Yuno's Pov
Nunca vi minha casa tão cheia como hoje. Mas era óbvio que ter vários bandidos armados na minha sala de estar não era o exemplo de visita ideal.
Estávamos ajoelhados perto da mesinha de centro, com armas apontadas em nossas cabeças.
Eu encarava o carpete, tentando acalmar minha mente e conter meu medo de ter os miolos do meu cérebro espalhados pelo chão, tentando me distrair enquanto tentava lembrar em qual viagem para o exterior minha mãe havia comprado aquela peça.
E era óbvio que não estava dando certo. Meu corpo não parava de tremer e eu me sentia fraco. Facilmente poderia vomitar a qualquer momento, então apenas permanecia imóvel. O frio na espinha me atingia sempre que eu sentia o cano da arma raspando contra minha nuca e o suor escorrendo pelas minhas costas.
Ao meu lado, minha mãe e irmã choravam desesperadas enquanto meu pai tentava negociar com o chefe daqueles bandidos.
Mas era inútil e todos nós sabíamos disso. meu pai havia assinado seu próprio atestado de óbito ao pegar dinheiro emprestado com aquele cara.
Naquele momento, a única coisa que conseguia sentir era raiva de Nikko. Ele havia ido para Nova York há três dias atrás, então não precisava passar pela sensação de ter a vida passando diante dos seus olhos.
Clichê, mas era a verdade.
Um baque alto ecoa pela sala e todos nós olhamos para o homem loiro sentado na poltrona — era a favorita e exclusiva do meu pai, mas era óbvio que aquele maluco não se importava com nada disso.
Bandido: Sua conversinha é irritante, velho. Já cansei de te escutar.
Ele fez um sinal de mão e eu vejo um de seus homens pressionar a arma na boca do meu pai. Pela primeira vez, eu vi aquele homem chorando e tremendo de medo; acho que aquilo era o que chamam de karma.
Minha mãe grita. Ela implora pra que não matem meu pai e diz que faremos qualquer coisa que quiserem.
Não sei se aquele papinho colou pra cima do agiota, mas ele parou e olhou sério pra minha mãe. Eu não conseguia ver seus olhos, já que ele usava óculos escuros, mas não era difícil imaginar a forma que ele estaria olhando pra ela só de olhar pra cara dele.
Bandido: Só quero o dinheiro que seu marido me deve, minha senhora. Ele sabia que tinha uma data pra me pagar e não pagou.
Mãe: Te damos qualquer coisa! Pode levar a televisão, a geladeira, até mesmo o carro. Mas, pela misericórdia de Deus, não mata o meu marido!
A risada escandalosamente alta do homem ressoa pela sala. Ele se contorce na poltrona enquanto gargalha e aquilo é uma cena bastante desconfortável de ver. Sinto como se estivesse olhando para o próprio diabo zombando da gente.
Quando ele finalmente para de rir, sua expressão continua com um ar de deboche e eu não gosto nada daquilo.
Bandido: Mulher, pra quê eu vou querer a carroça que você tem na garagem?
Sinto que minha mãe tem seu ego ferido após o corte do homem — ela sempre foi uma mulher bem soberba e o carro de luxo era uma das várias coisas que ela gostava de se gabar que tinha. Minha mãe se encolhe novamente em sua insignificância, tremendo sob a mira do fuzil que agora tocava sua cabeça.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Vendido ao Dono do Morro
FanfictionQuando seus pais possuem uma dívida maior do que conseguem pagar, Yuno é entregue ao cara mais perigoso da cidade em troca da segurança de sua família. Agora, o Azai precisa se manter vivo enquanto está sob a vista do líder da gangue de bandidos, Iz...