Aubrey

Eu não conseguia acreditar. Cameron. Cameron. O garoto que tinha... tinha... Eu não conseguia pensar, nem falar. Eu estava em choque. Penteei meu cabelo sobre os olhos com os dedos e me deixei cair na cadeira. Por favor, não me veja, por favor, Deus, não deixe que ele me veja. Enquanto ele caminhava pelo corredor, ele se ajoelhou. "Senti sua falta, querida", ele sussurrou em meu pescoço. Merda. Eu me senti mal do estômago. E nojenta, violada. Eu odiava Cameron. Eu o odiava pelo que ele tinha feito comigo. Como ele tinha me feito sentir. Inútil, feia...

Vê-lo trouxe de volta emoções. Emoções que eu pensava e rezava para nunca mais sentir. Memórias inundaram minha mente, apesar de como eu tentava desesperadamente bloqueá-las. Eu senti vontade de chorar. Eu só queria sair dali. A professora começou sua palestra, mas eu não conseguia me concentrar em nada além de Cameron. Ele me estuprou, me bateu, me levou a me cortar e passar fome... Mas ainda assim uma pequena parte de mim ainda o amava. Pensar nisso me fez sentir pequena e patética, mas era verdade.

Mas talvez ele tenha mudado. Talvez pudéssemos consertar isso...

NÃO! Aubrey, você é estúpida. Você NÃO vai cair na encenação dele DE NOVO, eu disse a mim mesma. Eu repeti isso na minha mente. Mas ainda assim eu me preocupei. E se ele tentasse me forçar de novo? E se ele começasse a me machucar de novo? E se, e se, e se.

Segurei minha cabeça entre as mãos e pisquei para conter as lágrimas. Controle-se, Aubrey. Você está diferente agora. Você não é mais aquela garota autoconsciente e assustada. Respirei fundo e tentei me acalmar. Percebi que alguém estava falando comigo.

-Aubrey! - gritou a professora.

-Hum?

-A equação de dois lados. 4D + (36)4 X 5F = 6F - 34(45F + 34), então há uma solução, nenhuma solução ou infinitas soluções?- Olhei para meu caderno em branco.

-UM... Eu ainda não terminei de verdade -  sentei-me em silêncio. A professora olhou para mim como se estivesse decepcionada.

-Você precisa se concentrar na lição. - Eu queria gritar com ela, porque ela não entendia o que eu estava passando. Mas mordi meu lábio e olhei para baixo.

Quando o primeiro período terminou, não consegui sair da sala rápido o suficiente. Eu queria ficar o mais longe possível de Cameron. Corri para o banheiro feminino e me tranquei em uma cabine. Encostei-me na porta e coloquei minha bolsa no chão ao meu lado. Ouvi a porta abrir seguida de passos.

-Aquele cara novo, Cameron, é TÃO gato! -  gritou uma voz feminina.

-Eu sei, ele é tipo, o cara mais sexy daqui, disse outra garota. Eu queria sair correndo da cabine e dizer para elas ficarem longe dele, a menos que quisessem passar pelo que eu passei. Mas eu não podia, porque ninguém sabia sobre o que aconteceu entre nós, e eu queria que continuasse assim. Lágrimas saíram dos meus olhos. Esperei até que elas acabassem antes de sair da cabine e jogar água no meu rosto. Esperei até o sinal do segundo período tocar antes de sair furtivamente do banheiro e ir até meu armário. Peguei meu skate e caminhei até o estacionamento. Rezei para que não houvesse monitores do lado de fora, e não havia.

Eu fui de skate para casa e comecei a chorar no caminho. Deixei meu skate na porta e entrei. Minha mãe estava no trabalho e eu não morava com meu pai, então a casa estava vazia. Graças a Deus. Subi as escadas e me joguei na cama, soluçando no edredom. Quando parei de chorar, refiz minha maquiagem e coloquei um sutiã esportivo e calças Adidas. Penteei meu cabelo e o prendi em uma trança francesa bagunçada. Com as mãos trêmulas, tirei minhas sete pulseiras que sempre usei. Meus olhos permaneceram nas cicatrizes em meu pulso esquerdo. Coloquei minhas pulseiras de volta e desci para assistir TV.

Acabei assistindo ao Disney Channel. Quando eu era pequena, achava que os programas eram as coisas mais engraçadas do mundo, mas agora eles pareciam simplesmente estúpidos. Às vezes eu gostava de assisti-los só para mostrar a mim mesma o quão estúpidos eles eram. Ouvi meu telefone vibrando na mochila e fui buscá-lo. Estava recebendo uma ligação de Ashton. Atendi.

- Olá?

- Onde você está?

-Em casa.

- Posso ir aí? - Fiz uma pausa. Eu acho.

-Chego em dez. - Ashton obviamente se lembrava de como chegar à minha casa depois do baile de primavera. Coloquei uma blusa porque realmente não precisava que Ashton me visse de sutiã. Quando ele chegou, joguei meus braços em volta do pescoço dele e ele me pegou no colo.

- Ei - ele disse, parecendo surpreso.

- Ei.- Foi tão bom me inclinar para ele e cheirar seu pescoço. Ele cheirava tão bem. Ele me colocou no sofá e se jogou ao meu lado. Nós nos sentamos em lados opostos do sofá e nos jogamos ao meu lado. Nós nos sentamos em lados opostos do sofá, nossas pernas entrelaçadas no meio. Nós dividimos sorvete, comendo direto da caixa com duas colheres.

- Aubrey?, - ele disse de repente.

- Sim? -  perguntei.

-Você quer, tipo... beijar agora? - Ele perguntou. O jeito que ele disse isso soou como um garotinho inocente de cinco anos. Mas ele soou tão direto e fofo. Eu me inclinei sobre o sorvete e nossos lábios colidiram. Sentei no colo dele e passei a mão pelo seu cabelo, ignorando Keeping Up With The Kardashians. Ele levou a mão ao meu pescoço enquanto o beijo continuava. Nós nos afastamos. Mordi o lábio, tentando ignorar a alegria borbulhando dentro do meu estômago.

Eu não conseguia acreditar no que estava fazendo. Eu estava louca, certo? Meu ex-namorado malvado e abusivo aparece na minha escola, então eu convido um bad boy para minha casa e o beijo aleatoriamente? ERA loucura. Mas, sinceramente, eu realmente não me importei. Eu ri e o beijei novamente.

Minha Garota Onde histórias criam vida. Descubra agora