Over Me | HeeJake

ÚNICO.

"Não consigo lidar com isso, preciso de um milagre pouco a pouco, venha sobre mim e tudo ficará escuro."

Over Me; Overdose

🍒

Jake gostava de dizer que sua vida era uma eterna confusão. Nada nunca estava em seu devido lugar e o deixava perdido.

Não costumava dizer que era uma pessoa frustrada, mas, se tivesse de ser honesto, era exatamente como se sentia naquele momento. As coisas sempre pareciam um borrão e nunca pensou que sua sexualidade fosse entrar no meio disso tudo, mas, ultimamente, era tudo que conseguia pensar.

Sempre pensou que fosse hétero e sempre gostou de mulheres, mas, por algum motivo, pegava-se olhando para os outros homens com frequência. Não havia uma característica que o chamasse a atenção, apenas os observava de maneira distraída e montava uma lista em sua mente do que gostava na aparência alheia. Demorou para perceber o que estava fazendo e entrou em pânico quando se deu contra.

Trancou-se no quarto e surtou durante uma hora ininterrupta. Nunca teve preconceitos e estava acostumado com isso pelo seu ciclo de amizades, mas era diferente quando vinha de si. Jake sempre foi muito confiante, mas aquilo quebrava sua postura completa.

Pensou que seria capaz de lidar com isso, mas correu para seu melhor amigo assim que pôde, sentindo que iria perder a cabeça se continuasse guardando para si mesmo.

── Espera, acho que ouvi errado. Você o quê? ── Indagou, incerto.

── É isso aí, estou surtando. Como costuma chamar? Gay panic? ── Devolveu, tentando deixar o clima menos tenso.

── Sem piadas, quero entender de verdade. ── Pediu, gesticulando em negação com as mãos. ── Acha que pode ser gay?

── Gay é um exagero, mas tem alguma coisa muito errada comigo. ── Falou, apontando para o próprio peito. ── Não sei dizer se sempre senti isso, mas percebi por esses tempos...

── E espera que eu te diga o que acho que é. ── Afirmou, rindo. ── Escuta, eu posso até ser gay, mas não significa que consigo olhar na sua cara e falar "olha, um gay".

Jake grunhiu, bagunçando os cabelos escuros de maneira impaciente. Estava tão agoniado que sequer conseguia pensar. Odiava não ter as coisas resolvidas e aquela ponta solta o deixava à beira da insanidade.

── Qual é, hyung! ── Reclamou em tom manhoso.

── Vamos lá. ── Respirou fundo, ajeitando-se no colchão do melhor amigo. ── Já sentiu vontade de beijar algum homem? Às vezes atração física assim não significa muita coisa.

── Não sei, nunca parei para pensar muito nisso. ── Deu de ombros. ── Mas acabo reparando muito e do mesmo jeito que reparo em mulheres.

── Não é uma coisa que vai descobrir da noite para o dia. ── Avisou, coçando a nuca. ── Uma hora as coisas vão se ajeitar. Pode não ser nada, como também pode ser. Só o tempo vai dizer.

── Não tenho essa paciência! ── Relembrou, beirando o desespero. ── Estou agoniado pra cacete.

── Sinto muito, Ikeu. ── Falou, afagando o ombro tenso ao sorrir. ── Não tem muita coisa que posso fazer sobre isso.

E, desde então, o Shim não consegue parar de pensar nisso. Fazia um mês que tudo continuava absolutamente igual. Sentia uma tensão estranha em seu corpo, como se tivesse algo pendente para resolver. Seu sono estava bagunçado e, seus horários, piores ainda.