Cap 3 - "Sequestro"

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Certo, se controla... minha animação pode esperar, tenho que ser rápido pois a qualquer momento Cecília pode sumir da minha vista.

Me levanto apressadamente e entro em casa, pego alguns remédios que uso pra dormir e amasso todos eles até formarem pó, despejo na garrafa de água e mexo até se desfazerem lá dentro. Entro no meu carro colocando a garrafa ao lado da porta e estaciono um pouco longe de lá, mas o suficiente pra me dar a visão certeira de Cecília, com certeza ela iria vir pra cá.

Não posso simplesmente pegá-la, mas é óbvio que tenho um plano.. desde que a conheci comecei a sonhar acordado em tê-la só pra mim e em ver sua submissão, é claro que ao decorrer dos meses vi que isso seria uma tarefa extremamente difícil, mas era isso que me deixava com mais vontade de possui-lá, quanto mais impossível, melhor. Seu temperamento me irrita, me irrita muito, mas vai ser um doce prazer domá-la igual um cachorrinho.

Vejo Cecília saindo de casa com uma mala grande, sua feição estava de choro mas nada de tristeza, apenas de ódio, quando ela passa por mim faço questão de dar a volta na esquina como se eu estivesse voltando do trabalho.

Acendo o farol para chamar sua atenção, não queria tocar a buzina pra não ter o mesmo efeito sobre as demais pessoas, eu não poderia arriscar

- Cecília? Abaixo o vidro do carro, porém a menina continua andando me ignorando completamente. Nesse momento aperto o volante, odeio ser ignorado dessa forma. Eu continuo andando com o carro na mesma velocidade que ela.

- Não acha que está muito tarde pra andar sozinha com uma mala desse tamanho? Pergunto controlando minha voz, eu não podia deixar transparecer minha raiva

- Quando eu estiver preocupada pode deixar que eu te dou um toque! A garota diz sem olhar pra mim, sinto seu tom de raiva e ela acelera os passos

Respira, Eli... respira...

- Quando você me der o toque já vai ser tarde demais, essa mala é grande e você mal consegue andar com ela, essa rua está deserta e a julgar pelo seu estado você não vai mais voltar pra casa, correto?

Ela fica quieta e continua andando na mesma velocidade, mas sei que está prestando atenção no que digo

- Já imaginou um homem mal intencionado roubando as únicas coisas que tem? você ao menos tem um lugar pra ir?

A garota para e eu faço o mesmo com o carro, mas não consigo ver seu rosto, de repente ela olha pra mim com aqueles olhinhos claros e rostinho choroso

Oh céus, como eu quero isso pra mim..

mas meu pensamento desaparece com seu ataque de fúria

- É MESMO? E VOCÊ SUGERE QUE EU FAÇA O QUE? NÃO TENHO PRA ONDE IR, NÃO TENHO TRABALHO, NÃO TENHO NADA, SE MEU DESTINO FOR SER ASSALTADA QUE ASSIM SEJA ENTÃO! SÓ NÃO ENCHE A PORRA DO MEU SACO, SEU CRETINO

- Cecília.. posso te oferecer uma carona?
ela me olha incrédula pois ignoro seus gritos e xingamento

se eu não fizesse isso eu poderia sair daqui e quebrar aquele pescocinho delicado sem mais nem menos, mas eu não poderia fazer isso... não, não.

- E pra onde vai me levar? pra sua casa ao lado dos meus "pais"? ou talvez pra um abrigo de sem tetos? Ela diz debochando

- Bom, talvez eu te leve pra rodoviária com uma certa quantia em dinheiro pra você poder viver sua vida em outro lugar ou posso simplesmente sair daqui pra não ter trabalho de ouvir seus gritos quando você for assaltada, isso se der sorte.. afinal não são muitos homens que apenas assaltam uma garota sozinha em uma rua deserta.. Falo no mesmo tom de deboche, observo que sua feição muda pra preocupada, mas logo ficando com um misto de desconfiança

- E por qual motivo você me ajudaria? como posso acreditar que você não é um desses homens? nem nos conhecemos direito, você é só meu vizinho... e olha, se estiver pensando em se-

a interrompo antes dela terminar a frase

- Não preciso disso, quero te ajudar sem nada em troca, somos apenas vizinhos mas eu te conheço, não sou nenhum depravado desesperado pra abusar de você e certamente você escaparia, eu apenas quero te ajudar.. eu não sou um monstro de ver uma menina saindo de casa a noite em um mundo como esse sem fazer nada, não quero ter isso me atormentado

A garota pensa e aceita apenas virando o rosto e dizendo em um tom baixo "Tudo bem...".

Saio do carro e coloco a mala dela na parte de trás enquanto a vejo entrar e sentar no banco da frente, lanço um sorriso aterrorizante como nunca dei antes não acreditando na facilidade que foi tudo isso.

Te levar a rodoviária e te dar dinheiro? você conseguir escapar? sério que acreditou nessas histórias tão meia boca? quem em sã consciência seria tão gentil a esse ponto? ah por favor, Cecília... ninguém dá dinheiro tão fácil e muito menos é tão gentil assim.

Volto ao volante me controlando pra não rir

- Confortável? Pergunto com um sorriso e ela me olha com cara de poucos amigos

- Não vejo motivo pra sorrir

- Tem razão, me desculpa a insensibilidade

Ligo o carro

- Quer me contar o que houve? Tento puxar assunto mas ela ignora me lançando outra pergunta

- Quanto você vai me dar?

Dou uma risada

- Você é bem direta, hein.. bom depende de onde você deseja ir e de qualquer forma, claro caso você queira posso te dar meu contato se precisar de mais

Sinto ela olhar pra mim

- Isso tá muito estranho, porque isso tudo? você tá sendo gentil até demais...

Paro no sinal e a olho

- Você não está acostumada com gentileza não é?

Ela arregala os olhos e vira o rosto novamente, sorrio e pego a garrafa de água

- Caramba, ainda está gelada! aceita? toda aquela correria deve ter te dado sede

Ela pega grosseiramente da minha mão e toma, eu mordo meus lábios observando ela engolindo, saciando a sede, vendo cada golada...

- Toma

Ela me entrega a garrafa e eu guardo no mesmo lugar, com o sinal aberto começo a andar.

Com essa quantidade de remédio ela vai acordar só amanhã, isso é tempo suficiente pra ajeitar tudo... eu mal posso me conter pra fazer tudo o que planejo com você, eu estou louco pra te adestrar.

Olho de canto de olho e a vejo colocar a mão na cabeça e a morder a língua

- Me sinto.. anestesiada, não sinto minha língua e nem os toques na minha cabeça

Ela diz sem olhar pra mim apenas tocando alguns pontos do rosto, sem conter deixo meu sorriso transparecer junto com uma risada, ai sim ela me olha, um olhar como se não tivesse dormido a meses mas precisava permanecer acordada.

- Deve ter sido algo que bebeu... eu te indico a não relutar contra esse sono, você pode acabar tendo alucinações

A garota agora não conseguia pronunciar nenhuma palavra, apenas mexia a boca tentando tirar forças lá de dentro, provavelmente pra me xingar... mas em um ato falho. Ela acaba levando os olhos pra cima e como se estivesse desmaiando, apaga.

- É! não foi dessa vez, Cecília.

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⏰ Última atualização: Sep 05 ⏰

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