"Vivemos em cidades que você nunca verá nas telas
Não são muito bonitas, mas com certeza sabemos como comandar as coisas
Vivendo nas ruínas de um palácio dentro dos meus sonhos."
— Team, LordeBRIANNA BOWEN
New York CityTá. Vir parar aqui em meio a crise da minha fase de desemprego, não era novidade para mim, e nem para o senhor John.
— Sessão restrita de novo, eu suponho. — John disse, me entregando a chave da área que até então era considerada 'proibida' para muitos e eu nunca entendi o porquê.
— Sim. Obrigada, John! Você é um anjo, viu? — eu disse em passos apressados até o local.
Procurei pelo meu livro de sempre e um outro, a procura de dar uma variada nas minhas leituras, mas, acabo voltando pro mesmo.
Não sabia disser se era por causa de sua escrita detalhada, ou pelo sentimento de perder tudo e ainda sim, me sentir completa, com algo que nem ao menos sei o final.
Passei os dedos pelo dorso verde do livro, tirando os vestígios de poeira que insistiam em ficar. Folheei suas páginas amareladas e encardidas, as lendo, como se nunca tivesse feito a mesma coisa um trilhão de vezes.
Era quase como a rotina em todos os meus dias de frustração com a minha jornada fracassada no jornalismo. Vinha aqui e me sentava na mesma cadeira no canto da sala, eu, alguns livros, minha frustração e meus pensamentos.Por algum motivo, todas às vezes que eu me recostava aqui, nesse mesmo lugar, a procura das respostas incompletas desse mesmo livro, eu me sentia bem. Como se folhear aquele enorme livro, onde apenas metade de suas páginas estavam contando-me sua história e a outra metade vazia, me causava um certo anseio de saber como a história dele poderia ter acabado.
Em nenhum momento lembro-me de alguma área deserta de Nova York estar com neve nessa época do ano e tão fria.
Bem, eu diria que os meus dois casacos de crochê seriam minha sorte, se ao menos estivesse com eles e não com uma regata e uma jaqueta no lugar.Estar no meio de uma floresta seria extremamente assustador, considerando o fato de que nem sequer me lembro como cheguei aqui, mas, tinha algo por de trás de toda aquela escuridão da floresta que me encantava, que chamava por mim. E rapidamente meu corpo respondeu, minhas pernas se mecharam mais rápido do que meu cérebro.
Aquela luz dourada que parecia guiar aquela trilha seria de outro mundo, se não demorasse tanto.
Era noite. Os arbustos começavam a se mexer, e as árvores balançavam cada vez mais com todo aquele vento. Está frio, pra caralho. Meu rosto ardia contra o vento e a camada espessa de neve que começava a cair. Minhas pernas começaram a cansar e minha única opção foi me sentar debaixo de uma árvore enorme e cheia de folhas, mesmo que eu presumisse estar no inverno.Senti a dor aguda em minha panturrilha e não tive tempo de olhar. Meus olhos pesaram.
~~~
Ok, talvez eu estivesse tendo algum tipo de crise agora.
Minha perna doía como o inferno, e não fazia ideia de onde eu poderia estar.Vamos Brianna, pense. Você claramente não tá' sonhando, porra.
O casebre era cheio de plantas, algumas que reconheci ser pra cura ou para servir como temperos, era bem iluminado e cheio de velas, a luz do sol invadia o pequeno lugar sem pedir permissão. É pequeno, mas, é lindo.
Me posicionei direito na pequena cama, assim que ouvi passos.
— Aqui, querida. — a mulher disse com um sorriso inocente, me entregando uma xícara com um chá de ervas trituradas. Suas enormes pulseiras douradas tintilando umas nas outras.
Torci o nariz e ela sorriu.
— É, isso fede e o gosto é terrível. Mas, vai te ajudar com o veneno.
— Veneno?
— Você foi picada por uma das cobras mais perigosas do reino.
— Reino? Cobra? — meu cérebro girava, dava voltas e voltas e eu não conseguia compreender uma palavra do que ela dizia.
— Sim, querida. Agora beba, vai ajudar seu corpo a combater o veneno, e depois, quando tiver melhor eu te explico. — a olhei completamente desconfiada, confiar era uma incógnita, entretanto, com todos os meus fracassos e frustrações era muito nova pra morrer.
Cheirei o conteúdo verde e fedido de novo. Tampei o nariz e tomei-o feito uma criança.
— A propósito, me chamo Farah, prazer!
— a mulher deveria ter alguns anos a mais que eu, mas era linda, sua pele é dourada e seu sorriso saudoso.— Sou Brianna.
Em questão de segundos minha perna já não doía, e onde existia um ferimento já não tinha mais.
— Mais que merda.
— Não está sentido nada?
— Além de medo?
— Não precisar sentir medo, não vou te machucar. Ninguém vai — Farah disse em um tom mais reconfortante que o normal de qualquer ser humano — Além de medo, o que sente?
— Não sinto dor. Nenhuma.
— Interessante. Você ficou desacordada por algumas horas e seu ferimento só aumentava, e agora que ele fechou você está me dizendo que não sente dor?
— Não..?
— Isso é muito interessante.
A olhei como se fosse a coisa mais sem noção que já ouvi na minha vida. Não sabia onde estava, e nem o que tinha acontecido comigo e ela dizia que era 'interessante'.
— Bem, sei que deve ter perguntas, consigo vê-las pelo seu olhar. — Farah suspirou, conseguindo ver como Brianna reagiria. — Como disse anteriormente, estamos em Lendorr, um reino. Você, Brianna, foi picada por um basilisco. A cobra mais letal do reino, um dos dentes dele estava cravado em sua perna. Ele costuma matar com o olhar, contudo, não sei disser ao certo o porque isso não aconteceu com você.
Farah suspirou, sem saber como continuar.
— Eu sou uma sarcedotista. Pude ver onde você estava e pedi a alguns guardas que fossem ao seu encontro. Esse é o seu mundo, o mundo que nasceu destinada à viver, Brianna.
Não, não e não.
Como que isso sequer seria possível? Lendorr. Esse nome não me era esquisito, a sarcedotista sentada à minha frente também parecia familiar.
Mas como eu poderia estar dentro de um livro?— Impossível. — foi a única coisa que conseguiu sair da minha boca.
— Não, não é.
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ALL FOR YOU
RomanceKai Vanderwaal é solitário desde a morte de seus pais. Seus cabelos pretos e seu olhar sombrio sempre exalando mistério e desconfiança. Lidar com um reino, um povo, ainda tão novo nunca esteve nos planos de Kai. Brianna Bowen sempre foi fissurad...