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Aquele dia, soltamos risadas sinceras. Foi tão bom que podíamos esquecer qualquer coisa que nos incomodava. Os meses foram passando, e eles se aproximavam cada vez mais.
1995, 05 de junho
- O verão está chegando, estou louca para te mostrar a temporada de praia daqui.
Ana parecia empolgada. Estava ansiosa para mostrar tudo para Kira e, mais do que tudo, estava disposta a tentar convencer o pai de sua amiga de que a cidade não era perigosa e que ficaria tudo bem.
- Acho que seu pai já está caducando. Pra quem morou aqui, por que desconfiar tanto assim da cidade? - perguntou Sarah, pegando uma batata do prato de Ana.
- Eu não sei, talvez realmente seja isso.
Kira também não entendia. Seu pai sempre dizia que era bom curtir ao ar livre para se desestressar, mas desde que eles se mudaram para lá, ele andava inquieto. Imaginava que talvez fosse por causa dos problemas que estavam ocorrendo.
Após as aulas, Kira voltou para casa. Sua residência era confortável, mas o sentimento de solidão ainda pairava sobre ela. Assim que abriu a porta, deparou-se com seu pai, que estava consertando as luzes.
- Ah, Kira querida, que bom que chegou - disse ele, beijando-a na testa. - Sua tia deixou isso para você.
Ele entregou-lhe um saquinho de presente. Kira ficou feliz, mas receosa de que fosse alguma roupa, pois sua tia tinha um gosto péssimo. Ao abrir, viu que era uma foto dela e de sua mãe juntas, quando era mais nova. No bilhete, estavam escritas as mais doces palavras.
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"Querida Kira, sei que ainda dói a perda de sua mãe, pois em mim também dói, e certamente em seu pai... Esta foto foi tirada nesta mesma data, há 29 anos. Você é a cara dela. Guarde e cuide dela, pois são lembranças de sua mãe que estão sendo passadas para você."
~~~Ao terminar de ler, Kira nem notou que lágrimas escorriam pelo seu rosto. Seu pai estava com um olhar triste, e tudo que os dois fizeram foi se abraçar.
- Desculpe por não saber cuidar de você como ela cuidava.
Kira apenas aproveitou um pouco daquele momento, pois fazia tempo que queria chorar assim. Sua vida andou tão bagunçada nos últimos anos que, por mais que tudo estivesse bem agora, as dores persistiam. O lado bom é que ela já havia esquecido Anthony, mas jamais esqueceria que sua mãe se foi.
A noite caiu, e os dois estavam sentados à mesa para saborear a comida que o pai havia preparado. Ele parecia mais calmo hoje, então Kira decidiu entrar no assunto que remoia desde que chegaram lá.
- Pai - ele a olhou e sorriu -, por que acha a cidade perigosa? Aqui me parece calmo, não vi nada de absurdo desde que chegamos.
- Porque eu sei como é o mundo lá fora, e hoje em dia bandidos não precisam usar máscaras, apenas algumas roupas que os permitem se misturar à sociedade. O perigo está mais próximo do que imaginamos - disse ele, levantando-se e levando os pratos para a pia, como se a pergunta da filha fosse a mais idiota possível.
- Qual a graça de vir para cá se não posso conhecer nada? - insistiu Kira.
- Já falei que viemos aqui apenas para resolver algumas coisas. Logo iremos voltar - disse ele, tentando manter a calma.
- E se eu não quiser voltar?
O pai de Kira acabou se irritando. Virou-se para trás e segurou o pulso da filha.
- Você vai comigo sim, porque eu sou seu pai... - Ele notou o medo nos olhos da filha. - Assunto encerrado, suba para o quarto já!
Kira olhou para os olhos do pai, que pareciam mais sombrios. Quando ele a soltou, ela correu para o quarto.
Naquele dia ,Kira estranhou a forma como seu pai agiu naquela noite, e tudo que ela queria agora era evitar que uma situação como aquela voltasse a acontecer.
No dia seguinte, decidiu falar com Ana.
- Acho melhor desistirmos de tentar convencer meu pai. Ele só vai se irritar ainda mais - disse Kira, sua voz carregada de frustração.
_______________________________________________As semanas se passaram, e as aulas da segunda etapa estavam chegando ao fim. Kira ainda não sabia ao certo o que seu pai veio resolver naquela cidade, mas depois daquele dia, passou a desconfiar ainda mais dele.
Quando entrou em casa, Kira notou que o pai não estava. Era estranho, pois ele sempre estava em casa nesse horário. Mesmo assim, ela subiu para o quarto, tentando reunir coragem para ir tomar um banho. Mal havia sentado na cama quando um barulho brusco ressoou pela porta do seu quarto. Seu corpo enrijeceu de imediato, um arrepio subindo pela espinha. Ela se lembrou das repetidas advertências de seu pai sobre o perigo que a cidade escondia.
O coração de Kira disparou, e sua respiração ficou irregular, tentando acompanhar o ritmo acelerado do corpo. Seus passos eram lentos, quase hesitantes, enquanto ela se aproximava da porta. A cada movimento, ela sentia o peso da ansiedade esmagando-a. Silenciosamente, ela implorou ao universo para que não fosse nada, para que aquilo fosse apenas fruto de sua imaginação.
Com as mãos trêmulas, Kira abriu a porta devagar. Olhou para o corredor escuro, mas não viu nada. O silêncio era quase ensurdecedor. Tudo parecia estar no lugar, e a porta da sala ainda estava fechada. Tentando convencer-se de que era apenas um engano, ela começou a descer as escadas, seus pés quase sem tocar o chão. O medo ainda latejava em suas veias, e ela não conseguia se livrar da sensação de que algo estava errado.
De repente, um segundo barulho, ainda mais alto, ecoou pela casa. Kira parou abruptamente, sentindo o pânico crescer em seu peito. Quando olhou para frente, sua tia abriu a porta de forma tranquila, entrando com um sorriso no rosto.
- Oi, querida! - disse sua tia, mas logo franziu o cenho ao ver a expressão de Kira. - Está tudo bem? Você parece assustada...
Kira respirou fundo, tentando se acalmar.
- Está tudo bem, só me assustei um pouco - respondeu, tentando esboçar um sorriso para disfarçar o alívio que sentia por ver que não era nada do que temia.
-----------------------------------------------Fim do capítulo ✧◝(⁰▿⁰)◜✧Galera,como eu pedir antes.Pode aparentar que eu esteja desesperada por atenção,kkk...Mas a real é que eu preciso saber se tem ao menos uma pessoa , disposta a me dar um voto de confiança ,e se dedicar a minha "obra".Pode ser só você,por mim tudo bem.Não tenho problema em escrever apenas para uma pessoa,ao contrário me deixaria feliz.
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Onde está Kira Thorne ?
Mystery / ThrillerEra o verão de 1995. O sol se punha lentamente, e os últimos raios de luz espalhavam uma energia enigmática. Matthew, Ethan, Ana e Sarah sentiam uma estranha sensação de liberdade enquanto observavam o horizonte. Finalmente, suas almas encontravam u...