Fraco.

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12 anos atrás

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12 anos atrás

Meu pai era um monstro, e ele nunca tentou esconder isso de mim.

— Porra!  — ele gritou, sua voz alta e repentina me fez pular.

Minha mãe recebeu o primeiro tapa.

Eu não fechei os olhos, sabia que ele odiava quando eu não o assistia. Ela começou a chorar, vacilando para trás quando meu pai a empurrou com brutalidade. O impacto a fez tropeçar, e suas costas bateram contra a cadeira onde, minutos antes, estava sentada tranquilamente.

Seu prato balançou na mesa de jantar quando ela tentou se apoiar, mas foi em vão. Papai a empurrou novamente, desta vez com um soco direto no estômago.

Ela soluçava, levantando as mãos trêmulas, tentando em vão se proteger. Mas era inútil. Papai lançou um olhar severo na minha direção, erguendo uma sobrancelha quando percebeu que eu estava observando a minha mãe, e não ele.

Encolhi os ombros, desviando o olhar para ele.

— Pare de chorar na frente do meu filho! — ele rugiu, segurando o rosto dela com força, forçando ela a encará-lo.

Eu conseguia ver as marcas vermelhas começando a aparecer logo abaixo dos seus dedos. Mamãe gemeu de dor quando ele apertou ainda mais.

— Querido... — ela tentou implorar, a voz fraca e suplicante, mas ele a jogou no chão como se fosse um simples objeto descartável.

Ela caiu com um baque surdo, o corpo frágil tremendo enquanto soluçava silenciosamente. E eu fiquei ali, imóvel.

Meu pai se virou lentamente para mim, seus olhos fixos como duas facas afiadas. Eu já sabia o que viria a seguir, mas isso nunca tornava as coisas mais fáceis. Ele deu um passo em minha direção, seus movimentos lentos, calculados. Cada passo dele parecia mais pesado, fazendo o ar ao meu redor parecer mais denso, sufocante.

— Levanta. — Sua voz soou baixa, quase controlada, mas era exatamente isso que me fazia tremer por dentro.

Eu hesitei, meus olhos indo da minha mãe ao chão, onde ela estava caída, ofegante, tentando se recompor. As marcas vermelhas em seu rosto estavam ficando mais visíveis a cada segundo. Meu estômago revirou ao ver como ela se encolhia, seus olhos vazios e desesperados buscando qualquer migalha de piedade. Não haveria nenhuma.

Ele não esperou. Num piscar de olhos, senti sua mão áspera agarrar o colarinho da minha camisa, me puxando da cadeira com tanta força que quase perdi o equilíbrio. Fui arrastado para perto de minha mãe, forçado a ficar de pé ao lado dela.

— Olha pra ela! — ele gritou, sua respiração quente e azeda perto da minha orelha. Eu não tinha escolha. Ele me empurrou para frente, me fazendo quase tropeçar sobre ela.

Minha mãe olhou para mim com olhos inchados e vermelhos, sua boca tremia, tentando formar palavras que nunca saíram. Ela estava quebrada. Aquela era a dor que eu tinha visto tantas vezes, e que, de alguma forma, sempre parecia nova e mais profunda a cada incidente. Eu nunca sabia o quanto uma pessoa podia se despedaçar até ver minha mãe daquele jeito.

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⏰ Última atualização: Oct 17 ⏰

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𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐠𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚.Onde histórias criam vida. Descubra agora