12~A investigação (parte II)

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O outro dia surge. Eu e Kai estamos numa das salas de descanso da delegacia.

- Há quanto tempo trabalha aqui, Kai?

- Uns três anos.

- Tudo isso?... Qual sua idade?

- Vinte e cinco anos.

- Caramba... Eu só tenho dezenove...

- Só?

- Eu fiz aniversário antes de virar detetive.

- Ah, entendi. - ele começou a estalar os dedos. - Sabia que nós adultos também sentimos medo?

- Claro que sabia, mas por que me perguntou isso?

- Eu quero mais do que tudo ter um aumento, mas também quero resolver esse caso... Eu me preocupo com as outras supostas vítimas, mas tenho medo... Medo de quem possa ser o próximo... Medo de que eu possa morrer por ele...

Ponho a mão em seu ombro.

- Cara, relaxa. Ninguém aqui vai morrer, muito menos você!

- Não teria tanta certeza, cara.

- Enquanto você não receber o maldito aumento, você não vai morrer, prometo!

- Não prometa algo que não possa cumprir... Eu sinto que meu tempo na terra já era...

- Por que acha isso?

- Eu tô doente, Lee.

Essas palavras me fazem paralisar. Eu me engasgo em minhas palavras.

- D-doente? De que?

- Câncer no pulmão... Já não tenho cura mais...

- Então está em estado avançado?

Ele assente com a cabeça. A sala fica num silêncio constrangedor, mas Kai o quebra.

- Mas eu estou bem!

- Mesmo?

- Claro! - ele se levanta e fica de frente a mim. - Eu realmente não ligo de morrer de câncer, mas não quero morrer por um cara que mata os outros que, no mínimo, é por pura diversão...

- Entendo... - abaixo a cabeça, sem saber o que falar.

- Mas... Só... Não conta pra ninguém, tá?

Eu o olho.

- Você acha que isso seria melhor?

Ele assente com a cabeça.

- Está bem... - dou um sorriso. - Não conto, prometo! - minha língua arde para perguntar algo. - Quando descobriu o câncer?

- Foi ontem a noite.

- Oh, certo...

Shin entra na sala.

- Desculpa incomodar, mas quando iremos para o depósito? - pergunta ela.

- Eu não estou me sentindo muito bem, podem ir sem mim... - diz Kai.

- Onde está o homem louco pelo aumento?

- Eu só estou com dor de cabeça, entenda, Shin.

- Está bem, desculpe.

Ela responde de forma firme, mas pude perceber sua preocupação.

A noite cai, deixando a cidade num pequeno breu. Eu e Shin estamos na porta do depósito, quando íamos entrar...

- Aí, me esperem! - diz Kai, vindo em nossa direção.

𝐏𝐄𝐑𝐈𝐆𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐄𝐔𝐋: 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒊𝒂𝒍 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓 1Onde histórias criam vida. Descubra agora