O Diário de Marrie.

Vento de Incertezas

Diário de Marrie - 3 de Agosto de 1914

Querido Diário,

Dois dias se passaram desde o meu aniversário, e o mundo está cada vez mais estranho e assustador. Hoje de manhã, fui até a igreja com mamãe. O padre falou sobre manter a fé em tempos difíceis, mas era difícil não notar o medo em seus olhos. A igreja estava mais cheia do que o normal, como se todos estivessem buscando algum tipo de consolo.

Depois do serviço, encontrei Louise, minha melhor amiga, do lado de fora. Ela também parecia diferente, mais quieta. Seus pais falaram com ela sobre a guerra, e ela me contou que seu irmão Pierre pode ser chamado para lutar. Eu não soube o que dizer. Pierre sempre foi como um irmão mais velho para mim também. Não consigo imaginar a nossa vila sem ele.

Quando voltei para casa, vi papai no celeiro, ajeitando as ferramentas. Ele parecia perdido em pensamentos, quase como se estivesse se preparando para algo. Eu perguntei se estava tudo bem, e ele sorriu, mas seu sorriso não chegou aos olhos. "Vamos nos sair bem, Marrie. Você verá", foi tudo o que ele disse antes de continuar com seu trabalho.

À tarde, mamãe e eu fizemos pão juntas, tentando manter as mãos ocupadas. Era o pão favorito de Jean. Sinto tanta falta dele, e não posso deixar de imaginar o que ele está enfrentando agora. Será que ele está com medo? Será que ele tem alguém para falar e desabafar, como eu tenho você, Diário?

As horas passaram devagar, e a noite chegou. Ouvimos rumores de que a França está se preparando para se unir à guerra. Não sei como isso pode afetar nossa pequena vila, mas sinto que algo grande está prestes a acontecer. O ar parece pesado, como antes de uma tempestade.

Agora, estou novamente na janela, observando as estrelas. Elas ainda brilham, mas a escuridão ao redor parece mais densa, mais próxima. Amanhã, talvez tudo mude. Espero estar pronta para o que vier, mas a verdade é que não sei se estou.

Com apreensão,
Marrie