“Então, você tá me dizendo que não ficaria com a Maya?! Estamos falando da Maya Garcia!” Larissa exclamou, os olhos brilhando com a empolgação de sempre, enquanto segurava a taça de vinho com a ponta dos dedos, rodando o líquido com uma leveza quase despreocupada. Seu tom era de pura incredulidade, como se Giovanna tivesse acabado de confessar o maior pecado do mundo.
Giovanna suspirou, a exasperação evidente. Ela revirou os olhos com uma teatralidade que só amigas íntimas compartilham, como se esse fosse o milésimo episódio de uma série que já começava a cansar. Na sala aconchegante, iluminada pelas luzes suaves da luminária de canto, as sombras dançavam na parede, criando um ambiente que quase pedia por conversas profundas, mas também um pouco de provocação.
“Simples,” Giovanna disse, tentando soar desinteressada enquanto cruzava as pernas com elegância. A voz dela saiu firme, mas seu olhar tentou não trair um pensamento que sempre a incomodava. “Ela é uma mulher comum, como qualquer outra.”
Larissa parou com a taça no meio do caminho, os lábios curvando-se em um sorriso malicioso. “Comum? Tá de brincadeira, né?” Ela balançou a cabeça e deixou escapar uma risadinha curta, como se Giovanna tivesse acabado de contar a piada mais absurda que já ouvira. “Giovanna, a Maya Garcia não é ‘comum’. Aquela mulher tem uma aura... uma energia... tipo, sei lá, um campo magnético! Até você, que finge ser tão fria, sentiu isso.”
Giovanna desviou o olhar, tentando manter a compostura. O calor subiu pelo pescoço e, por um segundo, ela odiou o fato de Larissa conhecê-la tão bem. Era verdade que Maya tinha algo inexplicável, uma presença que fazia qualquer pessoa querer prestar atenção, como um perfume raro que você não consegue ignorar. Mas admitir isso? Jamais.
Ela ergueu o queixo, num gesto quase desafiador. “E daí?” rebateu, os dedos agora inquietos ao lado do corpo. “Essa... aura, como você diz, não significa nada pra mim.” Tentou soar casual, mas a memória do sorriso de Maya, aquele sorriso que parecia esconder segredos, fez sua voz tremer levemente.
Larissa não se deixou enganar. Inclinou-se para frente, os olhos faiscando. “Sabe o que eu acho? Que você tá se fazendo de difícil. Porque se ela entrasse por essa porta agora, com aquele vestido vermelho... Ai, me conta, quem seria ‘comum’ nessa história?”
Giovanna bufou, mas um sorriso começou a surgir em seus lábios. “Você é insuportável, sabia?”
Larissa ergueu a taça em um brinde imaginário, os olhos cheios de diversão. “Ah, só tô aqui pra te lembrar das verdades que você insiste em fingir que não existem.”
A gargalhada de Giovanna ecoou pela sala, quebrando qualquer tensão que restava, e por um momento, a conversa parecia quase uma dança antiga que as duas conheciam de cor, cheia de provocações e segredos meio confessados.
Giovanna balançou a cabeça, ainda sorrindo, mas não queria dar a Larissa a satisfação de ver que a discussão estava mexendo com ela. O som da gargalhada delas logo se dissipou, deixando um silêncio confortável. Giovanna encostou a cabeça no encosto do sofá, observando Larissa enquanto a amiga tomava outro gole de vinho. O que mais amava nesses momentos era como eles pareciam íntimos, mesmo quando o assunto era Maya Garcia e toda a loucura que essa mulher causava.
Larissa, no entanto, não parecia disposta a deixar o assunto morrer tão cedo. Ela pousou a taça na mesa de centro com um estalo suave e se inclinou para frente, as sobrancelhas levantadas em expectativa. “Me conta,” começou, a voz cheia de malícia. “O que foi mesmo que ela disse pra você naquela festa, hein? O que ela sussurrou no seu ouvido?”
Giovanna congelou. Ah, aquela festa. Aquela maldita festa. Sua mente a traiu por um instante, trazendo de volta a imagem de Maya se aproximando, o sorriso dela ainda mais perigoso sob as luzes da pista de dança. A forma como Maya havia se inclinado, tão próxima que Giovanna pôde sentir o perfume floral dela, algo misturado com uma nota quente que não conseguia identificar, como uma promessa de algo mais. As palavras sussurradas tinham sido simples, mas carregadas de uma doçura provocante que ficava rondando sua mente até hoje.
“Nada de importante,” Giovanna mentiu, mas seus olhos denunciaram o contrário, desviando rapidamente de Larissa.
A amiga soltou uma risada alta. “Ah, tá bom, nada de importante!” Larissa estalou a língua, um gesto típico dela quando sabia que estava vencendo uma discussão. “Pelo amor de Deus, Gi! Você tá vermelha só de lembrar! Como você acha que vou acreditar que a Maya não te afeta?”
“Larissa, chega!” Giovanna se mexeu no sofá, tentando parecer irritada, mas a verdade é que a insistência da amiga a fazia querer rir também. “Você tá mais obcecada com ela do que eu jamais estarei.”
“Eu obcecada? Não mesmo.” Larissa se levantou, agora andando pela sala com a teatralidade de uma atriz de filme antigo. “Eu só reconheço o poder de uma mulher incrível quando vejo uma! E você deveria fazer o mesmo.”
Giovanna tentou manter a expressão séria, mas os ombros começaram a tremer com o riso que segurava. Larissa estava tão dramaticamente envolvida que era impossível não se deixar contagiar. “Você devia escrever um livro sobre ela,” provocou Giovanna, cruzando os braços. “Um romance épico sobre Maya Garcia, a mulher que enfeitiça todo mundo.”
Larissa parou de andar, fingindo pensar com seriedade. “Talvez eu faça isso mesmo. Mas antes... me conta. Vai! Como é que ela chegou em você na festa? Foi com aquele olhar, né? O que você sentiu?”
Giovanna revirou os olhos novamente, mas dessa vez com um sorriso. “O que eu senti?” repetiu, e então ficou em silêncio, pensando. Seu coração acelerou com a lembrança, o tipo de aceleração que não gosta de admitir nem para si mesma. “Eu senti...” Ela hesitou, os dedos agora mexendo no próprio anel, um hábito nervoso. “Senti como se o mundo ficasse mais lento. Como se só ela existisse naquele momento. Feliz?”
Larissa soltou um assobio, sentando-se de novo no sofá ao lado da amiga, a expressão cheia de triunfo. “Aí está! Finalmente, a verdade!” Bateu palmas uma vez, como se estivesse celebrando uma grande revelação.
“Ok, ok, já chega. Pronto, confessei.” Giovanna levantou as mãos em rendição, mas não conseguiu segurar o riso. “Agora, vamos mudar de assunto antes que eu queira me enterrar de vergonha.”
Larissa sorriu, mas a expressão dela suavizou. “Tudo bem, Gi. Só tô brincando, sabe disso. Mas... acho que você deveria parar de lutar contra o que sente. Vai que, um dia, a Maya realmente entra por aquela porta de vestido vermelho, e você se arrepende de não ter feito nada.”
Giovanna ficou em silêncio, um pensamento inquieto rodando na mente. Talvez Larissa estivesse certa, afinal. Mas isso... era algo que só o tempo poderia dizer.
O ambiente voltou a ficar mais tranquilo, e as duas amigas continuaram conversando, dessa vez sobre outras histórias e lembranças compartilhadas, mas a figura de Maya, com sua presença avassaladora, ainda pairava, mesmo que só nos pensamentos de Giovanna.
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Hipnotismo
RomanceMaya e Giovanna são conhecidas por suas brigas constantes e uma rivalidade que parece nunca ter fim. No entanto, por trás das aparências e da fachada de hostilidade, as duas compartilham um relacionamento secreto, cheio de encontros furtivos e senti...