"Cada suspiro que você der e cada movimento que você fizer
Cada laço que você quebrar, cada paço que você der
Eu estarei te observando."▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂
A noite parecia ter uma densidade incomum naquela cidade que nunca dormia, e Eliza Montgomery percebia cada detalhe com uma intensidade perturbadora. Os postes de luz espalhavam sombras escuras pelas calçadas vazias, dando à rua um tom quase fantasmagórico. O ar estava frio, denso, e parecia se prender na garganta a cada nova respiração. No fundo, havia algo inquietante, um sussurro silencioso, algo que apenas o coração de Eliza parecia perceber, batendo um pouco mais rápido a cada passo.
As botas de couro da ruiva, tão familiares, agora ecoavam de forma sinistra, e a cidade, antes acolhedora, parecia observar seus movimentos. Ela mantinha o olhar fixo, evitando as sombras das árvores que dançavam sob o vento cortante. Para qualquer um, poderia ser apenas mais uma caminhada, mas para Eliza... o pressentimento se tornava inegável.
Ela tentava afastar a sensação, distraindo-se com pensamentos sobre seu livro. "É só mais uma noite normal," repetiu para si mesma, "como qualquer outra". Mas o desconforto insistia. As últimas semanas haviam sido como um pesadelo não declarado. Primeiro, os pequenos sinais: a porta da frente aberta, mesmo após ela jurar tê-la trancado. O copo fora do lugar na cozinha, tão milimetricamente diferente. Eram coisas pequenas, detalhes quase invisíveis. Mas, para Eliza, estavam cheios de significado.
— Concentre-se, Eliza... nada de deixar os pensamentos negativos surgirem — murmurou, tentando controlar o tremor em sua voz.
Ela acelerou o passo, mas a sensação persistia, como um toque gélido na nuca, lembrando-a de que não estava sozinha. Não era paranoia. Alguém a observava. As luzes dos postes começavam a falhar, piscando de forma irregular, tornando as sombras ainda mais assustadoras. A cada pulsar da luz, um pavor se enraizava em seu peito.
— Está tudo bem... só estou cansada — repetiu, como uma prece, tentando convencer a si mesma de que nada estava errado. — Talvez não seja só cansaço, Eliza... talvez você apenas esteja vendo o que ignorou por tanto tempo — murmurou uma voz masculina, baixa, carregada de um tom de familiaridade desconfortante.
Ela parou imediatamente, sentindo o coração pular até a garganta. Os olhos correram pela rua escura, mas não havia ninguém. "Minha mente está pregando peças..." tentou se convencer. Mas a voz continuava a ecoar em sua mente, tão real quanto o frio que agora cortava seus ossos.
À medida que se aproximava de casa, o ar parecia mais denso, como se a noite estivesse conspirando para lhe roubar o fôlego. Cada passo era acompanhado por um som abafado e inquietante, e as sombras ao seu redor pareciam ganhar formas ameaçadoras, moldando-se à sua insegurança crescente. Eliza olhava ao redor, tentando encontrar algum sinal de vida, algo que lhe desse a certeza de que não estava sozinha — pelo menos, não da maneira que temia. A ansiedade apertava seu peito, tornando seus passos mais curtos e hesitantes.
Quando voltou a olhar para frente, seu corpo chocou-se contra algo inesperado, forte e quente. Ela recuou com o impacto, seu coração saltando com o susto, e sua bolsa caiu no chão com um baque abafado.
— Opa... desculpa — disse uma voz grave, suave, mas com uma profundidade que a fez estremecer. Eliza levantou o olhar e encontrou um homem alto à sua frente, com olhos intensos que pareciam observá-la com um interesse desconcertante.
— Desculpa, eu não prestei atenção para onde estava indo — murmurou ela, tentando esconder o embaraço que subia ao seu rosto.
Ele abaixou-se para pegar a bolsa caída, e ao entregá-la, seus dedos roçaram nos dela, um toque breve, mas o suficiente para enviar um arrepio pela sua pele. Ele sustentou o olhar por um segundo a mais do que o necessário, com um sorriso quase enigmático.
— Me chamo Bucky... James, na verdade, mas meus amigos me chamam de Bucky — apresentou-se, e a forma como ele dizia as palavras parecia estudada, como se saboreasse o efeito que elas causavam.
Eliza franziu o cenho, intrigada. Era estranho ele se apresentar tão formalmente a uma completa desconhecida, e algo na maneira como ele a encarava parecia mais do que uma simples troca de gentilezas.
— Me chamo Eliza — respondeu, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha, tentando ignorar o desconforto que aquele homem lhe causava.
— Eliza... belo nome... — ele murmurou, como se saboreasse cada sílaba, deixando-a ainda mais inquieta. — Bom, desejo uma boa noite, Eliza.
Bucky afastou-se devagar, assobiando uma melodia suave que dançava no ar da noite, mas seus olhos não deixavam a silhueta de Eliza. Sob a fraca luz da rua, ela permanecia estática, observando-o desaparecer ao dobrar a esquina, uma incerteza latente refletida em seu olhar. Assim que ele se ocultou nas sombras, ela olhou ao redor, uma sensação estranha de alívio tomando conta dela. E então, com um suspiro leve, seguiu para casa, acreditando que, finalmente, estava sozinha.
Mas Bucky continuava ali, observando-a. Atravessou a rua com passos quase inaudíveis, deslizando para o ponto exato onde podia observar o movimento da casa sem ser visto. Conhecia os hábitos de Eliza melhor do que ela mesma. Sabia quando as luzes do abajur ao lado de sua cama se apagariam, o momento exato em que seu livro favorito escorregaria de suas mãos para o colo e como sua respiração mudava conforme ela caía no sono. Ele era a sombra constante em sua vida, aquele que a observava sem ser notado, sempre um passo atrás, como um guardião silencioso.
Ela abriu a porta com hesitação, os olhos relanceando para as sombras, talvez sem saber ao certo se estava segura. A porta rangeu ao fechar-se, e ele sentiu uma inquietação crescer dentro de si, como uma chama mal contida. A ideia de que algo ou alguém poderia se aproximar dela trazia-lhe uma onda de ansiedade disfarçada por sua própria devoção.
Ele murmurou baixo, quase como uma promessa:
— Eu sou o único que pode mantê-la segura, Eliza.
A frase soava como um feitiço. Cada palavra sustentava uma promessa macabra de devoção, mas também uma possessividade silenciosa. Ele era mais que um observador; era o fantasma que preenchia as lacunas de sua vida. E agora, a proximidade de seu primeiro contato com ela havia despertado algo em seu peito, algo perigoso e possessivo, um desejo de pertencer ao mundo dela.
A luz da cozinha acendeu, projetando uma imagem difusa de Eliza contra a janela. Ele observou cada movimento dela, encantado pela suavidade dos gestos, e sentiu um aperto ao ver que ela hesitava antes de trancar a porta, como se ainda sentisse que algo estava errado. Ele queria aproximar-se, bater na porta e mostrar-se a ela, confessar que a admirava em segredo, mas a razão sempre o impedia. Em sua mente, justificava essa obsessão como uma forma de proteção; afinal, era ele quem conhecia seus passos, seus medos e seus segredos mais profundos.
Com os olhos fixos nela, murmurou de novo, quase sem se dar conta:
— Eu nunca deixarei ninguém te machucar.
Com o último olhar, afastou-se para a escuridão, certo de que voltaria. Esse jogo perigoso, mas, era o único que ele conhecia.
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YOU ᵇᵘᶜᵏʸ ᵇᵃʳⁿᵉˢ
Fanfiction𝒀𝑶𝑼 . ✪ Eliza Montgomery parecia ter uma vida comum, até que sua rotina tranquila se torna um pesadelo quando ela se vê no centro de uma perigosa obsessão. Perseguida por dois homens perturbados - Bucky Barnes, um ex-soldado que a vigia das sombr...