Cap 4. As coisas parecem melhorar

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Ano 2016...

O clima na casa de Jade e Júlia mudou desde a última crise de Júlia. Depois de sua explosão emocional, quando confessou seus sentimentos diante de toda a família, parecia que uma nova fase estava começando...

Os pais, Mônica e Carlos, sabiam que não poderiam ignorar mais o que estava acontecendo entre as irmãs. E foi com muito cuidado e amor que decidiram tomar uma atitude: buscar ajuda psicológica para ambas...

Na primeira reunião com a terapeuta, a conversa foi franca e direta. Júlia, apesar da resistência inicial, sabia que precisava desse suporte. Seu coração estava carregado com anos de frustração, e a sensação de ser constantemente comparada à irmã a sufocava...

Por outro lado, Jade também aceitou a ajuda, pois ouvir as palavras duras de Júlia havia abalado profundamente sua autoconfiança e a relação que ela sempre acreditou ser boa com a irmã...

Semanas se passaram, e as sessões com a terapeuta começaram a surtir efeito. Júlia estava mais calma, menos explosiva. As brigas, antes tão frequentes, começaram a se tornar menos intensas, e por vezes, inexistentes...

No fundo, Mônica e Carlos acreditavam que as coisas realmente estavam melhorando...

Mônica: É bom ver as meninas mais tranquilas...Sinto que a terapia está fazendo bem para elas."

Carlos: Sim, parece que sim. Júlia parece mais centrada, e Jade está tentando ser mais atenciosa com os sentimentos da irmã. Talvez tenhamos finalmente encontrado um equilíbrio.

A tranquilidade das palavras de Carlos refletia o desejo que ele e Mônica tinham de que a paz voltasse a reinar em casa. No entanto, como pais, eles sabiam que esse processo seria longo e delicado. Não era possível apagar anos de ressentimento com algumas sessões de terapia...

Do outro lado da casa, Jade estava deitada na cama, folheando um livro. Sua mente, porém, estava longe da leitura. Ela ainda se lembrava da última conversa que teve com Júlia, dias antes...

Jade: Eu realmente sinto muito por nunca ter percebido o quanto você estava se sentindo mal, Júlia - disse, em uma das raras ocasiões em que as duas conseguiram conversar de maneira mais calma.

Jade: Eu sempre quis ser sua amiga, sua irmã de verdade. Não queria te machucar.

Júlia, embora mais tranquila, ainda mantinha certa frieza na voz...

Julia: Eu sei, Jade. Eu entendo que você não fazia de propósito. Mas isso não muda o que eu senti... o que eu ainda sinto, às vezes.

As palavras de Júlia ecoaram na cabeça de Jade por dias. Ela sabia que o caminho para a reconciliação seria longo e que Júlia ainda guardava uma boa dose de ressentimento, mas estava disposta a tentar, pela primeira vez, ver o mundo pelos olhos da irmã...

Talvez houvesse algo que ela pudesse fazer para que, com o tempo, aquela mágoa diminuísse...

Meses depois...

A terapia trouxe uma nova rotina para a casa. Júlia parecia mais disposta a conversar, embora ainda mantivesse certas barreiras...

Naquela tarde, enquanto as irmãs estavam sentadas na sala assistindo televisão, Mônica se aproximou com um sorriso...

Mônica: Meninas, o que acham de pedirmos pizza hoje? Faz tempo que não comemos juntas.

Jade, que estava recostada no sofá, olhou para a mãe e sorriu...

Jade: Acho uma boa ideia.

Júlia, sentada na poltrona ao lado, deu de ombros, mas não demonstrou a usual resistência que costumava ter em momentos familiares como esse...

Julia: Pode ser.

Foi um pequeno passo, mas para Mônica, ver as duas ali, juntas, sem brigar, parecia um grande avanço...

Depois que a pizza chegou e todos estavam reunidos à mesa, Carlos fez questão de incentivar a conversa entre as irmãs...

Carlos: Então, como foi a semana de vocês na escola?

Jade: Bem, eu tirei uma nota ótima na prova de biologia, e o professor me convidou para participar de um projeto sobre sustentabilidade. Acho que vai ser uma boa oportunidade.

Mônica: Isso é ótimo, filha!...E você, Jú? Alguma novidade?

Júlia demorou um pouco mais para responder, mas, diferente de antes, não rolou os olhos ou fez comentários sarcásticos...

Julia: Foi normal. Nada de especial, mas consegui terminar o trabalho de história.

Havia uma certa frieza na forma como Júlia falava, mas o esforço que ela estava fazendo para manter as coisas calmas era notável...

Jade percebeu isso, e apesar de querer ajudar, ela sabia que era melhor ir com calma. Qualquer passo em falso poderia trazer de volta as velhas tensões...

Embora Júlia estivesse mostrando sinais de melhora, a verdade era que dentro dela, os sentimentos de inveja e frustração ainda estavam latentes...

A terapia ajudava a acalmar suas emoções, mas não conseguia apagar o ressentimento que ela sentia em relação à irmã...

Ela não demonstrava mais abertamente sua raiva, mas por dentro, cada elogio que Jade recebia, cada sorriso que os pais lhe davam, era como uma facada invisível...

Depois do jantar, quando Jade foi para o quarto e Júlia ficou sozinha na sala, ela olhou para uma foto de infância que estava na estante...

Na imagem, as duas meninas sorriam, abraçadas, como se fossem inseparáveis. Aquilo parecia uma memória distante e quase irreal para Júlia. Ela se perguntava se algum dia voltaria a sentir aquela conexão com a irmã...

 Ela se perguntava se algum dia voltaria a sentir aquela conexão com a irmã

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Mônica apareceu na sala e notou que Júlia olhava fixamente para a foto...

Mônica: Você está bem, querida?

Júlia desviou o olhar rapidamente...

Julia: Estou, mãe. Só cansada

Mônica: Eu percebo que você está fazendo um esforço para melhorar, e isso é muito importante. Só quero que saiba que estamos aqui para o que você precisar. A terapia é só o começo, mas você não está sozinha nesse caminho.

Júlia assentiu, mas as palavras de Mônica não conseguiam aliviar o que ela realmente sentia. Ela sabia que, no fundo, sua luta ainda era contra ela mesma. Jade não tinha culpa de ser quem era, mas isso não diminuía o peso da inveja que Júlia carregava...

No entanto, pela primeira vez, ela começava a perceber que o problema não era apenas a irmã, mas algo que ela mesma precisava resolver...

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Será q as coisas vão mudar mesmo???

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