no alto do morro (M)

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Melissa Freitas. 🎀

'sexta-feira | Londres.

Acabei de voltar do curso e decidi que já iria arrumar as minhas malas, pra facilitar amanhã.

Atualmente, estou morando em Londres. O fato do meu pai e do meu irmão serem os traficantes mais  cobiçados do Rio de Janeiro faz com que eu seja o alvo de muitas ameaças e coisas do tipo.

Quando eu tinha doze anos fui sequestrada por uma facção rival e para me soltarem queriam o comando da facção do meu pai, foi um caos. E, depois desse dia, meu pai decidiu que seria melhor para mim se eu fosse fazer intercâmbio aqui, longe de facções rivais, longe do tráfico, longe de tudo isso.

Pra mim, morar fora nunca foi um problema, aqui tudo é maravilhoso, a cidade é linda, as pessoas são tranquilas e também foi por aqui que eu descobri o ramo profissional da minha vida; estética, sou extremamente apaixonada por tudo isso.

Mas, não posso negar que a saudade que eu sinto da minha família é gigante, e com toda certeza o meu desejo de vê-los é muito maior do que a minha vontade de virar uma profissional em estética aqui em Londres.

Já que eu terminei os dois cursos que me inscrevi, decidi que tentaria convencer o meu pai a me deixar voltar pro morro, e eu confesso que ele não deixou de primeira, mas depois concordou e disse que já estava mais tranquilo em relação aos rivais.

E, aqui estou eu agora, extremamente ansiosa arrumando minhas malas para poder voltar para o lugar onde nasci, cresci e vivi a maior parte da minha vida.

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'sábado | aeroporto internacional Tom Jobim.

Finalmente cheguei, de volta ao Brasil.

Foram longas horas de voo e eu não peguei no sono por nem sequer um minuto, a ansiedade e o nervosismo não possibilitaram isso.

Estou muito ansiosa e  principalmente nervosa, porque apesar de conversar todos os dias com a minha família sinto saudades deles, do toque, da voz, do abraço, do cheiro, de tudo.

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Agora estou em frente a saída do aeroporto esperando o Matheus. Ele disse que não poderia me esperar lá dentro, porque é procurado, mas pediu que eu esperasse aqui fora e me avisou que viria me buscar.

Ouço várias buzinas seguidas e logo em sequência vejo um homem correndo igual louco pela rua vindo na minha direção. Primeiro eu me assustei, mas depois que percebi de quem se tratava, comecei a chorar.

MT: caralho menor, tu não mudou nada! - disse me abraçando.

Melissa: você ta tão lindo, Theus! eu tava morrendo sem você. - falo ainda envolvida em seu abraço, chorando.

MT: também tava com muita saudade de tu - disse, e me fez olhar nos olhos dele - prometo nunca mais te deixar, prometo te proteger pra sempre.

Melissa: eu te amo muito, seu feio!

MT: também amo tu pra caralho, rapariga, seremos nós contra o mundo sempre. - disse e secou minhas lágrimas com o polegar.