O Último Beijo

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"E se eu te perder, vou me arrepender eu boto tudo a perder. Eu vou fazer por você o que for preciso eu sei bem como é lindo o seu sorriso" - Ari Acustico
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Califórnia - Estados Unidos 12 de dezembro de 2019, 02:08 da manhã.

Geralmente eu costumo deixar meu celular no mudo, mas como a Cristal teve uma crise de ansiedade muito forte ontem, eu resolvi não colocar.

Eu acordo com o barulho de notificação e rapidamente me levanto pegando meu celular que estava no chão carregando. Ligo a tela e vejo que é uma mensagem da Cristal, então entro o mais rápido possivel no aplicativo de mensagens.

Ao ler essa palavras, automaticamente minha respiração fica ofegante e eu sinto uma dor inesplicavel no peito.

Depois que a Cristal perdeu o pai, ela começou a ter fortes crises de ansiedade que melhoraram com o tempo, mas depois que a mãe dela foi chamada para uma missão em outro pais ela se sentiu mais sozinha que nunca, eu fui o unico a não dar as costas para ela, até mesmo o "irmão" dela a ignorou.

Conforme esse ano passou, ela melhorou muito, mas ontem ela teve uma recaida ao falar com a sua mãe pela a primeira vez depois que ela partiu. Ficamos a tarde inteira juntos, e ela não parava de chorar, assim que ela se acalmou ela me pediu para passar a noite na casa dela, mas eu não quis, pois não sei se eu iria conseguir me controlar para não falar tudo o que eu sinto para ela.

Eu vou o mais rápido que eu posso em direção a porta do meu dormitório, nós moravamos no mesmo prédio mas em andares diferentes. Desco as escadas e corro em direção a sua porta.

- CRISTAL!

Não me importo se está de madrugada, eu só quero tira-la dali. Se alguma coisa acontecer com ela, eu nunca irei me perdoar por não ter ficado com ela durante essa noite.

- ABRE POR FAVOR!

Eu grito com todas as minha forças. As lagrimas que estavam em meus olhos, agora deslizam pela a minha bochecha. Eu começo a bater na porta enquanto grito pelo seu nome. Me posiciono um pouco para atrás e jogo meu corpo em cima da porta, na tentativa de derruba-la, eu repito esse movimento 1, 2, 3, 4 vezes, até a porta finalmete se quebrar.

- CRISTAL!

Eu entro em sua casa e começo a procurar por ela, entro em todos os comodos mas não a acho, a dor em meu peito se intensifica a cada segundo e neste momento eu estou completamente desesperado.

Começo a correr em direção ao unico comodo que não entrei, seu quarto.

Ao abrir a porta eu me deparo com a pessoa que eu mais amo na minha vida jogada no chão juntamente com um monte de comprimidos. Ao me aproximar, sinto meu coração se quebrar e as lagrimas caem cada vez mais de meus olhos.

Meu ajoelho no chão e apoio sua cabeça em meu colo.

- Acorda por favor, você é o unico motivo pelo qual eu ainda continuo aqui. Você é o meu tudo, minha vida, meu amor...

Uma de minhas lagrimas cai sobre seu rosto, e seus olhos levemente se abrem.

- O que você está fazendo aqui?

Ela fala, é quase como um sussuro e eu tenho que me esforçar para conseguir entender.

O aperto em meu peito diminui, mas ainda sim continuo com a senssação de desespero.

- Calma, vai ficar tudo bem!

Eu acaricio seu cabelo. Eu pego uma das caixas de comprimidos que estava no chão, olho o rotulo "clonazepam", automaticamente meu coração se tranquiliza ao perceber que era apenas remédio para dormir.

- Por que não funcionou?

Cristal fala chamando minha atenção.

- Era para eu estar morta agora.

Seu olhar estava vazio, e seus olhos cor de âmbar me encaravam. Eu percebo lágrimas se formando em seu olhar.

- Você lembra quando meu pai cantava para mim?

Cristal me pergunta, as lagrimas que estavam se formando em seus olhos logo começam a escorrer por sua bochecha.

Eu afirmo com a cabeça, meus dedos fazem leves carinhos em sua testa.

- Você pode cantar?

Fico surpreso com o seu pedido, mas confirmo com a cabeça.

- Aquela musica?

Seus olhos brilham, não sei se é por causa das largrimas, ou se é porque lembrou de seu pai. Apenas com o seu olhar eu entendo que sim.

Tento segurar o choro para cantar, mas foi totalmente em vão.

- Now hush, little baby, don't you cry everything's gonna be alright

Começo a cantar, faço caricias em seu cabelo brincando com os fios, seus olhos se fecham e ela parece sorrir.

- Stiffen that upper lip up, little lady, I told ya daddy's here to hold ya through the night

Eu canto com a voz chorosa, e as lagrimas escorrem pelo o meu rosto.

- I know mommy's not here right now and we don't know why we feel how we feel inside, It may seem a little crazy, pretty baby

Faço uma pausa antes de continuar, e Cristal abre seus olhos.

- Não para, por favor.

Eu a observo fechar seus olhos novamente e se acomodar em meu colo.

- But I promise mama's gon' be alright.

Cristal adormece em meus braços...

Califórnia - Estados Unidos 18 de outubro de 2022, 09:39 da manhã.

Assim que entramos na sala eu solto a Cristal e vou em direção a porta, para ajudar os garotos a segurar. A uma multidão de Zumbis estava tentando entrar, e um deles consegue quebrar o vidro da porta, eu me abaixo precionando meu corpo contra a porta, tentando impedi-los de entrar.

A voz de Sofya chama minha atenção e eu a olho, vejo ela tentando chamar a atenção de Cristal que parecia estar paralisada, seu olhar era frio e parecia sem vida.

- SEGURA AQUI

Eu chamo Sofya que começa a correr em minha direção, assim que ela chega para segurar a porta, eu vou em direção a Cristal, que agora estava lutando para respirar.

- Respira.

Falo tentando a ajudar a respirar.

- Inspira.

A Cristal parece não me ouvir, e no mesmo instante eu lembro da musica que o pai dela cantava anos atrás para ela, e que um dia, eu também cantei.

(Caiu um cisco no meu olho 🥹, nossa Cristalzinha só sofre coitada)