Prólogo - O primeiro sussurro

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Dedicado à: Lohan, Alice, Heloize e Heitor.

À todos aqueles que buscam entender os mistérios do bem e do mal, aos que ousam explorar os limites do sagrado e do profano, dedicado aos curiosos, aos céticos e aos crentes de todas as crenças

À todos aqueles que buscam entender os mistérios do bem e do mal, aos que ousam explorar os limites do sagrado e do profano, dedicado aos curiosos, aos céticos e aos crentes de todas as crenças

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A névoa densa pairava sobre a cidade, como um manto de segredos que o divino tenta esconder, mesmo que obscurecendo as fronteiras entre o mundo dos vivos e dos eternos. No meio da praça da pequena cidade quase isolada, mas adoradora de seu Deus, a praça antiga dona das estátuas de mármore que pareciam observar com olhos vazios o universo a sua frente. Um ser alado aparece do céu, suas asas brilhantes iluminando as sombras de seu redor tão vasto de algo tão morto como as folhas secas e galhos que se quebrariam se o peso dos pés pouco acima deles não fosse tão suave que pareciam que as folhas abriam caminho para seus pés descalços tocarem a terra. Seu corpo sendo coberto apenas por um manto quase terrivelmente branco, seu cabelo loiro caindo sobre seu rosto com um toque suave, e sua expressão calma era quase fascinada com o seu redor, o ser observou todo o ambiente tão vazio e quase sem vida, achando triste e quase devastador o local à seu redor ser tão lindamente triste.

Seu coração pulsava com a pureza do céu, seu normal trabalho era proteger almas perdidas, que sonham com sua tão esperada e desejada redenção com o divino, porém, algo mais o atraía para a terra. Havia algo mais. Uma presença. Uma energia que perturbava o equilíbrio do divino, uma força que ele não podia ignorar. E um lembrete de que, mesmo um anjo, não pode estar livre de estar exposto à maldições profanas.

De um outro lado, emergindo das sombras, um vulto se materializou. Vestia um manto negro como a noite, seu olhar ardia com uma paixão tão antiga quanto o tempo. Ele também sentira uma atração irresistível, mas por razões diferentes, havia uma alma que ele precisava reivindicar, mas o que o puxava para aquele lugar era mais profundo, algo perigoso.

Seus pés descalços doíam no concreto duro, seu olhar caiu para as folhas secas e solitárias que foram levadas até o caminho de concreto pelo vento. O ar carregava tensão, e ao se virar, ele consegue perceber a luz quase cegante de algo atrás dos cabelos vermelhos que caíam sobre seus olhos antes de serem afastadas por suas mãos, assim que o demônio se virou para a figura.

Os olhos dos dois seres se encontraram no meio da praça. O tempo pareceu parar, e o mundo ao redor deles se desvaneceu em um sussurro. O ar entre eles estava carregado com a tensão do sagrado e do profano, do desejo e da renúncia, da luz e da escuridão.

Uma força parecia puxá-los para lados opostos, mesmo que seus olhares quase se atraíam como imãs. O suspeito da intenção e do objetivo entre os dois era quase vista a olho nu, e assim que seus olhos conseguiram afogar seu desejo de continuar para que os dois seres voltassem à sequer piscar, o mundo parecia que ficava mais devagar ainda.

O de cabelos vermelhos foi o primeiro a dar um passo à frente, um passo pequeno, e o com olhar calmo, retribuiu o gesto, se aproximando quase que nada do outro ser, e assim que seus olhos piscaram novamente, a força que os puxava para lados opostos, pareceu parar apenas para cercar os dois com uma esperança e força muito maior, que dessa vez, os puxavam um para o outro.

A alma observava tudo de cima, sem forma definida, sem corpo que a limitasse, mas sentindo cada nuance de energia que vibrava na praça antiga. A névoa densa parecia mais espessa ao redor dela, como se a isolasse do que acontecia ali, mas a verdade era que ela sentia cada fibra do universo à sua volta. Não era nem boa o suficiente para o céu, nem má o suficiente para o inferno. Presa entre a luz e a escuridão, ela existia em um estado de limbo, um vazio eterno, uma espera sem fim.

Ela sabia que não pertencia ao mundo dos vivos, mas também não tinha lugar no reino dos mortos. Sua existência era um paradoxo. Observava o anjo e o demônio se aproximando um do outro, suas auras conflitantes entrelaçando-se, criando um turbilhão de forças que se chocavam, dançavam e se repeliam ao mesmo tempo. A alma, invisível aos olhos de ambos, sentia um puxão estranho em seu próprio ser. Havia algo neles que falava com sua própria essência dividida, uma compreensão mútua de um estado de existência além da dualidade do bem e do mal tradicional.

À medida que o anjo e o demônio davam mais um passo em direção um ao outro, a alma sentiu um formigamento que se espalhava, uma pulsação que emanava de onde seus corações estariam, se ainda tivessem corpos. Havia uma familiaridade entre aquelas duas figuras, uma memória distante que a alma não conseguia alcançar. Seria possível que em vidas passadas, suas essências se tivessem cruzado, se reconhecido, se amado?

Enquanto os dois seres se aproximavam, a alma sentiu uma necessidade desesperada de interferir, de se fazer notar. Não sabia por quê, apenas que se não fizesse algo, essa atração irresistível entre o anjo e o demônio culminaria em algo além de sua compreensão. Mas, presa entre as fronteiras da realidade e da eternidade, a alma não tinha voz, não tinha corpo. Era uma testemunha, um eco de algo que outrora existiu.

No momento em que o anjo e o demônio estavam a apenas um suspiro de distância um do outro, as folhas secas ao redor se levantaram com um vento invisível, formando um círculo ao redor deles. A luz do anjo parecia intensificar-se, misturando-se com a escuridão ao redor do demônio, criando uma auréola de sombras e brilhos ofuscantes. A alma observava, impotente, mas sentindo em seu próprio âmago que algo mais profundo do que uma simples reunião de opostos estava em curso. Algo que poderia definir não apenas o destino daqueles dois seres, mas de toda a existência ao redor deles.

A alma, pela primeira vez em muito tempo, quis ser vista. Quis ser ouvida. E com um esforço além de qualquer coisa que já havia experimentado, ela concentrou toda a sua essência, toda a sua existência, em um único pensamento: "Deixe-me ser. Deixe-me fazer parte."

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