REIGN

EM CHAMAS

                                    POV: ALEXIA

- Me dá a chave, nem a pau que vou deixar você ir dirigindo - digo brava com a mais velha, ela não quer que eu vá dirigindo para o jantar
- Não, eu vou dirigindo, sei muito bem o quão você quer correr depois do jogo - fala Rosamaria me conhecendo muito bem
- Prometo não fazer nada, por favor me dê a chave - tento convencê-la
- Só porque você está me enchendo o saco - diz Montibeller me entregando a chave e entrando no banco do passageiro

Quando paro no sinaleiro, olho para o lado e tem uma porsche 911 GTS RS branca, a dona do carro abaixa o vidro revelando ser Hermoso, atrás dos nossos carros se enchem de vans de paparazzis.

- Faz o que tiver que fazer - fala Rosamaria
- Tem certeza? - Pergunto para a mais velha e ela acente com a cabeça.

O sinal abre e piso até o final do acelerador, Hermoso faz o mesmo... dando início a uma corrida de rua ilegal em público.

Rosamaria ao meu lado se segura com força na porta do carro, seu expressão é um misto de medo e aflito; passamos do segundo sinaleiro e o painel apita sobre calibragem de pneus, agora não é a hora, piso mais fundo no acelerador, vejo o carro da jogadora alemã pelo retrovisor até que a mesma perde a direção e bate a lateral em um poste fazendo o carro tombar.
Freio o carro com tudo com o barulho da batida e com o que acabei de ver com meus próprios olhos, faço um zerinho e me aproximo do carro. Quando chego mais perto o carro começa a pegar fogo, alguém tem que tira-lá de lá.

- ALEXIA, NÃO - Grita Rosamaria enquanto corro na direção do carro

Quebro um dos vidros com um destroço que encontrei, entro pela janela e o fogo estava se espalhando rapidamente, me dando uma pontada de medo e angústia. Tento desprender a atleta alemã de seu cinto de segurança, mas é em vão, preciso de algo cortante para arrebentar o cinto que estava emperrado, olho envolta sem encontrar nada, acho um cortador de unha  quando abro o porta luvas do carro... a fumaça a essa altura era enorme, não estava conseguindo enxergar mais nada e muito menos respirar direito. Tento encontrar a jogadora pelo carro, quando sinto o corpo dela, vou de encontro ao cinto, o cortando... enquanto isso vou sentindo meu corpo pegando fogo, merda, as chamas estão piorando. Arranco Hermoso do cinto de segurança e novamente quebro a janela do carro... dessa vez da porta onde Jennifer estava, coloco ela para fora do carro, minhas costas ardem; passo para fora do carro e pego Hermoso no colo se distanciando do carro.
Meu olhar se cruza com o de Rosa, a mesma estava surtando internamente, isso era nítido, seu olhar era de preocupação e adrenalina; derrepente escuto um barulho de explosão, me derrubando com Hermoso no chão.

- ALEXIA, ALEXIA - escuto vozes... eram de Rosamaria, abro meus olhos e ainda estávamos no local do acidente - Pelo amor de Deus não faz isso comigo - termina a loira

                                 POV: ROSAMARIA

Alexia estava no chão devido a explosão, seu rosto estava todo preto, provavelmente por conta da fumaça... mas o que me chama a atenção era sua camisa aberta na parte das costas, expondo algumas queimaduras e tatuagens, sem contar com o tope que estava por baixo da camisa.

- Rosa, preciso de sua ajuda - diz a atacante se levantando - preciso que ligue pra uma ambulância - finaliza indo em direção a Hermoso

A essa altura do campeonato, vários paparazzis já estavam filmando tudo, tirando fotos... provavelmente alguém já havia chamado por socorro, pois no momento em que peguei meu celular, escutei barulho das ambulâncias se aproximando.

                                      NARRADOR

Enquanto os socorristas tentavam fazer com que Hermoso voltasse a vida, outros tentavam convencer Putellas que a mesma deveria se dirigir ao hospital para cuidar de seus ferimentos e checar se tudo estava como deveria.

- Não é só passar umas pomadas e colocar um curativo? - pergunta Alexia indignada
- Meu amor, não é assim que as coisas funcionam, você inalou muita fumaça, pode ser que seus pulmões estejam comprometidos - Montibeller começa a explicar - por isso você tem que ir ao hospital
- Glória a Deus alguém entendeu, até que enfim - diz um socorrista levantando as mãos para o alto, feliz por alguém ter entendido porque Aléxia deveria ir ao hospital
- Ai vamos então - fala a mais nova em rendição

Chegamos no hospital e conseguiram reanimar Hermoso, para Alexia parece que a adrenalina e a fixa só caiu agora, a mesma pediu remédio para a dor devido às queimaduras, só quem conhece ela sabe o quão difícil é para a mesma reclamar de dor.

- Vamos ter que fazer inalação hoje, também te deixarei no soro, agora vamos cuidar dessas queimaduras também para não infeccionarem - diz o médico adentrando no quarto
- Por mim tudo bem, mas... quando serei liberada? - pergunta a garota que me fez Rosamaria acreditar no amor novamente - serei liberada antes do jogo de vôlei de amanhã? preciso estar lá - finaliza Putellas
- Se você deixarmos trabalhar direitinho e se comportar, pode apostar que amanhã cedo já estará liberada - diz o doutor com voz de ironia
- Engraçadão né, vou me comportar - responde a mais nova
- Enquanto fazemos o procedimento com as queimaduras, você não poderá ficar na sala - fala o médico se direcionando a Montibeller
- Tudo bem, daqui a pouco eu volto amor, estou aqui pra você - diz a mesma para Putellas, apertando sua mão e lhe dando um selinho em seus lábios, logo saindo da sala.

A oposta fica um tempo na sala de espera e decide ir ver Hermoso, mesma ainda a odiando, quando chega no quarto a mesma já estava acordada.

- E aí, como está se sentindo? - pergunta Rosa batendo na porta
- Não consigo respirar direito ainda, as queimaduras foram poucas, só a batida na cabeça que me deixou em confusão na hora em que acordei - explica a alemã
- Que bom, já vou indo então - diz Montibeller indo em direção a porta
- Espera - fala Hermoso - queria agradecer a você e a Alexia por terem me salvado - finaliza a jogadora de futebol
- Não foi nada, você não deveria me agradecer, somente a Alexia... afinal, foi ela quem arriscou a própria vida pra salvar a sua - diz Rosamaria com um tom ríspido
- Posso ir até o quarto dela falar com ela? - pergunta Jennifer
- Pode, mas no horário de visita, agora os médicos estão cuidando dela - responde a brasileira saindo do quarto e a mesma acente com a cabeça.