Único.

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— Esquerda! Esquerda! Direita! — o técnico gritava enquanto Kyungsoo socava com força o saco de boxe. — Isso!

Kyungsoo usava toda a sua força, tirava até de onde não tinha mais. Já estava há horas treinando, praticando exercícios e focando na próxima luta que teria na semana seguinte. O corpo pingava de suor, como se tivessem jogado um balde de água sobre ele. A respiração encontrava-se ofegante, e só parou com os socos quando seu treinador gritou um "Chega!"

— Pode descansar, amanhã terminamos. — O boxeador apenas concordou com a cabeça e sentou-se sobre o tapete espumado e abriu a garrafinha de água, deixando com que o líquido gelado molhasse não só a sua boca, mas o seu tronco inteiro.

Jogou seu corpo no tapete espumado e respirou fundo, completamente esgotado. Fazia tempo que não treinava daquele jeito, estava transbordando ansiedade para aquela luta, seria uma das mais importantes da carreira, que mesmo sendo curta, já trilhava pelo caminho certo e trazia prêmios grandes para o esporte sul-coreano. Antes que fosse dominado pelo cansaço, levantou-se com rapidez e caminhou até o vestiário para tomar um banho porque ainda precisava dirigir até sua casa.

Procurou pelo seu armário, que era o número 14, e abriu, pegando sua mochila e deixando suas coisas em cima do banco. Aproveitou o silêncio, já que estava sozinho, para demorar um pouquinho mais no chuveiro. Embora suasse da cabeça aos pés, era o banho quente que relaxava o seu corpo. O barulho da água caindo sobre o piso e a quentura da água ardendo a sua pele, era o que Kyungsoo mais gostava após um treino cansativo.

Ensaboou todo o corpo, sentindo o cheiro de lavanda invadir suas narinas. Enquanto ensaboava seu peitoral, quase deixou o sabonete cair quando viu Jongin aparecer repentinamente na porta do vestiário, como se aquele lugar não fosse exclusivo para Kyungsoo e outros boxeadores que usavam durante a semana. Viu desespero na expressão do bailarino ao perceber que Kyungsoo estava completamente nu e virou-se de costas no mesmo segundo, quase morrendo de vergonha.

— Bom te ver, Kim Jongin! — a voz grossa do boxeador ecoou pelo vestiário, e antes que fosse tarde demais, Jongin recompôs a postura querendo iniciar a sua fala.

— Chanyeol está tentando falar com você desde cedo, não pode sequer responder o seu amigo? — perguntou com rispidez, o que fez Kyungsoo soltar uma risada baixinha, sabendo que ele estava mais irritado pela situação a qual se encontravam.

Eles se odiavam.

Ou tentavam criar um ódio mútuo.

Jongin e Chanyeol eram primos que trabalhavam quase no mesmo lugar. Jongin treinava seu balé em frente a academia onde seu primo dava aula. E era naquele mesmo prédio da academia que Kyungsoo treinava desde adolescente, e não saía de lá nem pela melhor academia do mundo. Sempre que chegava, era recebido pela animação das crianças que iniciavam o boxe no mesmo lugar que ele. Quando tinha tempo, participava das aulas com o seu amigo até o seu treinador chegar.

Através de Chanyeol, Jongin conheceu Kyungsoo. Desde a primeira vez, Jongin não gostou nem um pouco dele, lógico que Kyungsoo ainda pensava que poderia ser apenas uma paranoia de sua cabeça, afinal, todos gostavam do boxeador, principalmente Chanyeol. E era de lei, todo final de semana, após o treino, saírem juntos para alguma balada. Como sempre, Jongin dava uma desculpa e saía com seus amigos pessoais, mas naquela noite, em específico, decidiu aceitar o convite de Chanyeol depois de muita insistência.

E foi aí que tudo começou...

Graças aos fortes contatos que Kyungsoo possuía, o lugar que foram era luxuoso, e de longe Jongin conseguiu sentir o cheiro do dinheiro. Foi com apenas uma hora de tédio e se entupindo de bebida, que ele acordou para a realidade e percebeu que estava se pegando com Kyungsoo no banheiro da balada, com os braços fortes dele apertando o seu corpo e a língua dele tocando a sua. Foram apenas alguns beijos e umas mãos bobas, mas foi o suficiente para dar um gostinho de quero mais para ambos, já que não iam ultrapassar os limites num banheiro, e, também, porque o bailarino não curtia aquele tipo de coisa naquele lugar.

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