Capitulo 1.

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Eu o matei.

A cor escarlate inunda minha visão. O sangue escorre por minhas mãos como água, dando o devido recado:

— Ele está morto. — sussurro, quando meu corpo finalmente tem forças para lidar com tudo aquilo.

Escuto um xingamento, seguido de um suspiro alto.

— Tudo bem, Asterin, preciso que me escute bem agora. Coloque um dos rastreadores que tem nele e volte para cá.

— Por que colocar o rastreador nele? — pergunto, confusa.

Sei que não é o momento, mas meu cérebro parece não assimilar nada direito.

— Isso facilitará para que encontremos o corpo depois. Não temos tempo para perguntas agora, então faça o que mandei e saia daí imediatamente.

— Certo. — confirmo, como se ele pudesse me ver.

Juntando todo o esforço que consigo, me arrasto para perto do corpo de Clark, grudando o rastreador em seu pescoço, por dentro do traje.

— Eu sinto muito. — sussurro, fechando seus olhos.

— Asterin, rápido!

Pisco diversas vezes, tentando espantar o choque recente de meu corpo, e obrigo-o a se recompor. Mas só tenho tempo de dar um passo à frente quando vejo algo no chão rolar para perto dos meus pés.

No próximo segundo, estou voando metros no ar, porque tudo explode.

10 de Agosto, 3024
Território do Conselho Geral 3
Estado de Rynore - Antiga Suíça

— Francis!

Meu irmão ri alto, ignorando os gritos estridentes de meu tio e sai correndo em direção ao jardim.

— Deixe ele quieto. Já não treinaram o bastante por hoje? — pergunto, tentando convencê-lo a deixá-lo em paz, ao menos por um tempo.

— Não o suficiente.

— Ele está cansado, tio. Podem muito bem continuar amanhã. — falo, movendo meu dedo para que a tela saísse de minha frente.

— Esse garoto descansa todo o final de semana, a escola não lhe exige muito, e ainda quer fazer pausas durante o treino? — pergunta a si mesmo, lançando-me, de repente, um olhar repreensivo. — Deve fazer isso porque vê seu mau exemplo.

Abro minha boca, espantada por ouvi-lo dizer uma coisa dessas.

— Meu mau exemplo? Quer obrigá-lo a treinar por 6 horas seguidas. Quem gostaria disso?

— Ora, você gostava.

Ah, sim. Eu amava.

Desde muito pequena observava as pessoas lutarem em vídeos, pelas ruas, nos torneios. Era completamente obcecada, por isso meus pais me incentivaram e me colocaram para treinar desde cedo.

— É diferente pois eu quis aprender a lutar, estava interessada. Francis não tem o mínimo interesse nisso. — dou de ombros.

Meu tio sempre duvidou da minha capacidade. Sempre falou comigo como se eu fosse um ser de outro mundo e vive me tratando como uma criança com sonhos tolos e idiotas.

Felizmente o lugar das mulheres na sociedade deixou de ser da conta dos outros há muitos anos atrás. Tanto mulheres quanto homens conseguem entrar na guarda facilmente, e conquistar seu lugar onde quer que seja.

Caixa de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora