Eu havia perdido a conta de quantas horas se passaram, eu continuava no mesmo lugar desde ás cinco da manhã. Sentia meu próprio corpo me trair e vacilar algumas vezes.
Eu ainda estava deitado sobre os cacos de vidro que ele havia jogado contra mim propositalmente, senti algo gelado encostar em meu nariz por isso abri os olhos.
Pobre tambor, você não merecia passar por isso como eu. Dei graças a Deus que o Coelho era medroso demais e sempre fugia quando meu pai estava em casa. Funguei e forcei meu corpo se levantar, eu sentia minhas costelas doerem e minha garganta arder.
Olhei em volta analisando o estrago, havia louças estraçalhadas por todos os lados, limpei os olhos inutilmente, pois quando já havia me dado conta eu já chorava novamente, a sensação de ter sido inútil, sem função alguma era horrível.
Quando o banco me ligou perguntando se era mesmo eu que havia retirado todo o dinheiro da conta me senti inútil e desesperado e cai no erro de questionar meu pai que para minha surpresa não havia negado que houvesse sido ele quem pegou o dinheiro.
Minha mãe em vida se matou de trabalhar para conseguir esse dinheiro para eu poder entrar em uma boa universidade, mas agora eu não tinha mais nada, ele havia não só matado minha mãe como também estava me matando eu me sentia desesperado com isso.
Me levantei e peguei tambor no colo e fui para o andar de cima, peguei algumas roupas e coisas que eram importantes para mim e saí com tambor. Eu ainda estava só o caco devido à noite passada, eu ainda estava sujo de sangue mais não me importava.
Naquele dia às dez e vinte da manhã bati na porta de Bea e em meio de seus questionamentos deixei tambor com ela prometendo vir buscá-lo depois e lhe dei as costas, aquilo era horrível, eu estava abrindo mão da única coisa que realmente me era importante, um maldito coelho medroso cinza.
Caminhei por trinta minutos até chegar na praça central, mesmo de longe já pude ver Ravi, não era difícil de distingui-lo os cabelos vermelhos e os, um e noventa de altura não o deixava passar despercebido por ninguém. Suspirei e manquei até ele. Parei a sua frente.
— E aí cara! O que traz até mim? — Perguntou dando outra tragada no cigarro que estava entre seus dedos
— Preciso de ajuda...
Ravi me analisou por longos segundos, segundos esses que mais pareceram horas e então ele riu como se tivesse ouvido a melhor das piadas.
— Você e engraçado cara — ele bateu no meu ombro e começou a se afastar
Suspirei e corri até ele segurando em seu ombro o fazendo parar de andar
— O que é?
— Eu realmente estou falando sério... me vejo em um mato sem cachorro, meu pai pegou todo meu dinheiro da faculdade e gastou em jogos e bebidas e agora eu não sei o que fazer porque ele não vai parar — choramingo — brigamos ontem e ele me mandou para fora e eu não sei o que fazer mais então eu aceito qualquer coisa qualquer mesmo eu não me importo com o tipo de loucura eu terei que fazer
Senti os olhos de Ravi me olharem novamente, e isso era tão frustrante,
— Eu tenho um trabalho para você..., mas não sei se vai aceitar
— Qualquer coisa...
[...]
Entramos em um lugar que eu nunca havia pisado meus pés, o clima era pesado e mesmo sendo tão cedo tinha muita gente no local.
— E um leilão por isso está tão cheio – Falou desviando de algumas pessoas
— Uma vez por mês eles se reúnem aqui para leiloar... você sabe
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Champions
RomanceFellipe podia contar nos dedos a quantidade de coisas valiosas que ele tinha e toda lista ocupava apenas uma mão, e quatro dedos apenas, nesa lisa estava sem skate, uma jaqueta jeans que custou cinquenta dólares, um coelho que foi conseguido de uma...