O sol já tinha subido alto no céu quando Maya e Giovanna se encontraram no estacionamento do parque, o calor da manhã já começando a esquentar o asfalto. As outras amigas ainda estavam reunidas a alguns metros de distância, rindo e falando alto, completamente alheias ao que se desenrolava entre as duas.
Maya estava encostada na lateral de seu carro, os braços cruzados e um sorriso que dançava de leve no canto dos lábios. Ela tinha aquele jeito casual que parecia ensaiado, mas, ao mesmo tempo, natural demais para ser falso. Seus olhos brilharam de provocação quando viu Giovanna se aproximar, hesitante.
“Você demorou,” Maya comentou, a voz cheia daquela familiar mistura de sarcasmo e doçura. Como se estivesse lançando um desafio, mas com a intenção clara de mexer com Giovanna.
Giovanna parou na frente dela, tentando parecer despreocupada, mas sua postura rígida e o jeito que mordia o lábio a entregavam. “Eu precisava esperar um pouco pra não chamar atenção,” ela respondeu, dando uma olhada rápida por cima do ombro. As outras amigas estavam distraídas, especialmente Larissa, que gesticulava exageradamente enquanto contava alguma história.
“Ah, claro,” Maya continuou, arqueando uma sobrancelha. “Porque Deus me livre descobrirem que somos algo mais do que duas inimigas juradas.” Ela soltou uma risada baixa, e Giovanna sentiu um calor subir por seu pescoço, um misto de irritação e atração que a deixava sempre desconcertada.
“Não é engraçado,” Giovanna rebateu, mas sua voz saiu mais fraca do que queria. Estar tão perto de Maya era como estar diante de um incêndio que ela não sabia se queria apagar ou alimentar. “A gente tem que ser cuidadosa,” acrescentou, mas nem ela acreditava muito nisso naquele momento.
Maya deu um passo à frente, invadindo o espaço de Giovanna. Era um movimento sutil, mas o suficiente para fazer o coração dela acelerar. O perfume de Maya — aquele cheiro floral com notas quentes, como se misturasse suavidade com perigo — era tão familiar que Giovanna sentiu a mente se embaralhar.
“Cuidado,” Maya repetiu, o tom de voz tão sedutor quanto um sussurro em um segredo proibido. “Desde quando a gente é boa nisso?”
Giovanna tentou sustentar o olhar, mas o magnetismo de Maya a puxava de um jeito que ela nunca conseguia controlar. Seus dedos tremeram ao lado do corpo, e ela desejou ter algo para segurar, algo que a mantivesse firme. Mas Maya estava ali, tão perto, e Giovanna sabia que era uma batalha perdida.
“Você sabe que isso é loucura, né?” Giovanna sussurrou, quase sem perceber que tinha falado em voz alta. Seus olhos se fixaram no rosto de Maya, notando cada detalhe — a curva suave dos lábios, a forma como os cílios longos lançavam sombras suaves sob seus olhos. Ela sentiu como se estivesse prestes a cair, mesmo com os pés plantados firmemente no chão.
Maya inclinou a cabeça para o lado, um sorriso preguiçoso surgindo em seu rosto. “Claro que sei,” respondeu, e a voz dela era como mel quente, derretendo qualquer defesa de Giovanna. “Mas você não acha que as melhores coisas na vida são um pouco loucas?”
Antes que Giovanna pudesse responder, Maya se inclinou ainda mais, e o mundo pareceu parar por um instante. O beijo foi rápido, quase como uma faísca que acende uma fogueira antes de alguém perceber o que está acontecendo. Giovanna prendeu a respiração, sentindo o toque dos lábios de Maya como se fosse eletricidade, um arrepio percorrendo sua espinha.
Quando Maya se afastou, havia uma expressão de vitória nos olhos dela, mas também algo mais suave, quase carinhoso. Giovanna tentou se recompor, mas era impossível ignorar o calor no rosto e o jeito descompassado de seu coração. “Pronto,” Maya disse, com um tom casual que fazia parecer que aquilo não tinha sido um pequeno terremoto. “Agora você pode voltar pras suas amigas como se nada tivesse acontecido.”
Giovanna piscou algumas vezes, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Ela queria ter uma resposta afiada, um comentário que mostrasse que estava no controle, mas tudo o que conseguiu fazer foi balançar a cabeça. “Você é impossível,” murmurou, mas não pôde evitar um sorriso. E Maya, claro, notou.
“E você gosta disso,” Maya respondeu, com aquele brilho provocador nos olhos.
Giovanna bufou, mas o sorriso ainda estava lá. Respirando fundo, ela virou de costas e começou a caminhar de volta para o grupo. Mas a sensação do beijo ainda queimava em seus lábios, e ela sabia que esconder tudo isso ficava mais complicado a cada dia. O segredo que compartilhavam parecia mais frágil, como um copo de vidro prestes a se quebrar. E, mesmo assim, Giovanna sentia que talvez não quisesse parar de jogar esse jogo perigoso.
De longe, Larissa gritou algo sobre Giovanna demorar demais, e Giovanna acenou de volta, forçando uma expressão relaxada. “Já tô indo!” respondeu, a voz quase natural. Mas, por dentro, as emoções dançavam como uma tempestade prestes a explodir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hipnotismo
RomanceMaya e Giovanna são conhecidas por suas brigas constantes e uma rivalidade que parece nunca ter fim. No entanto, por trás das aparências e da fachada de hostilidade, as duas compartilham um relacionamento secreto, cheio de encontros furtivos e senti...