Capítulo O1.

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Mais uma vez Sunoo chegava ao trabalho com a mesma alegria de sempre — lê-se ódio. Cumprimentou a recepcionista antes de entrar no elevador e escolher o andar que deveria ir todos os dias. Uma música suave tocava na pequena tv que ficava acima da porta do elevador, uma melodia completamente diferente do estado espiritual que o coelhinho estava naquele dia. E agradeceu ao céus quando chegou ao andar correto e pôde parar de ouvir aquela poluição sonora. Cumprimentou todos os colegas de trabalho antes de entrar em sua sala e deixar suas coisas em cima do sofá que tinha ali e ir até sua mesa para ver os compromissos do dia em sua prancheta. Mesmo que o chefe estivesse em viagem, os trabalhos não paravam, principalmente para Kim Sunoo, o secretário de Shim Jaehan.

Havia feito a entrevista de emprego anos atrás, e desde então, Jaehan não o demitiu por ser um secretário tão eficiente. Começou quando tinha apenas dezoito, assim que terminou o ensino médio. Trabalhava das sete até às onze e voltava a trabalhar às uma e meia da tarde, indo para casa as cinco. Durante a noite, fazia seu curso online que o chefe insistiu para poder pagar pelo seu trabalho duro nos primeiros meses. Agora, já tendo seu próprio dinheiro — que não era pouco —, estava no seu terceiro curso, prestes a terminar e já querendo começar outro. Amava estudar, se perguntassem sua matéria favorita no tempo da escola, ele responderia: todas. Era bom em ciências humanas, da natureza, exatas; tudo. Por isso Jaehan não estava louco para demiti-lo.

Felizmente era sexta-feira e seus únicos afazeres era mudar os horários das reuniões da próxima semana. Teria a tarde toda livre para aproveitar em casa e a noite sairia para beber um pouco com os amigos que não via a um tempo. Com a prancheta em mãos, pronto para ir dar uma olhada na sala do chefe, Sunoo apenas passou na conveniência para poder pegar um café e se dirigir até o elevador, tocando no botão do último andar. Não demorou para a caixa metálica parar e as portas se abrirem, saindo no mesmo momento. Passou por alguns funcionários e os desejou um bom dia, recebendo sorrisos em troca. Costumava ser gentil com todos, mesmo que não estivesse em seus melhores dias, e até cogitou que aquele dia em específico não seria tão ruim, mas seu pensamento mudou rapidamente ao dar de cara com a pessoa que menos desejou ver naquela sexta-feira.

— Bom dia, Sunoo-ah. Como está o seu astral hoje? – O sorriso cínico do alfa de lobo o fez sentir ânsia de vômito, não evitando revirar os olhos com sua presença e voz irritante. — Pelo visto não está bom.

— Óbvio que não. – Respondeu com desdém, pensando seriamente em sair dali e pular pela janela do prédio; não era uma má ideia se aquilo significasse nunca mais dar de cara com Shim Jaeyun. Mas a sala de seu pai estava tão bagunçada que ele sentiu dor nos nervos, e não demorou para capturar o que havia ocorrido ali só pelo fato da boca do alfa estar manchada de batom. — Pelo amor, em plena sete da manhã?

— Toda hora é hora, coelhinho.

— Você é nojento. – Respirou fundo para não perder a paciência e voar no pescoço do Shim para matá-lo por asfixia. Logo, ele começou a limpar a bagunça daquele alfa cínico enquanto ele continuava sentado na cadeira de seu pai, girando e ficando de perna pra cima.

Sunoo não conseguia entender como aquele homem podia ser tão imaturo tendo vinte e cinco anos nas costas, mas tinha doido pra tudo. Juntou papéis jogados no chão com o maior nojo possível, pensando pra quê aquilo foi usado. Pegou um lenço umedecido e limpou o sofá de couro que percebeu estar meio grudento e quase vomitou. Se aproximou da mesa de Jaehan e a arrumou do jeito que sempre deveria ficar, recebendo o olhar do lobo e tentando fingir que ele não estava ali para não perder os sentidos e enfiar uma caneta nos olhos dele. Foi até o banheiro que tinha ali e lavou as mãos cinco vezes por precaução, secou com papel toalha e depois com o secador, passando um creme hidratante por último. Ao sair do cômodo, encontrou o Shim olhando em sua direção com as mãos juntas e uma das sobrancelhas erguidas.

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