bem. vou ver se paro de "dar soco" e estudo mais.
O que me espanta é que não havia ironia na fala dele, só um pouco de sarcamo e tédio.
Me irrita, apesar de eu tentar não me irritar.
Talvez seja por isso que nunca dos certo como amigos... Ou não, sei lá.
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Denver Tales
FanfictionEmmy — vulgo Emily Hopper — nunca foi de acreditar em histórias, contos ou relatos baseados em fatos reais; na verdade, ela era bem cética em relação a isso. Diferente dela, Robin Arellano não era nada cético e adorava um bom thriller, porém a relaç...