Minha Perdição

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CAPÍTULO TRÊS

Lily Dawnson 

— Já sabe com que vestido vai ao casamento da mamãe? — Ethan pergunta, jogando-se na minha cama enquanto eu reviro o armário, tentando decidir o que vestir para o jantar.

— Na verdade, não... Mas tem que ser violeta, sou a madrinha — respondo, segurando um vestido preto à frente do corpo e recebendo apenas um aceno de cabeça como resposta.

— Mamãe te colocou como madrinha? Estranho — ele murmura, de olhos fechados, enquanto me visto.

— Também achei. Ela nem gosta de mim. Aliás, ela me chama de Lilith, e esse nem é o meu nome! — falo, indignada, ajeitando o vestido.

— Sei lá... Mamãe é estranha contigo. Não entendo por que ela não gosta de você.

— Porque eu "estraguei" a lua de mel dela com o papai, arruinei o segundo casamento dela e, segundo ela, sou uma "vagabunda encostada e burra".

— Isso é um absurdo! O Rafael literalmente te estuprava! — Ethan grita, e eu apenas aceno, calçando meus sapatos.

— Ethan, você sabe que ela nunca se importou... Nunca ligou para o que eu sentia, para o que ele fazia comigo. — Pego meu celular, empurrando Ethan da cama. — Mas, sinceramente, não ligo mais. Ela escolheu me negligenciar.

Descemos as escadas e damos de cara com três silhuetas masculinas, de costas para nós.

— Pai, já estamos prontos — digo, e quando eles se viram, solto um palavrão ao ver quem é o terceiro homem. — O que ele está fazendo aqui? — aponto para a cara de Henry.

— Lily, mais respeito. Henry é um amigo da família e será seu par no casamento, então ele vai ao jantar — meu pai, Matthew, explica, e eu abro a boca, indignada.

— O QUÊ? — escuto uma risada baixa de Henry.

Minha mente gira, e sinto a indignação subir pelo corpo como fogo. Henry me lança um olhar de "calma", mas é difícil segurar a explosão de raiva que ameaça sair.

— Isso é uma piada, né? — pergunto, cruzando os braços, incrédula. — Primeiro, você me tortura na escola, e agora eu tenho que fingir que somos amigos num casamento? — minhas palavras saem afiadas, e vejo um sorriso crescendo no rosto dele.

Henry apenas sorri, com aquele ar de superioridade que tanto me irrita. — Acredite, Lily, essa não é minha ideia de diversão também, mas... — ele dá de ombros, se divertindo com minha reação. — Vamos ter que fazer isso funcionar, não é?

— Isso não vai funcionar. Eu não te suporto — cruzo os braços, e ouço Ethan rir.

— Lily, chega. — A voz firme do meu pai corta minha tentativa de continuar a discussão. — Henry é nosso convidado e seu par, e você vai ser educada, entendeu?

— Ok, desculpa — murmuro, com a cara emburrada.

— Por causa dessa sua atitude, você vai no carro com o Henry. Tem que aprender a conviver com ele, até porque, agora ele é seu professor de reforço — ele fala, e eu abro a boca em um perfeito "O".

Reviro os olhos e respiro fundo, tentando manter a calma enquanto sigo para fora da casa, com Henry logo atrás de mim. A presença dele é uma sombra constante, intensificando minha raiva.

No carro, Henry abre a porta do passageiro para mim, e eu entro, sentando com a postura rígida. Ele se acomoda no banco do motorista, ligando o carro em silêncio. O ambiente se torna ensurdecedor, e me sinto desconfortável, mas prefiro que ele não diga nada.