Entrelaços

01

           Segredos são coisas que quanto melhor você esconde, mais perigosos se tornam.
       Meu segredo começou como uma coisa inofensiva; eu era uma garota normal, inofensiva, boba, inocente, cheia de sonhos e vontades. Mas haviam alguns meses desde que eu deixei de ser assim.
       Haviam se passado dois anos, uma semana, três dias, uma hora e doze minutos — não que eu estivesse contando! — desde que o Mestre Fu tinha me dado o Miraculous da Joaninha, e faziam seis meses desde que eu comecei a desejar que ele tivesse escolhido outra pessoa.
           No começo a coisa toda de ser uma heroína era super empolgante! Um traje maneiro, um vilão intrigante, inimigos legais, a adrenalina de estar com um traje que deixa todos os seus sentidos aguçados, quase perfeitos.
           E, assim, não era como se eu não gostasse mais de ser a Ladybug; ser a heroina da cidade havia se tornado uma parte de quem eu sou! Mas parece que a cada dia que se passava minha profissão não remunerada estava se tornando um perigo para mim e para todos que eu amava. Eu não podia fazer nada, como Marinette, que não afetasse a vida da Joaninha. Haviamos deixado de ser a mesma pessoa para sermos duas com caminhos extremamente diferentes, igual em Hannah Montana!
           Marinette não poderia ter um namorado, amigos, sem atrapalhar a Lady Bug. É muito dificil manter um relacionamento quando de cinco em cinco minutos você precisa fugir da pessoa para combater o crime, as vezes você tem que até BATER na pessoa, o que certamente não é uma experiencia muito boa.
           Eu já estava com dezesseis anos, e a verdade é que eu sinto que tô perdendo umas coisas muito importantes da minha vida por causa do meu emprego — não remunerado! — de super heroína e Guardiã da caixa dos Miraculous. Festas, encontros, shows que eu queria muito ir, as minhas próprias aulas escolares, tempo com meus amigos e família!
           É muita pressão pra uma adolescente! Proteger a caixa, proteger a cidade e, o pior de tudo, proteger minha identidade. E nunca tem o mínimo progresso; Parece que a cada dia fica impossível descobrir quem é o Shadow Moth e eu sinto que a palavra "relaxar" está se perdendo do meu vocabulario; eu estava com irritações na pele e meu cabelo estava caindo em uma quantidade que daria pra fazer uma peruca!
           Conversei com Chat sobre o meu estresse, e ele tem me ajudado bastante fazendo as patrulhas sozinho. Faz duas semanas desde que ele começou a vida de vigilante solitario, eu havia pedido apenas três meses pra ele. E ele estava se saindo bem. A Joaninha e o gato preto são Ying e Yang, se complementam, por isso os herois são sempre parceiros, mas Chat estava dando um Show solo.
           Eu até diria que sentia a falta dele, mas é claro que ele não deixaria isso acontecer. De vez em quando, ele vinha na minha casa. — Sim, na casa da Marinette! — o que fazia minha urticaria triplicar. Eu não poderia expulsar ele alegando que havia pedido um tempo do estresse que era manter minha identidade em segredo, ou brigar com ele por estar passeando em minha casa ao invés de trabalhar (fazendo mal uso do traje), então apenas tolerava tentando ignorar a estranheza de suas visitas que ficavam cada vez mais frequentes.
       Me sentei ao lado de Chat, pegando o pote de pipocas, que ele fez eu fazer pra ele, de suas mãos.

           — Então você tá produzindo um Figurino novo pro Jagged Stone? — ele soltou um assovio enquanto olhava para o tecido espalhado pela minha mesa em recortes.

           Eu era amiga, por trás da máscara, do Chat há bastante tempo. Acho que ficamos mais íntimos depois do dia em que ele me levou pra ver a surpresa que ele havia preparado pra Ladybug — no caso, eu. — e que ela havia estragado — que eu havia estragado — não indo se encontrar com ele.
           Ele vinha à minha casa depois de algumas patrulhas, não ficava muito tempo. Eu tinha até colocado um adesivo grande e amarelo em cima da minha janela dizendo "quando sair, feche a Janela". Aos poucos ele ia entendendo o recado.
           Tenho certeza que ele havia começado a se sentir extremamente confortável perto de mim porquê, no momento, ele estava preguiçosamente aconchegado no meu sofá, com minha coberta preferida o enrolando, comendo pipoca e uma pequena bacia de Macarrons que meu pai havia feito mais cedo.