April Jones saltitava no seu quarto enquanto lia a carta de sua melhor amiga, ela acreditava fielmente que seu coração sairia pela sua boca enquanto absorvia as palavras, com algumas letras comidas é claro, mas era de Mia que ela estava falando.

Mas a coisa que deixou seu coração frenético, ao ponto dela escutar suas próprias batidas no peito, foram as passagens aéreas coladas com pequenos coraçõezinhos rosas no folha branca.

Ela não podia acreditar.

Não poderia aceitar tal coisa. Mas que Deus a julgue, ela amou aquele presente e ansiava por aquilo. April terminou de ler as palavras coloridas e a última frase tocou um ponto profundo no seu coração.

" E nem ouse dizer que não virá, Pipa, é seu aniversário e eu quero finalmente conhecer minha melhor amiga. Já estou ansiosa para te mostrar a cidade, as comidas são deliciosas, e os homens então, sério Pipa, você vai querer comer eles vivos. Eu te amo e não vejo a hora de nos encontramos. - Com amor, Mia Grace Beetley."

April gargalhou com a penúltima frase. Mia era um achado. April e Mia nunca se conheceram, não pessoalmente, mas quando tinha dez anos de idade, April descobriu um computador na pequena biblioteca da cidade, imagine sua surpresa quando ela encontrou uma espécie de vídeo online de uma garota loira vestida completamente de rosa e falando sobre sua coleção de sapatos. Ela obviamente achou ridículo e não escondeu sua reação, não quando envio-lhe um comentário sobre como ela seria vista até do espaço com aquela roupa feia.

Mia não ficou contente, nada disso, mas achou engraçado a piada do espaço. Desde então as duas nunca mais se desgrudaram. Mas a vida de April desabou quando os proprietários da biblioteca a impediram de usar o equipamento. April lembra de chorar a noite toda por ter perdido sua única amiga. Mas então, duas semanas depois chegou uma carta, uma carta para ela, ela nunca tinha recebido uma carta.

Mas dentro tinha pequenos corações e letras muito feias de uma garota. Des desse dia elas trocam milhares de cartas, com fotos, letras de músicas, piadas ridículas. April tinha conseguido um trabalho no verão passado e tinha, pela primeira vez, comprado um aparelho telefônico e elas conversavam de vez em quando, mas as cartas era um negócio delas, uma espécie de pacto.

Não ajudava que Mia morasse em outro país, não era muito longe se considerasse voar em aviões, mas April nunca tinha entrando em um. Por Deus, April nunca saiu do estado de Luisiana, e de repente ela ia parar no Canadá daqui há algumas horas.

Isso é, se sua mãe permitisse.

- Mas por que? Mãe, você conhece Mia.

April andava de um lado para o outro, tentando acompanhar sua mãe. Tristeza afundando no seu peito a cada balançar de cabeça negativo de sua mãe.

- Conheço? Querida, nós nunca a vimos.

- E é por isso que eu preciso ir mãe. Somos amigas há anos e eu nunca tive a chance de vê-la. E olha que ela já me chamou milhões de vezes.

Sua mãe fez uma carranca e a olhou com repreensão. April baixou a cabeça instantaneamente. Odiava os olhares bravos de sua mãe.

- E você sabe exatamente o porquê, April. Não temos condições, sabe que não sobra dinheiro, temos que pagar as contas e...

Antes que sua mãe pudesse terminar de explicar, April tirou as passagens do bolso e mostrou a sua mãe.

- Mãe! Ela me deu as passagens, olha só, de ida e volta. Não vou ter gastos, claro que vou ter que gastar com comidas mas eu tenho algumas economias e...

Sua mãe lhe arrancou as passagens. April engoliu em seco.

- Você está aceitando caridades, April?

Choque passou pelo corpo de April. Aquilo não era caridade, não era. Mia era a única pessoa que não sentia pena de sua vida medíocre.

- O que? Não mãe, não! Não é caridade, é um presente.

Sua mãe jogou as passagens na mesa como se ela pegassem fogo. April rapidamente pegou e a trouxe para o peito.

- Presente? E por que ela te daria um presente?

- Por que amanhã é meu aniversário.

April sussurrou como se a palavra a machucasse. Choque passou pelo rosto de sua mãe, ela olhava para todos os cantos menos para April.

April sabia que não deveria sentir aquilo, mas uma decepção forte passou pelo seu peito. Ela não lembrava, sua própria mãe não lembrava do seu aniversário. April não deveria ficar triste com aquilo, sua mãe não lembrava do seu aniversário desde os 9 anos, com certeza trabalhar em um hospital na maior parte do dia e ter 4 filhos para alimentar não era um trabalho fácil e não era justo cobrar a ela que lembrasse da sua existência. Mas uma voz dentro da sua cabeça dizia que ela sempre lembrava do aniversário de Luke.

Balançando a cabeça, April tentou afastar aquelas emoções, ela não deveria ficar triste, não naquele dia. Sua mãe por fim falou.

- April... querida... eu não lembrei... tem algumas acontecendo no hospital e...

- Não precisa explicar, eu entendo Mãe.

Ela entendia. Ela amava a mãe. Mesmo que as vezes duvidasse que ela também a amasse. Vergonha passou pelo rosto de sua mãe, April tentou falar com sua mãe, mas ela parecia estar em um debate dentro da própria mente. Mas por fim ela falou.

- Você pode ir. Mas com uma condição.

Uma forte satisfação passou pela corpo de April. Mas ela segurou sua felicidade para quando estivesse sozinha.

- Qual?

- Não conte para seus irmãos. Diga a eles que você vai trabalhar por alguns dias fora da cidade.

April estranhou aquilo. Seus irmãos a amavam, seu irmão Luke era o mais velho, depois vinha Roger, depois ela, a única filha e tinha o mais novo, seu irmãozinho Liam. April os amava, mesmo com as brincadeiras idiotas e a bagunça que eles faziam.

- Por que?

- Luke e Roger.... Eles não.... Não diriam... mas liam diria, liam diria para seu pai.

Apenas a menção ao seu pai April gelou. Medo, raiva e nojo passando por sua cabeça. Seu pai era a única pessoa no mundo que tinha seu ódio, April não achava que poderia odiar alguém, mas ela odiava, ela odiava quem deveria amar.

- Não devemos satisfação para ele, mãe.

A voz de April estava gélida. Ela odiava o medo que via nos olhos de sua mãe. Era como se seu próprio medo refletisse neles.

- Eu sei. Mas mesmo assim. Não fale nada. Essa é a única coisa que te peço e você pode ir, para onde quer que você esteja indo.

April forçou a língua a se manter dentro da boca. Uma discussão era a última coisa que ela queria naquele momento.

Ela tinha conseguido. E aquilo bastava.

Ela iria, pela primeira vez em dezoito anos, celebrar seu aniversário.

E em algumas horas ela se encontraria com sua melhor amiga.

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⏰ Última atualização: Sep 05 ⏰

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