𝑈𝑀 | lágrimas e lembranças

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Noaf ainda lembrava de quando morava na Síria, a vida não era maravilhosa mas ela não tinha uma saúde completamente danificada. Sua família era viva e unida, sua mãe sempre comprava hijabs caríssimos para quando sua filha tivesse idade para usar e infelizmente isso não aconteceu. A garotinha ainda lembra dos gritos de sua família quando os soldados americanos invadiram sua casa, seu pai sendo espancado e sua mãe sendo violentada.

Eles obviamente não tinham a intenção de deixar nenhum sair vivo, arrancaram a inocência de Noaf a força e depois a criança teve de se fingir de morta, para não ter o mesmo destino que sua família, inclusive seu irmão bebê.

A Feghali foi para os Estados Unidos como uma refugiada e tinha uma vida complicada, viver na zona perigosa de Atlanta e tentando aprender outro idioma. Quando o apocalipse começou, ela se escondeu dentro de um armário de uma pequena casa.

Cinco dias sem comer, sua roupa já cheirava a urina e ela tinha apenas um urso de pelúcia. Mas por ironia do destino, uma ex-militar a encontrou e a protegeu. A única pessoa confiável na visão de Noaf, por mais que atualmente elas estejam em um grupo.

— Ei Noaf, quer caçar rãs comigo e com o Shane? - Carl perguntou se sentando ao lado da garota Síria que desenhava em seu pequeno caderno.

Noaf não respondeu e apenas escreveu "não" no canto da página.

— Você é muito chata. - Carl reclamou e saiu batendo pé, já Noaf continuava desenhando o rosto de sua mãe, escorada no tronco de uma árvore.

Um pouco mais tarde, todos do acampamento ouviram um barulho alto de alarme de carro, Shane e Dale preocupados pegaram suas armas e o carro acabou estacionando perto do trailer. Era Glenn e Shira, com um carro de luxo roubado.

Noaf se levantou correndo e abraçou a ex militar.

— O que vocês tinham na cabeça em andar com esse carro até aqui? Estão querendo nos matar?! - Shane brigou com Glenn e Shira enquanto Amy começou a fazer um puta interrogatório sobre Andrea.

— Como foi seu dia hoje? Pega seu caderno para me contar - Disse Shira e pegou na mão de Noaf e as duas se sentaram em algumas cadeiras.

Noaf pegou seu caderno um lápis rosa, e escreveu em árabe;

" eu fiquei apenas desenhando algumas pessoas importantes, Lori e Carol me ensinaram mais um pouco sobre inglês mesmo sem eu falar. E aquele sem noção do carl me chamou de chata "

Shira acabou rindo com a última frase.

— Próxima vez que ele te ofender, você coloca minhocas na comida dele. - Shira aconselhou Noaf enquanto fazia carinho em seus cabelos.

Na mesma hora acabou chegando um caminhão com o resto do pessoal do grupo, e no fim acabou surgindo um homem desconhecido, e ele era o pai do Carl. Noaf ao ver os dois se abraçando e chorando, acabou lembrando de seu pai.

Todas as vezes que ele contava histórias para ela dormir, a abraçava, levava e buscava da escola, ajudava a interpretar o alcorão sagrado ou quando ele fazia café da tarde para ela.

A Feghali não conseguiu se controlar e abraçou Shira, chorando igual uma criança pequena.

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𝐅𝐎𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑 𝐘𝐎𝐔𝐍𝐆 𓏲 𝗰𝗮𝗿𝗹 𝗴𝗿𝗶𝗺𝗲𝘀 Onde histórias criam vida. Descubra agora