Se você pudesse escolher, quem seria o ator que interpretaria você em uma história de amor? Quem conseguiria transmitir aos outros o tipo de sentimento, angústia, percepção e pensamentos que você tem sobre a vida e sobre outras pessoas? A resposta para essa pergunta é muito difícil, e qualquer decisão errada pode atrapalhar completamente o andamento de qualquer narrativa. Wave sabia bem disso e estava passando por momentos complicados devido a esse tipo de escolha.
Estaria ele selecionando algum ator para interpretá-lo em um filme? Não, claro que não. Mas Wave tinha a responsabilidade de encontrar o intérprete para o outro protagonista da peça, tarefa que não estava sendo nada fácil. O primeiro dos dois já havia sido decidido: seria Jay, sem nenhuma objeção. A facilidade com essa decisão fez Wave supor que a segunda pessoa seria igualmente simples, mas estava enganado.
O personagem em questão era o completo oposto do primeiro: um cara sério, extremamente educado, que fazia de tudo pelo protagonista sem revelar seus verdadeiros sentimentos. Era alguém enigmático e fascinante, capaz de atrair olhares. O problema era que, após dois dias inteiros de testes, ninguém na companhia conseguia emanar aquela aura. Wave, já exausto, repousava a cabeça no encosto da poltrona à sua frente, enquanto observava mais uma pessoa terminar o teste pela terceira vez.
"Eu não aguento mais... Estou morto..." As palavras saíram num suspiro pesado, quase um gemido, enquanto ele virava o rosto devagar para encarar Marco ao seu lado. Seus ombros estavam caídos, e os olhos semicerrados mostravam o cansaço. "Não estamos conseguindo."
"Relaxa, você está se cobrando demais. Só está um pouco mais complicado do que o normal," disse Marco, com um tom leve, em contraste total com a tensão de seu assistente.
"Um pouco mais complicado?" Ele bufou e voltou o corpo para o encosto de sua própria poltrona. "Até mesmo algumas garotas fizeram o teste e ninguém... repito, ninguém conseguiu chegar perto do que a gente queria. Você sabe qual é o problema aqui."
"Eu sei?" Ele franziu as sobrancelhas, inclinando a cabeça levemente para o lado, como se tentasse processar o que acabara de ouvir.
"O problema somos nós!" Wave o encarou, quase exasperado, e soltou o toque. "Nós não estamos conseguindo passar para eles o que queremos. Olha como tudo parece fora de lugar!" dizia ele, enquanto agitava os braços para o alto, em direção ao palco. "Eles são ótimos atores, poderiam interpretar qualquer coisa, então o problema não é com eles, é com a gente."
"Concordo!"
"Você concorda?" Wave estreitou os olhos, inclinando-se ligeiramente para frente, enquanto sua testa franzia com ceticismo, pois aquela não era a resposta que esperava do diretor.
"Sim, concordo. Talvez precisemos encontrar algum detalhe, um traço, algum ponto-chave desse personagem para explicar a eles. Mas... eu já escrevi a história e a personalidade de cada um. Agora cabe a você entender qual é esse ponto-chave que precisamos transmitir aos atores. O que acha?" Marco tinha um sorriso animado no rosto, e suas sobrancelhas se elevavam em completo êxtase. "Pense nisso como uma missão."
"Outra missão?" Wave suspirou, encolhendo-se ainda mais na poltrona.
"Sim! Porque parece que a primeira você ainda não cumpriu muito bem."
Ao dizer isso, Marco apontou com o polegar para o palco, onde Dan recolhia algumas peças com movimentos lentos e mecânicos. Sua boca se mantinha em uma linha reta, os olhos semicerrados, como se estivesse apenas cumprindo uma tarefa sem propósito. Wave observou o jeito desanimado e vazio do rapaz, captando imediatamente o que o diretor queria dizer.
"Ele está trabalhando!" Wave se justificou, sabendo que não era suficiente.
"Com o ânimo e o amor de quem está pagando penitência."
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Amor de Palco
RomanceWave, um estudante de engenharia apaixonado por teatro, equilibra suas responsabilidades acadêmicas com o amor pela arte. Quando recebe a tarefa desafiadora de fazer Dan, o reservado sobrinho do diretor, se apaixonar pelas artes dramáticas, Wave fic...