001. Wait For Me, I'll Be Back

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C A P Í T U L O  01
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Nobody's promised tomorrow
So I'ma love you every night like it's the last night
Like it's the last night”

— Die With A Smile, Lady Gaga & Bruno Mars

South Korea, Seul  ——  23h12pm

Um fracote demais? Um alfa ridículo por estar chorando como um garotinho? Esses pensamentos martelavam a mente de Sunghoon enquanto ele dirigia pela estrada deserta, os faróis cortando a escuridão da noite. A brisa fria batia com força em seu rosto, misturando-se com as lágrimas que insistiam em cair, tornando o ar ainda mais gélido contra sua pele. Ele apertava o volante com força, como se aquilo pudesse conter a dor que parecia esmagar seu peito.

As expectativas eram um fardo invisível, mas sempre presente. Desde cedo, ele fora treinado para ser o exemplo, o alfa que lideraria, que protegeria, que tomaria as decisões. Mas, agora, ele mal conseguia tomar controle de sua própria vida. Onde estava o alfa confiante que todos esperavam que ele fosse? Onde estava o orgulho que deveria guiar suas ações? Em vez disso, tudo o que ele sentia era impotência, como se estivesse à deriva em um mar de decisões que ele não tinha permissão de fazer.

—— Mas que porra de alfa eu sou? —— indagou para si mesmo em voz alta, a frustração tomando conta. —— Que homem de vinte e um anos eu sou, que não pode simplesmente escolher o que quer para a própria vida? —— ironizou, sentindo o sabor amargo das lágrimas em meio às palavras.

Crescer em uma família influente não parecia uma má ideia, pelo menos na superfície. Você tinha tudo o que queria, no momento exato em que desejava. Dinheiro, poder, status. Mas e se, no fundo, tudo isso não passasse de uma ilusão? E se sua mãe só se importasse com ela mesma, com a imagem imaculada que a família precisava exibir diante das câmeras e das revistas de fofoca? Isso transformaria a vida perfeita em uma verdadeira prisão, não? Uma prisão onde você seria forçado a terminar com a pessoa que ama, não porque escolheu, mas porque sua mãe decidiu que um garoto não era bom o suficiente.

E para quê? Para que ele fosse obrigado a se casar com uma garota, como se isso resolvesse alguma coisa. Que diferença faria? O garoto que ele amava era um ômega, assim como a garota com quem queriam que ele se casasse. A linhagem da família Park continuaria crescendo do mesmo jeito, sem falhas. Mas então, por quê? Por que a querida Sra. Park não conseguia aceitar que o filho amasse outro homem? O que ela realmente temia? Que o nome da família fosse manchado pela “vergonha” de ter um filho gay?

Esses pensamentos giravam em sua cabeça, criando uma tempestade de revolta e frustração que parecia tão intensa quanto o vento lá fora. Ele se lembrava de como Sunoo ria baixinho quando ele tentava cozinhar, ou da forma como o ômega sempre segurava sua mão quando estavam em público, desafiando qualquer olhar julgador que se atrevesse a aparecer. Cada lembrança apertava ainda mais o coração de Sunghoon, como se fossem facas afiadas o lembrando do que ele estava prestes a perder.

Sunghoon estacionou o carro no estacionamento do restaurante, seus dedos ainda trêmulos no volante. Ele ficou ali, encarando o ambiente à sua frente por alguns minutos, tentando acalmar a respiração e ordenar os próprios pensamentos. Limpou as lágrimas do rosto com as costas da mão e, com cuidado, pingou uma gota de colírio nos olhos para desfazer a vermelhidão e o inchaço que poderiam entregar o que estava acontecendo por dentro. Depois de alguns segundos, finalmente saiu do carro.

Ao entrar no restaurante, logo avistou Sunoo, sentado de costas numa mesa no fundo. O coração de Sunghoon apertou. Seus passos foram apressados e ansiosos, como se cada um fosse uma batalha contra a decisão que já havia tomado. O restaurante estava decorado de forma acolhedora, mas naquele momento tudo parecia frio e impessoal para Sunghoon. As luzes suaves que geralmente criavam uma atmosfera aconchegante agora pareciam ofuscar, como se cada detalhe do lugar estivesse exposto de forma cruel. Ele conseguia ouvir o som dos talheres nas outras mesas, as conversas baixas dos clientes, mas tudo parecia distante. A única coisa que realmente importava estava ali, na sua frente: Sunoo, com aquele sorriso que ele sabia que em breve destruiria.

Let The World Burn For You  |  𝐒𝐔𝐍𝐒𝐔𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora