𝗠𝗲𝗶𝗮𝘀

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O pequeno Han brincava com seus bloquinhos, montando um lindo castelo.
Estava de banho tomado, limpinho e esperando o jantar ficar pronto.
Sentado no tapete de seu quarto amadeirado e lotado de brinquedos, Han cantarolava músicas que havia aprendido na creche.

- A baleia... A baleia... É amiga da seleia.. - Cochichava, apertando os bloquinhos com força em suas mãos.

- Olha o que ela faiz... Olha o que ela faiz.. E tibuum... E tibuum.. - Sorriu bobinho após terminar seu lindo castelo.

Jisung levantou, pensando em ir até sua mamãe ver quando o jantar estaria pronto.
Pulou por cima da cama e correu até a porta, abrindo-a e indo até o corredor.

- Psiu. - Jisung parou, virando-se para trás.

- Psiuu. - Fechou a face e foi até o canto.

- Jennie? Papai? Mamãe? Quem é? - Jisung abriu a porta. Era o antigo quarto de seu avô.

- Quer fazer um castelo maior? - Um homem alto perguntou.

- Titio! Você veio! - A criança riu, ingenua.

- Sim, eu vim. - Sorriu, pegou a criança no colo e acariciou seus cabelos. - Está com fome?

- Siim! Ia perguntar pra mamãe quando ia comer.. - Sorriu, mexendo nos longos cabelos de Satã.

- Uhm, ela não vai demorar. - Suspirou.

- Titio, por que você tem chifres? - Perguntou, passando a mão nos chifres pontudos e curvados.

- Você saberá quando se tornar um homem adulto. - Deixou a criança no tapete.

- Eu vou ser 'glande igual você?

- Não tanto, eu sou muito alto. Vai ser difícil chegar na minha altura.

- Ah.. - Se emburrou, abaixando a cabeça.

- Mas vai ser lindo, igual o tio. - Sorriu, levantando o queixo de Han.

- Eba! - Pulou no colo do maior, rindo bobinho.

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- Wanna be your winner... - Jisung cantava despreocupado, movendo-se pelo quarto enquanto arrumava o que podia.

Era uma tarde silenciosa e ensolarada, daquelas que abraçam a alma e acalmam o espírito. Um sábado gostoso de se viver. Mas Jisung tinha um carinho especial pela faxina, uma forma de encontrar ordem no caos, então ali estava ele, agachado, tentando alcançar um par de meias que havia se perdido sob a cômoda.

Esticou-se tanto que sentiu suas costas arderem, o desconforto agudo o alertando para sua teimosia. Quando finalmente conseguiu alcançar as meias, algo – algo frio e firme – puxou-as para mais fundo.

- AHN?! - – Jisung pulou, a surpresa o fazendo bater a cabeça na cômoda com um baque seco.

Ele esfregou a testa, confuso, e um enorme ponto de interrogação parecia flutuar sobre sua cabeça. - Mas... como ela...? - murmurou para si mesmo, a incredulidade se misturando com a crescente sensação de que algo estava terrivelmente errado.

Coçando o braço instintivamente, Jisung percebeu que uma coceira desconfortável tomava conta de seu corpo, e uma dor de cabeça pulsante começava a emergir. Sentia-se atordoado, como se estivesse preso em um sonho estranho. Decidiu, então, mover o móvel para o lado, determinado a pegar as meias e encerrar aquela bizarrice.

Com um pouco de esforço, empurrou a cômoda e, para sua surpresa, descobriu um buraco. Um buraco grande o suficiente para alguém passar. - O que...? – Jisung sussurrou, agachando-se para espiar mais de perto.

Do outro lado, o quarto de seu avô, agora empoeirado e esquecido pelo tempo, revelava-se como uma memória distante. A curiosidade, misturada com uma estranha apreensão, levou Jisung a se esgueirar pelo buraco. Ele pensava, talvez por tentar se acalmar, que poderia encontrar a meia perdida em algum canto daquele quarto.

Ainda incomodado pela coceira, Jisung começou sua busca, movendo móveis e remexendo nos lençóis velhos. Quando bateu nos travesseiros, algo chamou sua atenção: a meia da Hello Kitty estava ali, meio escondida sob a cama enferrujada. Com um suspiro de alívio, ele se agachou para pegá-la.

Mas o que viu fez seu coração congelar.

Lá, debaixo da cama, um par de mãos ensanguentadas repousava, imóveis. Jisung arregalou os olhos, sentindo o pânico tomar conta de seu corpo. Em um movimento desajeitado e apavorado, ele se levantou e correu, seus passos ecoando pelo corredor enquanto chamava desesperadamente por sua mãe.

- MÃE! MÃE! – seus gritos eram quase incoerentes, mas a urgência era clara. Jisoo, sua mãe, pulou do sofá, alarmada pelos berros do filho.

- Mas o que é isso, Jisung?! – ela exclamou, a preocupação e a raiva misturando-se em sua voz enquanto olhava para o primogênito.

- Mãe... Tinha mãos ensanguentadas embaixo da cama do vovô... E alguém puxou minhas meias...-  Jisung lutava para respirar normalmente, a imagem das mãos ainda viva em sua mente.

- O quê? Me explique isso direito! – Jisoo o fez sentar e ouviu atentamente enquanto ele explicava tudo, seu coração apertando a cada palavra. - Meu Deus... Eu vou olhar o que aconteceu lá em cima, okay? – ela disse, decidida, enquanto subia as escadas.

Jisung se deitou no sofá, tentando se acalmar, mas a imagem das mãos não saía de sua cabeça. Ele fechou os olhos, tentando afastar o pavor, mas em vez disso, o desconforto crescia. Seu corpo doía, especialmente a cabeça, e o formigamento persistia, como uma presença maligna em seu interior. A vontade de vomitar crescia, embora sua garganta parecesse fechada, aprisionando o grito que queria libertar.

- Alguém... Mamãe... P-por favor... – Jisung mal conseguia falar, seu corpo se contorcendo em agonia. Sua visão estava turva, o mundo ao seu redor se desfazendo em sombras indistintas.

Então, uma voz familiar o chamou.

- Docinho? Jisung? Jisung! – a voz de seu pai parecia distante, mas ao mesmo tempo próxima, e ele sentiu um braço forte mexê-lo de um lado para o outro, tentando acordá-lo daquele pesadelo.

Quando Jisung finalmente conseguiu focar, viu o rosto de seu pai. Mas, ao mesmo tempo, percebeu algo atrás dele. Algo que não deveria estar ali.

A última coisa que desejou foi que aquilo que estava atrás de seu pai não fosse real.

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N esqueçam do votinho💋

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⏰ Última atualização: Aug 31 ⏰

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