Duas Semanas de Silêncio

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Pov: Isabel Lobo Caliari.

Já faz duas semanas desde que ouvi aquela conversa no quarto delas. Duas semanas carregando um segredo que me consome a cada dia. Eu tentei esquecer, tentei agir como se nada tivesse mudado, mas não consigo. Cada vez que olho para Priscila, a mesma mãe que me acordava com carinho nas manhãs de domingo, tudo que vejo é... uma líder de facção.

Uma facção. Minha mãe está envolvida com algo tão sujo, tão perigoso, e eu... eu não faço ideia de por quê. Cada vez que penso nisso, meu coração aperta e minha mente não para de fazer perguntas que não tenho coragem de fazer em voz alta.

"Por que elas esconderiam algo assim de mim? E até onde isso vai?" Já faz duas semanas, e eu ainda não tenho respostas.

Beatriz também sabe. Ela parece preocupada, mas é conivente. E agora, cada gesto, cada sorriso delas, me parece um teatro. Será que sempre foi assim e eu nunca percebi? Eu não sei mais o que é real.

Eu tentei ignorar, tentei convencer a mim mesma que não era da minha conta. Mas agora, toda vez que estou sozinha, tudo o que faço é pensar. Pensar na facção. Pensar no que elas podem estar envolvidas. E o pior... pensar no que pode acontecer comigo se eu me meter nisso.

Mas eu preciso saber. Não posso mais viver com essa dúvida, com esse medo constante. Na noite em que ouvi a conversa, prometi a mim mesma que descobriria a verdade, mas fiquei paralisada, presa ao medo do que poderia encontrar. Só que agora... agora não posso mais adiar.

Algo dentro de mim grita que está na hora de agir. Não sei se estou pronta, não sei se vou conseguir, mas preciso investigar. Preciso descobrir o que minha mãe, a mulher que eu achava que conhecia tão bem, está escondendo de mim.

"Elas estão escondendo algo grande... e perigoso." O pensamento me atormenta noite após noite. Será que sou forte o suficiente para lidar com o que vou encontrar?

Minhas mãos suam, minha respiração acelera só de pensar em me envolver nesse submundo que, até então, eu nem sabia que existia. Mas não tenho escolha. Se elas não vão me contar a verdade, eu vou descobrir sozinha. E não importa o que aconteça depois.

Nesse exato momento, estou deitada na minha cama, encarando o teto escuro do meu quarto. O silêncio da casa só aumenta o turbilhão de pensamentos na minha cabeça. Faz horas que eu tento achar um jeito, uma pista, qualquer coisa para começar a investigar esse segredo que está me consumindo. Mas, por onde começar?

Minhas mãos apertam o cobertor, os dedos inquietos como se o nervosismo estivesse transbordando para o meu corpo. A sensação de estar completamente perdida me sufoca. Eu nunca imaginei que algum dia me encontraria nessa posição – tentando desvendar uma verdade tão sombria sobre as pessoas que mais amo.

Minha mente corre de uma ideia para outra. Será que devo seguir Priscila? Espionar suas mensagens? Mas eu mal sei por onde começar. Ela esconde tudo tão bem que, em todos esses anos, nunca suspeitei de nada. Agora, estou aqui, no meio da noite, sem ideia de qual será o próximo passo.

"E se eu perguntar diretamente? Não... não posso. Elas podem mentir, me afastar ainda mais da verdade." Essa incerteza me corrói. Minha cabeça está cheia de perguntas que não consigo responder, e isso só aumenta a sensação de desespero.

O sono simplesmente não chega, e já é quase madrugada. Sei que amanhã tenho aula, um dia normal me esperando, mas como posso seguir com minha rotina sabendo o que sei agora? Como posso fingir que nada mudou?

O relógio pisca com suas luzes vermelhas: 2h47 da manhã. Eu deveria estar dormindo há horas, mas meu corpo não obedece. Meu coração bate acelerado, e cada vez que fecho os olhos, só consigo imaginar Priscila em algum lugar sombrio, fazendo algo que eu não deveria saber. O que ela esconde? Até onde isso vai?

Mas o que mais me aterroriza não é nem o que vou descobrir... é o que pode acontecer comigo ou com minha mãe depois que souber.

Ouço passos pesados ecoando pelo corredor. Meu corpo se tensa imediatamente. As batidas ritmadas das botas de Priscila no chão de madeira quebram o silêncio da casa, e a cada passo que se aproxima, meu coração acelera ainda mais. Será que ela sabe? Tento me acalmar, mas a angústia me domina.

De repente, a porta se abre com um movimento brusco, tão rápido que quase salto da cama com o susto. A luz do corredor inunda o quarto, e Priscila surge na porta. Sua expressão é dura, os olhos semicerrados e a mandíbula tensa. Ela parece exausta, mas também... estressada. Muito estressada.

Por um segundo, meu estômago revira. Ela descobriu que eu sei... A ideia toma conta de mim, e sinto o pânico subindo pela minha garganta como um grito preso. Tento manter a compostura, mas meu corpo denuncia o medo. Meu coração dispara.

– O que você está fazendo acordada essa hora, Isabel?! – sua voz sai afiada, cortante. Cada palavra soa como uma ordem, não uma pergunta. Priscila entra mais um pouco no quarto, os olhos fixos em mim. – Amanhã você tem aula, e não quero que falte! – A tensão na sua voz só aumenta o nó na minha garganta.

Fico em silêncio, congelada. Não consigo pensar em uma resposta, nem me mexer. Tudo em mim está gritando para manter a calma, mas a expressão rígida de Priscila, o jeito como ela me olha... parece que ela vê mais do que deveria. Será que ela sabe? Será que ela desconfia que eu ouvi tudo?

Os segundos passam devagar, e eu continuo calada, os olhos fixos nela. Minha respiração está presa, irregular, como se qualquer palavra errada pudesse revelar tudo. O silêncio entre nós é sufocante.

Mas, de repente, algo muda. Priscila me encara por mais alguns segundos, e sua expressão endurecida começa a se suavizar. Ela franze o cenho e percebe meu estado  minha pele fria, o suor leve nas têmporas, o olhar fixo demais, assustado demais. O pânico é evidente. Ela hesita.

– Ei... – sua voz agora soa mais baixa, mais cuidadosa. O olhar dela passa de severo para preocupado, quase maternal. – Está tudo bem, Isabel? – A tensão na sua testa se desfaz, e ela dá um passo para dentro do quarto, seu tom completamente diferente agora, mais calmo.

Me sinto quase aliviada, mas o medo ainda está lá, latente. Ela percebeu algo, mas não sabe o quê. O que eu sei... ainda está seguro.

Eu a encaro em silêncio por alguns segundos, tentando controlar a respiração e esconder o pânico que ainda pulsa dentro de mim. Priscila continua me observando, como se estivesse procurando algo nas minhas reações, mas eu não posso deixar transparecer mais nada. Então, lentamente, desvio o olhar e volto a me deitar. O colchão parece mais frio do que antes, como se o susto ainda estivesse congelado no ar.

– Estou bem, só... me assustei – minha voz sai arrastada, quase sem força. Não era uma mentira completa, mas também não era toda a verdade. Priscila me conhece bem demais para acreditar totalmente, e por um instante, vejo em seus olhos a dúvida. Ela franze o cenho, avaliando cada palavra minha.

Mas, para minha sorte, ela não insiste. Talvez o cansaço seja maior do que a desconfiança. Talvez ela esteja preocupada demais com outras coisas para discutir agora. De qualquer forma, Priscila apenas solta um suspiro curto e pesado.

– Vai dormir. Amanhã você tem aula. – Sua voz agora soa mais suave, quase resignada, como se ela quisesse esquecer o momento tenso de agora há pouco. Ela se aproxima da cama, inclinando-se sobre mim.

Sinto o toque leve de seus lábios na minha testa, um gesto que deveria ser reconfortante, mas só me faz sentir mais estranha, mais distante. Como posso me sentir segura quando sei o que sei? Quando sei que por trás desse beijo, há um segredo que pode mudar tudo?

Ela sai do quarto sem dizer mais nada, fechando a porta com cuidado. Eu continuo imóvel, ouvindo seus passos se afastarem pelo corredor. Só quando o som desaparece completamente é que solto a respiração que estava prendendo.

Me embrulho e tento dormir por mais que o sono insistisse em fugir de mim.

Genteee coloquei esse capítulo pequeno para vcs terem noção de como vai ser a partir daqui e a diferença do outro mais obviamente os capítulos serão um pouco maiores

Cadê o obg por ter voltado???

O TAL AMOR 2Onde histórias criam vida. Descubra agora