Os corvos

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Ethan Cavill

Há algo profundamente empoderador em observar o reino que você domina se desdobrar diante dos seus olhos. As pessoas, mergulhadas em suas rotinas cotidianas, não são muito diferentes de formigas, cada uma seguindo um caminho pré-determinado em direção à sua colônia. Essa, afinal, é a verdadeira natureza da humanidade: formigas.

Existem aqueles que se dedicam ao trabalho incansável, dia após dia, e aqueles que colhem os frutos do esforço alheio. Estes últimos observam o mundo a partir de suas torres de marfim, acumulando riquezas e poder sem sequer precisar sujar as mãos. Bilhões são apenas um detalhe quando se está no topo. Mas eu? Em qual dessas categorias me encaixo?

A resposta é simples: nenhuma.

Eu não sou a que colhe os frutos, nem a que se mata de trabalhar. Eu sou o vírus que contamina, o agente infiltrado que subverte tudo por dentro.

A face da nossa empresa precisava ser impecável, atrativa. Porque é assim que se conquista as pessoas. A aparência, o brilho, a fachada perfeita – esse é o primeiro passo. O charme e o carisma vêm depois, à medida que a impressão inicial já se enraizou. É assim que você mantém as pessoas presas, seduzidas pela ideia do que você pode oferecer. Uma vez capturados pela sua teia, o ataque é inevitável, preciso. As garras entram profundamente, cravadas na carne, e quando se dão conta, já é tarde demais.

Humanos não são difíceis de manipular. Tudo o que você precisa fazer é apelar para suas naturezas mais primitivas, seus desejos mais ocultos. Logo, você terá o que quer, e eles nem perceberão. Estarão cegos diante da manipulação, inconscientes de que cada passo que deram foi cuidadosamente orquestrado. Não verão a realidade por trás das cortinas, não compreenderão que suas escolhas nunca foram realmente suas.

Eles são apenas formigas, e eu sou o veneno que corre em suas veias. É realmente muito simples quando se trata disso.

As mulheres querem estar ao meu lado. Os homens querem ser eu. Estou enraizado em suas mentes, fazendo-os acreditar em uma ilusão perfeitamente construída do que significa ser rico, atraente, poderoso e bem-sucedido. Uma imagem cuidadosamente projetada para mantê-los sempre famintos por mais. Como almas perdidas que se agarram a uma esperança vazia.

Mas é tudo uma farsa. E eu sou a infecção que os mantém presos a essa mentira, da qual jamais se livraram.

E assim que gosto de tê-los sob o meu controle, sugando até o último pedaço de sua essência, até que se tornem meras sombras do que já foram. Quando não sobra mais nada, eu os descarto, jogando-os para os lobos e observando enquanto são devorados vivos. Ver seus esforços resultarem em sua destruição final, lenta e inevitável.

— Está admirando o seu playground de novo, Ethan?

A voz me trouxe de volta, e virei-me para encontrar Dimitri ao lado da minha mesa, seus dedos roçando o vidro frio da superfície. Ele era a personificação da escuridão: cabelos pretos como a meia-noite, olhos de um azul profundo. Nunca o vi vestir outra coisa além de tons escuros, algo que refletia o seu temperamento reservado, porém perigoso. Dimitri sempre manteve uma aura de mistério e controle, mas eu conhecia a verdade.

Com Dimitri, qualquer um que tentasse se aproximar acabaria morto. Eu infectava, mas D? Ele dissecava, meticulosamente, até não restar mais nada.

— Talvez. – respondi, indiferente.

O canto dos lábios de Dimitri se curvou, quase imperceptivelmente. Embora eu fosse o rosto público do nosso império, ele era o verdadeiro CEO. Dimitri tomava as decisões difíceis, suportava as críticas e mantinha o equilíbrio delicado entre o que fazíamos na superfície e o que acontecia nas sombras. Sem ele, nossa empresa nunca teria chegado onde está hoje.

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