A Dança Das Almas Perdidas

Conhecendo o diabo

É claro que eu não iria perder 500 mil reais, certo? Então, aqui estava eu, mas que lugar peculiar, uma cabana no meio do mato. Me camuflando por entre as árvores, observo atentamente uma moça de uns 25 anos, eu me sentia mal por ceifar uma vida tão jovem, entretanto, era o meu trabalho. Vejo ela se movimentar para um lado e para o outro com marchas suaves como se estivesse dançando em luminosidade  branda.
– Perfeito! - digo enquanto me aproximo da cabana, detectando o momento perfeito da minha aproximação.

Entro vagarosamente, passando por altares ocultistas, me escondendo entre os móveis, ela fazia algo estranho e citava frases estranhas e um arrepio sobe por minha espinha, pela primeira vez em tantos anos, sinto medo, o ar se torna pesado e sinto dificuldade para me manter alí, no lugar, eu preciso agir rápido. Me levanto, pronta para finalizar o trabalho, quando aparece um homem com cabelos negros e sedosos, sua pele era pálida, sarada, era o tipo de homem perfeito, mais de onde ele surgiu?
Ele se aproxima.
Ele era lindo.
– Oh grande príncipe infernal, aqui está sua oferenda! - a moça finalmente diz algo.
Tremia em aflição, o que estava havendo? Príncipe infernal? Eu precisava sair daqui, urgentemente.

– Não se atreva a mover um dedo sequer. O homem ordena, me fazendo parar instantaneamente e um calafrio percorre em meu corpo, quem era aquele homem.
– Que-quem é… vo-você? - gaguejo.
– Seu novo dono, a partir de hoje, obedecerá a mim e apenas a mim, você é o meu prêmio. - ele encurta a distância entre nós dois.
– O que está acontecendo? -pergunto sem entender.
– Merlian, Merlian, você realmente não sabe o que estou acontecendo? Sua alma está vendida a mim, se vier comigo por bem, terá direito a 5 pedidos, mas claro, de acordo aos meus termos, caso não aceite irá me acompanhar ao inferno sem direito a nada.
Demônio? Inferno? Eu sabia que meus atos eram ruins, entretanto, nunca poderia imaginar que seria buscada antes de morrer e eu tinha que me apressar e pensar em meus desejos.
…
Já se passaram duas semanas e eu não consigo dormir, meus desejos…
Aonde e com quem eu deixaria Noah? O que eu faria? De qualquer forma, eu terei que ir, não é mesmo?
A única pessoa com quem eu poderia deixá-lo… seria com Luara, porém, como? Ela não sabe o meu nome verdadeiro e Noah não sabe a minha verdadeira profissão, mas é o único jeito.
Noah estava no sofá, jogando em seu vídeo game, era uma das últimas coisas que eu poderia presenciar de fato. Eu precisava me despedir, era o último dia, tenho que ser forte.
–Noah! - o chamo.
Não obtenho resposta.
–Noah!
De novo sem resposta.
Tiro o controle e o chamo novamente.
– Noah, precisamos conversar!
-ele sobressalta.
– Ah, que susto, Mel, quase tenho um ataque cardíaco.
– Desculpe, mas preciso que me escute.
– Ihhh, O bagulho é pesado mesmo, hein. O que houve?
– Irmãozinho… no momento, não poderemos ficar mais juntos…
– Eu não estou te entendendo, Merlian, que papo é esse? Nunca iremos nos separar, esqueceu? - me olhava confuso e eu já sentia meu coração se partir em migalhas… Maldito demônio!
– A situação mudou… eu já não tenho mais condições de ficar com você… -seguro suas mãos.
– Eu posso arranjar um emprego! Vou te ajudar, só não me abandone Mel! - desesperado, corre para meus braços, me apertando de leve. Eu sinto muito, Noah, não queria que as coisas fossem assim.

–

Eu não vou te abandonar..vou procurar alguma forma de te ver, sempre que possível - vê ele chorar corta o meu coração..mas eu não tinha outra opção.
– Promete?- ele diz me olhando com o rosto cheio de lágrimas.
– Prometo - dou um sorriso de leve.
– Vou conversar com uma amiga, ela vai cuidar bem de ti. Digo enquanto pego meu celular, procurando o número de Luara.
– Alô? Emilly!!! Oiiii! Como vai? Você sumiu… - ela fala animada como sempre.
– Preciso de um favor seu.
                       …
– Lembre-se, me chame de Emily perto dela.
– Tá, já entendi… mas por que está mentindo sobre o seu nome? Não disse que ela é legal? Acredito que ela não se importaria se soubesse, já que é esse tipo de pessoa. - Noah estava desconfiado.
– Emmy!!! - aquela garota de cabelos negros, enlaça minha cintura em seus braços longos e finos.
– Oi, Luara- dou um sorriso forçado
– Esse é o seu irmão? - ela inclina, com dificuldade de ver o seu rosto.
– É sim, fala "oi", Noah.
– Oi… -vejo ele falando com vergonha.
– Que fofo ele é tímido.
– É sim- dou um sorriso.
– Então, pra onde você vai?
– Eu..aaah..tenho que resolver algumas coisas e talvez eu fique fora da cidade eu ainda não sei.. então eu não poderia deixar o Noah sozinho - suspiro.
–Ah, sei, amiga - ela sorri
– Obrigada por ficar com ele.
Depois de um tempinho,vou embora, vendo a Luara ir com o meu irmão..o meu coração estava partido,mas era necessário..mesmo que eu não estivesse entendendo nada do que estava havendo...
Era noite e eu não conseguia dormir de jeito nenhum,a casa estava tão vazia.. tão triste...abro os olhos e os fecho,abro e os fecho,aaah não conseguia dormir que droga! Sinto o meu corpo arrepiar,me levanto da cama, desço para a cozinha pra tomar uma água... ouço um barulho estranho então pego uma faca na cozinha.
Fico em estado de alerta, com a faca nas mãos, rente ao corpo.
– O que foi docinho? -Me viro de uma vez, dando de cara com ele. O demônio que diz ser o meu dono, eu estava com o coração acelerado e a respiração ofegante.
– Tac, tac  -ele estala a língua no céu da boca.
– Calma, eu sou um demônio mas sou bonzinho - ele ri, e eu só sinto o meu estômago revirar.
– O que… você quer?! - eu falo com a voz falha.
– Nada, só te atormentar mesmo - ele tinha um sorriso nos lábios.Me diga, já pensou nos seus desejos? -
Eu estava em silêncio.
– Você, não quer saber quem matou os seus amados pais? Ou onde eles estão?
– Você... sabe?
– Eles estão no inferno, no mesmo lugar pra onde eu vou te levar, meu bem.
– Como assim..eles eram tão...
– Bons?- ele ri.
– Sim...
– Você está tão enganada, aí pobre criança.