Court Of Windgs and Whispers

O chamado da escuridão

A lua, alta e cheia, lançava um brilho frio sobre a floresta à minha frente. A névoa serpenteava pelo chão, abraçando as árvores como se carregasse os sussurros de criaturas esquecidas, escondidas nas sombras. Mesmo o vento estava quieto naquela noite, como se a própria natureza soubesse o que estava para acontecer.

Eu estava sozinha.

E talvez fosse melhor assim. Ninguém teria me deixado partir se soubessem que meu destino estava além da muralha que separava nosso mundo humano do reino feérico. Mas eu não tinha escolha. Konoha estava morrendo, uma praga mortal se espalhando pelas plantações e pelo ar. E as curas humanas não eram suficientes. Nenhuma poção, nenhum remédio poderia salvar nossa vila. A única chance estava na magia, e a magia pertencia àqueles que viviam do outro lado da muralha.

Aos feéricos.

A cada passo que eu dava, sentia meu coração bater mais forte, como se avisasse do perigo iminente. Mas eu continuava em frente, com os punhos cerrados e a respiração controlada. Faria o que fosse necessário para salvar minha vila, minha família, mesmo que isso significasse fazer um acordo com o ser mais temido de todas as Cortes.

Sasuke Uchiha, o Senhor da Corte das Sombras.

As histórias sobre ele eram contadas em cada canto de Konoha — histórias de uma criatura feita de escuridão e morte, um feérico que governava com uma mão de ferro, temido até por seus próprios súditos. Diziam que ninguém saía de sua corte ileso, seja em corpo ou alma.

Mas o que mais me aterrorizava não era a chance de encontrar uma morte cruel. Não. O que me apavorava era a ideia de que, uma vez que eu cruzasse aquelas terras, jamais voltaria a ser quem eu era.

Parei diante da muralha invisível que separava nosso mundo do deles. Por um momento, o medo se enraizou nos meus ossos, gelando meu sangue. Mas, com um último suspiro, ergui minha mão e a pressionei contra o ar espesso e vibrante.

A barreira cedeu, e as sombras me envolveram.

O momento em que cruzei a muralha entre o mundo humano e o reino feérico foi como atravessar uma cortina de gelo. Minha pele formigou, e por um breve instante, pensei que o ar havia sido sugado dos meus pulmões. Senti uma pressão invisível sobre mim, como se a própria terra estivesse viva, pulsando com uma magia antiga e poderosa.

O que estava do outro lado era... diferente. O mundo parecia o mesmo à primeira vista, mas havia algo estranho, uma vibração sutil, quase imperceptível, que corria pelo chão e pelas árvores. Tudo era mais nítido, como se eu estivesse vendo o mundo com novos olhos. As folhas nas árvores pareciam mais verdes, o vento mais afiado. O cheiro da floresta era intenso, uma mistura de musgo, terra molhada e algo doce, mas levemente amargo, que eu não conseguia identificar.

Mas não era só isso.

Havia uma quietude perturbadora, como se até os pássaros temessem fazer som ali. A própria floresta parecia observar cada passo que eu dava, como se fosse uma criatura viva, esperando para me devorar. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Não era apenas o clima daquele lugar que parecia diferente; era como se o próprio ar estivesse impregnado de feitiços e segredos.

As histórias sobre o mundo feérico falavam de beleza indescritível e perigos mortais, e agora eu entendia por quê. Tudo ao meu redor era perigoso, sedutor, ameaçador, como uma flor com espinhos ocultos sob suas pétalas. Qualquer movimento em falso poderia despertar algo... antigo. Algo faminto.

O caminho à minha frente, estreito e mal delineado, serpenteava pela floresta. As sombras entre as árvores se moviam de forma estranha, como se tivessem vida própria, como se estivessem sussurrando umas às outras, discutindo o que fazer com a humana tola que ousou cruzar para o reino deles. Tentei não pensar sobre o que poderia estar me espreitando no escuro, apenas focando no castelo distante que eu sabia que pertencia a Sasuke Uchiha, o temido Senhor da Corte das Sombras.