As Crônicas de Eldros - A Rebelião Dos Magos

Faces Ocultas

  A noite estava fria e envolta em uma espessa neblina que cobria a estrada que levava a Crownspire. Uma caravana de mercadores, acompanhada por alguns guardas, avançava cautelosamente. À frente, Lorde Tanaã, um conselheiro do Rei Theron, montava seu cavalo com visível desconforto. Ele era um homem calvo, com uma grande barriga, olhos negros que tremiam de medo, e vestia uma túnica cinza com uma capa de veludo azul-marinho.

“O castelo está perto,” murmurou um dos guardas ao lado dele, tentando acalmá-lo, mas Tanaã estava inquieto, sentindo algo estranho na noite.

De repente, o vento soprou mais forte, e a neblina ao redor começou a se mover de maneira incomum. Cinco figuras encapuzadas emergiram das sombras da floresta ao lado da estrada, suas capas vermelhas ondulando como espectros ao vento. O coração de Tanaã disparou. "O que... o que é isso?" ele gaguejou, puxando suas rédeas.

Antes que os guardas pudessem reagir, um dos encapuzados levantou a mão, e uma rajada de vento forte derrubou metade dos homens da caravana. As carroças tremeram, e Tanaã, em pânico, quase caiu de seu cavalo.

Os encapuzados avançaram, suas presenças sombrias tornando o ar pesado e sufocante. Tanaã tentou ordenar os guardas, mas sua voz era fraca e trêmula. "Protejam-me! Façam alguma coisa!"

Um dos guardas tentou atacar, mas foi rapidamente subjugado por uma força invisível que o lançou contra uma árvore. Tanaã, apavorado, tentou recuar, mas sentiu-se preso pelo terror. "Quem são vocês? O que querem?" ele conseguiu gritar, a voz fraca e desesperada.

O encapuzado mais alto deu um passo à frente. "Viemos para reclamar o que é nosso," disse ele com uma voz baixa e ameaçadora que parecia ressoar no vento.

Antes que Tanaã pudesse entender o que estava acontecendo, o encapuzado levantou a mão novamente, e uma onda de energia o lançou de seu cavalo, fazendo-o desmaiar ao atingir o chão. Os encapuzados desapareceram na névoa tão rapidamente quanto haviam surgido, deixando para trás apenas caos e medo.

Os guardas restantes, atordoados, começaram a se levantar, tentando reunir suas forças. "Precisamos levar Lorde Tanaã de volta a Crownspire... rápido," disse um deles, a voz cheia de urgência e pavor pelo que acabara de testemunhar.

Em Crownspire, o castelo bronze se erguia majestoso contra o céu nublado, sua estrutura robusta imponente como uma fortaleza inquebrável. Dentro de suas paredes, a sala do trono era um espetáculo de beleza austera, com o piso de mármore polido refletindo a luz suave das tochas. As bandeiras cinzas adornavam as paredes, e dragões feitos de bronze estavam esculpidos com maestria nas colunas de mármore que sustentavam o teto abobadado.

Lorde Tanaã,com seus olhos negros mais arregalados que o normal, estava diante do trono de Rei Theron. O rei, um homem com cabelos brancos e uma aparência severa e envelhecida, ouvia de forma cética o relato de Tanaã sobre a aparição de homens misteriosos encapuzados na estrada.

"Majestade," disse Tanaã com a voz trêmula, "esses homens... eles surgiram do nada, suas capas vermelhas como sangue. Eles usaram uma força que nunca vi antes. Estávamos indefesos contra eles."

Nathan, o príncipe herdeiro, com seus cabelos platinados raspados, e olhos violeta brilhantes, estava ao lado do pai, intrigado pelo relato. Ele vestia roupas cinzas com dragões prateados bordados e um anel com uma pedra azul brilhando em sua mão. Lyanna,a segunda filha de Theron,usava um vestido branco leve e um colar com um símbolo de dragão dourado. Ela olhou para Tanaã com uma expressão travessa, como quem se segura para não rir, espelhando a incredulidade de seu pai.

"Isso é apenas superstição, Tanaã," disse Theron com desdém, cruzando os braços. "Histórias sobre os temíveis encapuzados dos desertos e das florestas antigas."