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ʜᴀɴ ᴊɪꜱᴜɴɢ

As primeiras luzes da manhã penetravam suavemente pelas janelas do meu quarto, iluminando o espaço com um brilho suave que contrastava com a tempestade de emoções que se aglomerava em meu peito. O dia do meu casamento havia chegado, e, enquanto me vestia em meu hanbok branco, adornado com detalhes em vermelho vibrante, a realidade do que estava prestes a acontecer tornava-se cada vez mais opressora.

O tecido macio e fresco contra minha pele não conseguia dissipar a sensação de aprisionamento que me envolvia.

Na-hee, minha doce filhote, estava deitada na cama, seu pequeno corpo contorcendo-se levemente enquanto sonhava. Ao me aproximar, não pude evitar um sorriso ao ver sua expressão serena. Com cuidado, beijei seu rosto delicado, o toque suave de meus lábios no seu semblante angelical trazia um pouco de paz ao meu coração angustiado. Ela estava tão linda em seu hanbok infantil, e por um breve momento, eu desejei que tudo fosse diferente. Que pudéssemos partir para longe deste lugar opressivo e viver livres.

Yeji, minha amiga leal e confidente, estaria ao lado de Na-hee durante a cerimônia. A única pessoa em quem confiava para cuidar da minha bebê. Meu pai havia sido o arquétipo do mal em minha vida; sua sombra pairava sobre mim como uma nuvem escura. A lembrança do trauma que causara me impedia de confiar nele ou no governador que agora se tornaria meu esposo por meio de um contrato grotesco.

Com Na-hee sorridente em meu colo, saí do quarto, sentindo um aperto no coração ao imaginar que aquele sorriso poderia ser desfeito assim que ela sentisse os feromônios do governador. A porta da cerimônia se aproximava, e já podia ouvir os murmúrios dos convidados do lado de dentro. Quando cheguei à entrada, avistei Yeji esperando por nós. Com um carinho maternal, entreguei a bebê para ela e então respirei fundo antes de abrir a porta.

Assim que entrei no salão decorado com flores silvestres e lanternas penduradas delicadamente no teto de madeira escura, todos os olhares se voltaram para mim. Meu pai estava ali, seu olhar gélido fixo em mim como uma serpente pronta para atacar. O governador também me observava com um sorriso que não prometia nada além de desgraça. O aplauso ecoou pelo ambiente quando avancei em direção ao altar; mas o som não era uma celebração genuína — era apenas uma máscara para a dor que eu sentia.

Onde estão todos?

Penso

Claramente o governador não se importou em ignorar meu pedido de trazer pelo menos as pessoas com quem vivi minha vida inteira. Meus amigos do templo budista, as freiras, os monges; nenhum deles se encontravam aqui hoje. Isso doía tanto em mim. As pessoas que eu realmente amava e confiava não estavam aqui comigo no suposto "melhor dia da minha vida".

Mesmo me lamentando constantemente, a cerimônia começou sob a condução de um cerimonialista cujas palavras reverberavam na sala como ecos de uma vida que não era minha. Ele falava sobre união e destino, sobre os laços sagrados do matrimônio entre dois corações destinados a se tornarem um só. Eu ouvia suas palavras como se fossem veneno escorrendo pela minha garganta; cada frase era uma lembrança da liberdade perdida.

Quando finalmente chegou o momento do beijo — aquele ato simbólico destinado a selar nosso compromisso — uma onda de pânico subiu por mim. Antes que o Sang-ho pudesse se inclinar para mim, virei meu rosto rapidamente e deixei que seus lábios tocassem apenas minha bochecha. Ninguém pareceu perceber minha resistência; todos acreditaram que era um gesto proposital e carinhoso.

A tarde passou rapidamente e logo a noite caiu como um manto pesado sobre nós. O banquete foi servido e as risadas ecoavam ao meu redor enquanto eu forçava sorrisos e conversas vazias. Mas dentro de mim havia um turbilhão; eu temia o que aconteceria no quarto após esta farsa ser concluída. A ideia de ter que compartilhar meu corpo com alguém me causava ânsias profundas — as memórias dolorosas eram como correntes apertadas ao redor da minha alma.

Quando finalmente cheguei ao quarto matrimonial, o ar estava impregnado com o perfume artificial das flores decorativas e o cheiro opressivo do medo. Eu não sabia o que esperar daquela noite ou quais horrores poderiam estar à espreita nas sombras daquele espaço onde deveria haver amor.

Por algum milagre divino, Sang-ho não apareceu nessa noite no quarto. Em um suspiro de alívio começo a me despir e por apenas um sokbaji mais confortável. Me sentia sufocada nessa roupa; havia uma mistura de vários feromônios nela e isso me deixava enojado e com ânsia. São muitos cheiros juntos e é sufocante.

Deito na grande cama que fica bem ao meio do quarto e suspiro fundo tentando manter meus olhos fechados. Minha cabeça doía tanto que minha barriga embrulhada me causava náuseas.

Grito alto com um travesseiro abafando minha dor.

Eu realmente tinha me casado?

Apertei os lençóis com a mão e chorei. Era como se eu estivesse só...

Caindo. Caindo. Caindo.

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Capítulo dois, aeee!!
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⏰ Última atualização: Aug 21 ⏰

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KARUNA ▪ minsung (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora