Han SiWan
Escutei um 'power off' quando o Kia Sorento parou em frente ao Campus da Pride, eram meus fones avisando que haviam descarregado depois de serem meus companheiros por longas horas; agradeci por não terem me abandonado no meio do caminho e então retirei os pequenos fones do ouvido, devolvendo-os em sua caixinha para que pudessem recarregar e, quando finalmente estiverem 100%, me confortarem mais uma vez.
Aquele que eu tanto queria evitar, e era exatamente o motivo pelo qual passei o caminho todo escutando músicas no máximo, virou-se para mim; seus olhos eram de desgosto e eu senti uma leve vontade de fazer uma piada sobre como poucos dias na prisão pareceram ter acelerado sua calvície,mas guardei para mim.
O homem que eu já não conhecia mais suspirou fundo e apertou a linha do nariz, fechando os olhos com força.— Use somente a camisas que colocamos para você, não levante as mangas dela. — O velho disse em tom de ordem; ele sabia que eu iria para a sessão de autógrafos do meu irmão logo após a festa de boas-vindas e, detestando a ideia de que seu filho fosse chamado de bandido,preparou uma roupa que cobria quase meus dedos — e também porque eu não iria usando meu uniforme escolar.
Evitei olhá-lo no olhos, porque meu estômago girava toda vez que eu o olhava procurando por meu pai...afinal, para onde foi o homem que me apoiava nas mínimas coisas? Que era sorridente e orgulhoso de mim? Fixei meus olhos no banco do passageiro a minha frente, aquele couro escuro que fazia minhas costas suarem depois de poucos minutos encostado nele.
— “Colocamos”? — questionei de forma sarcástica, criando uma rápida coragem para olhá-lo, mas só por uma fração de segundos.— Você não escolhe nem as cuecas que usa, velho.
Seus olhos se arregalaram em pura surpresa quando o que eu dissera chegou aos seus ouvidos, e nem posso julgá-lo, mesmo eu estava surpreso com minhas palavras.
Quando voltei meu rosto para frente, ainda tentando entender de onde havia saído tal coragem, pude ver um sorriso contido nos lábios do motorista pelo pequeno espelho do carro, com certeza ele queria rir até perder o ar, mas sabia que não seria a única coisa que perderia caso o fizesse.— Esse muleque ingrato! — Esbravejou quando a surpresa passou; levantando a palma da mão, fez menção de que estapearia meu rosto até que eu parecesse um pimentão.
Quando ele fechou o punho, soube que não faria aquilo... infelizmente.
— Saia. — ordenou de forma rígida, como se não pudesse passar mais nenhum segundo comigo, e eu também não tinha a menor vontade.
Não demorei muito para abrir a porta do carro que tinha uma cor vermelho brilhante e sair; como resposta ao velho bati a porta de aço com toda a força que tinha, e escutei o homem gritar enfurecido com o barulho resultante.
Caminhei o mais rápido que pude para longe do carro, rindo. Fiz uma rápida reverência quando já pisava na calçada de cimento cinza, dando tchauzinhos com um sorriso cínico nos lábios; pude sentir o olhar enfurecido do velho em mim, mesmo o vidro do carro sendo escuro demais para ver qualquer coisa dentro.
O observei até o momento em que ele virou uma curva, sumindo do meu campo de visão; o sorriso em meu rosto foi se dissipando aos poucos, e não me contive de suspirar pesado, havia se tornado um costume desde que minha mãe contou-me que Han JeonGoo exigiu minha guarda de volta, e que eu teria que morar com ele até que ela conseguisse resolver as coisas...eu odiava estar debaixo do mesmo teto que aquele monstro, e me irritava ainda mais o fato dele tentar conversar comigo como se não tivesse feito nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Reflexos: Estrelados - Livro 2
RomanceHan SiWan sempre viveu à sombra do amor e orgulho de seu pai, Han JeonGoo. Ele nunca questionou seu papel como o filho perfeito, até que a máscara de seu pai caiu, revelando uma verdade sombria que SiWan não estava preparado para enfrentar. De repen...