Família Luvinne

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Durante a noite, enquanto a neve caía intensamente, um homem batia desesperado na porta da velha casa de madeira, segurando uma lamparina e vestindo uma túnica de lã para se proteger do frio, ele gritava.

- Ane, preciso de sua ajuda! - suas palavras saíam em forma de vapor, seus cabelos e barba eram como cinzas do fogo.

Após uma longa gritaria, a mulher enfim abriu a porta. Era alta, seus cabelos ruivos eram como o pôr do sol, assim como os do seu filho que estava ao seu lado, curioso com a situação.

- Nestor, o que aconteceu?- Ela aparentava ter tido seu sono interrompido, mas parecia preocupada.

- A Zelina está ferida, foi atacada -

Ane espantou-se , virou rapidamente para pegar o seu manto, e o garoto observava quieto toda a situação. Ela vestiu suas luvas e agarrou a sua lamparina. Se curvando, colocou a mão no ombro do garoto:
- Mathew, fique aqui e cuide do seu irmão, não deixe o fogo apagar - havia lenha de sobra.

- Certo, mãe - disse balançando a cabeça em afirmação.
Assim, saíram no meio do temporal. As lamparinas eram quase inúteis, pois eram incapazes de ver mais do que cinco palmos à frente, guiados apenas pelas luzes acesas das lareiras das casas.
O garoto, que observara as silhuetas desaparecerem e as pegadas serem apagadas pela neve, enfim, fechou a porta. Perto da lareira estava o seu irmão, dormindo como um urso em hibernação. Mathew se aproximou lentamente, sem querer acordar o irmão, mas a madeira velha do chão, que rangia a cada passo, o entregou.

- Math? - perguntou o garoto coçando os olhos ao despertar. Onde está a mamãe? Seu nome era Lois; possuía cabelos que quase cobriam os seus olhos, tão escuros quanto a madeira velha do chão. Não havia herdado a beleza da sua mãe como o seu irmão. Mathew andou até a lareira, pegou um pedaço de lenha e alimentou o fogo.

- A mamãe teve que sair, mas não demora, pode voltar a dormir, Lois -

- Mas eu tenho medo de ficar sozinho aqui - Ambos odiavam ficar sem companhia naquela casa; era espaçosa, talvez a maior do vilarejo, mas grande parte dos móveis estavam velhos, assim como as paredes que já não traziam uma sensação de segurança. A brisa gelada passava pelas frestas da madeira, seguida de um som que parecia sussurros, e o vento forte que às vezes sacudia as janelas e as árvores do lado de fora, causava arrepios, seguidos de um frio que subia pela espinha.

Mathew se aproximou do irmão e se sentou ao seu lado.
- Não precisa ter medo, além do mais, eu estou aqui para te proteger -

- Mas e se um vagante aparecer? - disse Lois se encolhendo. Lois tinha medo, pois sua mãe dizia que, se ele não se comportasse, um vagante iria puxar o seu pé à noite, algo meio cruel de sua parte. No entanto, a sua menção era de dar medo em qualquer um.

- Isto é só uma lenda, mas de qualquer forma, os vagantes odeiam a luz. Dizem que o seu coração é feito de gelo, então eles evitam o fogo - ambos olharam para a lareira, era a parte da casa em que mais gostavam. O calor das chamas seguidos dos estalos da madeira queimando eram reconfortantes, como uma área segura.

- Mas o velho Hans disse já ter visto um, ele diz que os vagantes possuem um toque congelante - afirmou Lois.

- Aquele velho que faz sopas de cogumelos? Não acredite no que ele diz, todos na vila sabem que ele é maluco -

- Mas a mamãe conversa com ele às vezes - disse Lois, ainda encolhido, abraçando os joelhos. Ele encarava o fogo; seus olhos que refletiam as chamas pareciam esconder algo.

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⏰ Última atualização: Aug 22 ⏰

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