Estou em frente a um espelho me admirando passeando meus dedos pela minha pele.
— Creio que teria de te ver não acha?— Uma voz masculina profunda e rouca ecoa pelo ambiente mandando ondas de decibéis aos meus ouvidos deliciando-me com o ecoar da melodia de sua fala...
Sinto grandes dedos enroscarem ao redor do meu pescoço, sua mão é áspera marcada por cicatrizes e calos, seus dedos longos pressionam levemente contra a pele de minha jugular, sinto ele se aproximando apoiando seu peitoral contra minhas costas fazendo com que sinta sua respiração pesada e profunda roçar contra minha orelha.
—Mal sabe o trabalho que tive até aqui...— Ele diz com sua voz pesada e calma ainda sim com um tom de desprezo ele tira algo do bolso pressionando sua adaga contra meu pescoço. Uma adaga um tanto quanto simples, sua lamina escura e afiada parece ter sido feita às pressas, a probabilidade de ser de obsidiana é bem alta, o cabo possui uma forma orgânica provavelmente feito de osso ou madeira ela é pressionada contra minha jugular com constância.
— Sabe que se eu gritar a qualquer momento entrarão servos para me socorrer certo?— Declarei enquanto olhava para o espelho uma figura grande quase gigantesca atrás de mim, ombros largos, corpo definido, rosto angular e claro... Aqueles olhos, pareciam facas de tão afiados e penetrantes, me perdi em meio a aqueles olhos esmeraldas...
— Não vai fazer isso.— Ele declara de maneira natural e ríspida.
— E por que acha isso?— Indaguei o mesmo.
— Você está cansada de ver tudo acontecendo de novo e de novo... Pense Le'Blanc, aquelas festas chatas e entediantes em que varias pessoas pagariam uma fortuna para estar e você simplesmente jogando fora... Pessoas ricas são esnobes e asquerosas assim como os pobres... — Declara o homem, sua feição se contorcendo tornando-se em uma expressão de nojo e desprezo juntamente com seu tom de voz, ríspido e zombeteiro. — Pense nisso.—
Eu acordo, suada e ofegante em meio a meus lençóis de ceda, meu peito subindo e descendo incessantemente em busca de recuperar meu fôlego, esbaforida eu vou até minha penteadeira mexendo nas gavetas em busca de minhas adagas. Elas estão ali, suspiro aliviada caindo de joelhos na frente da penteadeira, o pulso de meu coração acelerado agora se estaciona em um ritmo normal. Me levanto caminho até minha cama, me sentando na mesma sentindo os lençóis fluirem por debaixo de minha pele, um leve raio de sol acariciar a mesma com calor suave. A porta se abre, o ranger dela ecoa pelas paredes chegando aos meus ouvidos.
— Bom dia senhorita. Posso arrumar vossos cabelos?— Utahime pergunta e me sento em frente á minha penteadeira, a mesma do sonho... Me recordei das cenas do mesmo, aquelas mãos fortes... Sua voz imponente e ainda sim calma. Um arrepio percorre de minha nuca até o final de minha espinha. Mantenho uma postura ereta aguardando que Utahime venha a pentear meus cabelos. Ela pega a escova prata e a passa em meus cabelos.
— Seu cabelo é muito lindo senhorita...—Expôs Utahime.
— Eu agradeço Utahime.— Pronunciei-me agradecida ainda me lembrando do sonho... Foi um tanto quanto singular...
— Sabe... Sua família está em guerra com os Zenin a muito tempo e—
— Sei disso Utahime, mas não sei o motivo de tudo... Me diga; é tudo por poder?— Eu a indago, alguns boatos que correm entre plebeus é que Naobito Zenin teria executado minha mãe em frente ao meu pai em sua renovação de votos...
—... Sua família é muito poderosa senhorita... Aguarde a hora certa e saberá.— Utahime declara — Terás aula árabe, inglês, francês e japonês hoje... Seu dia será um tanto quanto difícil...— pronuncia Utahime antes de virar as costas e sair.
Eu suspiro e me levanto indo em direção à meu guarda roupa, penso que os Zenins não teriam tamanha coragem sabendo que a família Le'Blanc controla boa parte dos comércios da Ásia e Europa...
Meu guarda-roupa, é alto; quase gigantesco com adornos em toda a extensão de suas portas além de querubins esculpidos, em sua madeira há flores e rosas entrelaçados em arabescos e curvas suaves, no topo do mesmo há um anjo rodeado por flores e vinhas. Eu o abro um ranger se mostra audível no quarto, me viro para observar ao meu redor, Utahime já não se faz mais presente, volto minha atenção ao guarda-roupa passeando minhas mãos pelos vestidos que meu pai mandará as costureiras coser a algum tempo. Me deparo com um vestido, ele é branco sua modelagem é fluida e solta, feito de veludo no mesmo há uma gola arredondada mostrando parte de minha clavícula, mangas longas e dramáticas se fazem presente no vestido começando de forma justa em meus ombros assim alargando-se em camadas drapeadas que se estendem até minhas mãos criando um movimento fluído e majestoso, o corte do mesmo é ajustado ao busto se ajustando à silhueta antes de se abrir em uma saia ampla que se arrasta pelo chão.
Eu o visto, e me olho e analiso em meu espelho, toco meus longos cabelos fazendo com que as mexas passeiem entre meus dedos. Dou um suspiro e caminho em direção a porta do quarto, meu dia será longo... E difícil.
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E S M E
FanfictionA família Le'Blanc entrou em guerra com o clã Zenin a muitos anos, Assim você nasce sendo a mulher mais encantadora de sua família fardada a guardar o maior tesouro da mesma... Sua família faz um tratado de paz com o clã Zenin os mesmos aceitam mesm...