Capítulo único.

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São 3:45 da madrugada quando meu telefone começa a tocar, que é, no exato instante em que a minha bunda senta no macio colchão da minha linda caminha arrumada.

Estava até pouco tempo, afundado nos processos judiciais que meu cliente mais regular anda arrumando para si. Um garoto de 22 anos mais mimado que um príncipe e mais encrenqueiro que um bad boy.

Respiro fundo, e pego meu telefone, que estava carregando na mesinha de cabeceira. No visor consta um nome que faz meus olhos se revirarem. Delegacia de Polícia. Atendo ao mesmo tempo que caminho em direção ao closet, pronto para trocar de roupa.

- Advogado Lee Minho. - Coloco no viva-voz e começo a vestir minha roupa social.

- Aqui é o Jisung, resolve logo isso e vem me buscar.

Jisung desliga logo em seguida, sem lhe dar porra de explicação alguma. Como disse, um mimadinho.

Termino de me vestir rapidamente. Quanto mais rápido eu chegar lá, mais rápido livro Jisung, e mais rápido volto pra casa pra dormir. Calço os sapatos na porta e pego as chaves do carro. Antes de sair dou uma olhada no espelho, jogo meu cabelo para trás e ajusto a gravata. Nada mal.

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Vinte minutos, foi o tempo que levei para chegar à delegacia, vinte minutos de um sono precioso perdido, será que o dinheiro valia a pena? Mas a resposta para aquela pergunta era simples, não é pelo dinheiro, apesar de ser bem pago. É por Jisung. O pirralho que tinha meu coração sem nem querer, sem nem se fazer por merecer.

Não sabia quando exatamente tinha deixado de ver ele como um adolescente fofo que era sempre paparicado pelos pais, para começar a vê-lo como um belo homem problemático e solitário. Mas nossas realidades eram tão distantes, tão impossíveis. Que sempre que me pegava pensando nisso, me obrigava a ignorar meus pensamentos.

Exatamente como estava fazendo agora. Saio do carro e deslizo minha mão pela minha testa exposta, um gesto para deixar meus pensamentos para trás. Preciso vestir a máscara do advogado sério agora.

Baboseiras, baboseiras, papéis, assinaturas e uma doação generosa ao fundo de caridade da igreja luterana, na qual o delegado é o beneficiário. São 4:20 da manhã quando Jisung é liberado. Pude ver quando abriram a porta da área das celas e o deixaram ir para a recepção, onde eu o aguardava. O observei enquanto ele deu de língua ao policial, doido pra ganhar um tapa na cabeça, mas todos conheciam ele, conheciam o pai dele, não ousariam.

Meu rosto era uma máscara de tédio e arrogância, mas por dentro meu coração estava acelerado, meus olhos voavam pelo seu corpo para notar algo diferente, algum machucado. Prendi a respiração sem nem notar, ele estava incrível, vestia uma calça jeans preta de cintura baixa, com dois cintos sobrepostos, também tinha boa parte da sua cueca samba canção branca para fora das calças. Mas que diabos? E a blusa... Aquilo não é uma blusa, era apenas uma regata, como uma rede, preta e completamente transparente, que só ia até a sua cintura, sua linda e minúscula cintura. Mas por baixo daquela coisa? O que era aquilo? Uma maldita tatuagem? Em seu peito estava escrito: Blessed Money. Parecia bem recente, ainda estava cicatrizando aparentemente. O pai dele ia matá-lo. Mas a tatuagem até fazia sentido, dada a sua condição.

Bem, aparentemente seu corpo estava intocado. Foi vez de olhar para seu rosto. Ele já estava perto o bastante para que eu visse que uma das maçãs do seu rosto, estava um pouco inchada, e que tinha um pequeno corte no seu lábio, e apesar disso, não estava feio, sua maquiagem característica estava intacta, inclusive o preto do esfumado de seus lindos olhos.

Em um instante ele já estava ao meu lado, resmungando sobre ter demorado demais, sobre estar com frio e sede. Aproveitei a proximidade para o observar melhor. Sua tatuagem, era mesmo recente, deveria ter uns 4 meses pelo estágio da cicatrização. Também pude ver suas pupilas dilatadas, seus olhos estavam grandes e negros, desde a maquiagem a íris. Ele estava se drogando de novo. Serrei minha mandíbula para não abrir a boca, tentando não falar nada a respeito.

Meu mimado favorito.Onde histórias criam vida. Descubra agora