Capitulo 1: Os Primeiros sintomas

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Jasmim saiu da consulta com o Dr.
Fernando, sentindo uma mistura de
alívio e preocupação. Alívio por
finalmente ter dado o primeiro passo em direção à resolução de um mistério que
a atormentava há meses. Preocupação
porque, embora o médico fosse
atencioso, não havia fornecido respostas concretas. Ele pedira uma série de
exames, mas sugerira que os sintomas
poderiam estar relacionados a algo
autoimune. "Isso pode ser muitas coisas," pensou Jasmim, tentando acalmar a mente enquanto voltava para casa. "Mas, pelo menos, estou fazendo algo a respeito."
A vida continuava com sua rotina usual, mas com um novo elemento: a dor.
Inicialmente, era apenas um incômodo leve no joelho, mas agora se espalhava para outras partes do corpo.
Suas mãos, pulsos e tornozelos
começaram a doer regularmente,
especialmente de manhã. Alguns dias
eram piores que outros. Havia
momentos em que levantar da cama
parecia uma tarefa hercúlea.
Na escola, os amigos de Jasmim
começaram a notar que algo estava
diferente. "Você está bem, Jasmim?"
perguntou Luísa, sua melhor amiga,
durante o intervalo. "Parece cansada."
"Estou bem, só um pouco cansada,"
respondeu Jasmim com um sorriso
forçado. Não queria preocupar seus
amigos até saber exatamente o que
estava acontecendo. Mas dentro dela, o
medo crescia.
A relação com sua mãe, Vitoria, era um
porto seguro. Vitoria sempre estava lá,
pronta para oferecer um ombro amigo
ou uma palavra de encorajamento.
"Vamos resolver isso, Jasmim. Você é forte e vamos descobrir o que está
acontecendo," dizia Vitoria, transmitindo uma confiança que Jasmim às vezes sentia estar perdendo.
Os dias se transformaram em semanas
e, eventualmente, em meses. Jasmim
passou por inúmeros exames: raios-X,
ressonâncias magnéticas, análises de
sangue. O processo era exaustivo e,
frequentemente, frustrante. Cada
consulta parecia trazer mais perguntas
do que respostas.
Durante esse período, a família de
Jasmim também começou a sentir o
peso da incerteza. Valentina, que estava
morando em outro estado, ligava
frequentemente para saber das
novidades e oferecia apoio moral. "Se
precisar de mim, eu volto para casa,
Jasmim. É só falar," dizia ela. Alexandre, mesmo distante na Alemanha, mantinha-se próximo por meio de
chamadas de vídeo. "Fique forte, irmã.
Estamos todos aqui por você," dizia, com
Daniel sempre ao seu lado oferecendo
palavras de encorajamento.
Davi, por sua vez, lidava com a situação
de maneira diferente. Ele sempre foi o
mais sensível dos irmãos e, muitas vezes, expressava sua preocupação de maneira intensa. "Você vai ficar bem, Jasmim. Eu sei que vai," dizia, tentando manter uma postura positiva, apesar de suas próprias batalhas internas com a ansiedade e depressão.
A dor física não era a única coisa com a
qual Jasmim precisava lidar. O impacto
emocional e mental de não saber o que
estava acontecendo a deixava exausta.
Havia noites em que chorava sozinha,
sem saber como encontrar a força para
continuar. Em uma dessas noites,
enquanto olhava as estrelas pela janela, ela encontrou algum conforto em suas
próprias palavras: "Cair é inevitável, mas levantar também."
Finalmente, após meses de consultas e
exames, Jasmim foi encaminhada a um   reumatologista renomado, Dr. Ribeiro.
Este médico tinha uma reputação de ser direto e, às vezes, um pouco brusco, mas também era conhecido por sua
competência. "Você tem artrite idiopática juvenil," disse Dr. Ribeiro, sem rodeios, durante a terceira consulta. "É uma condição autoimune onde seu sistema imunológico ataca suas próprias articulações." Jasmim ficou atordoada. Tinha ouvido falar de artrite, mas sempre associou a condição a pessoas mais velhas. "Mas eu só tenho 22 anos," disse, quase sem acreditar.
"Sim, pode afetar jovens também,"
respondeu o médico, suavizando um
pouco o tom. "Vamos começar um
tratamento para controlar os sintomas e minimizar os danos às suas
articulações."O diagnóstico trouxe um misto de alívio e desespero. Alívio porque finalmente tinha uma resposta. Desespero porque a resposta era algo que mudaria sua vida para sempre. Vitoria segurou a mão da filha, os olhos cheios de determinação.
"Vamos enfrentar isso juntas, Jasmim.
Você não está sozinha."
Jasmim olhou para sua mãe e sentiu
uma onda de gratidão. Apesar da dor e
da incerteza, sabia que tinha um apoio
inabalável. E com essa força, ela se
preparou para enfrentar a nova
realidade que a aguardava.

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Espero que gostem, foi feito com carinho ❤️

Além da dor. O caminho de Jasmim para superação e féOnde histórias criam vida. Descubra agora