Até caírem as estrelas

Capítulo 1

O aroma da comida quente pairava no ar; já era rotina para Mia trabalhar naquele restaurante após a escola. Seu uniforme estava impecável hoje, contrastando com seu humor sombrio.

Alguns clientes murmuravam, reclamando de sua atitude, mas nada que fosse realmente grave.

Foi então que as portas se abriram e um jovem de aparência ameaçadora entrou no estabelecimento; nenhuma garçonete ousou se aproximar dele.

Sentando-se em uma mesa, ele aguardou alguém para atendê-lo, mas todos estavam receosos; Mia, no entanto, não hesitou. Assim que viu o rapaz sozinho, aproximou-se com educação e perguntou:

─ Posso ajudar em algo?

Virando-se para encará-la, o moreno pediu apenas um copo d'água. Outras garçonetes estavam prestes a expulsá-lo ou causar um pequeno alvoroço. No entanto, a jovem de cabelos cor de mel simplesmente entregou o que ele pediu, recebendo em troca um sorriso do enigmático rapaz.

Esse encontro não permaneceu por muito tempo na mente de Mia. Havia muito trabalho a ser feito e ela não tinha tempo para pensar em nada ou ninguém. Até que chegou a noite daquele mesmo dia, a menina estava na estação de metrô, a mesma que usava todos os dias para voltar para casa após o trabalho, quando um grupo de delinquentes se aproximou; suas intenções eram quase óbvias.

Mia engoliu em seco, sem saber o que fazer ao se ver cercada por eles.

As piadas e cantadas começaram após os passos, fazendo a jovem tremer de medo e agarrar suas roupas com força para manter a compostura. No entanto, sua força se esvaiu quando foi puxada por um deles:

─ Por que não responde, princesa? Acha que é melhor que a gente? ─ um possível líder se pronunciou primeiro.

O ronco de motos potentes ecoou por todos os lados; outro grupo de delinquentes invadiu o local, rapidamente assustando e expulsando o grupo anterior.

Mia ficou sem reação, sem entender o que havia acontecido.

Uma voz rouca, que ela reconheceria facilmente apesar da pouca familiaridade, falou com ela naquele instante:

─ Eles machucaram você? ─ Era o garoto do restaurante.

Por um momento, Mia perdeu a voz; agora entendia o motivo pelo qual as garçonetes se afastavam dele. No entanto, ele a salvou; o mínimo que ela poderia fazer era agradecer.

Após respirar fundo, a jovem agradeceu com a voz baixa:

─ ... Tome cuidado. Esta cidade não é brincadeira. ─ O garoto falou, antes de começar a se afastar.

Com um toque de desespero, Mia agarrou o braço dele, não querendo que ele fosse embora daquela forma:

─ Espere! ─ ela pediu. ─ Pode me dizer seu nome?

Com um sorriso quase atrevido, ele respondeu:

─ Elijah...

Elijah, claro... ─ Mia pensou. Conhecia aquele rosto, só não sabia de onde. Era o famoso delinquente da cidade e turista ocasional em sua escola, aparecendo quando bem entendia, fosse uma vez por mês ou por semana.

Perdida em seus pensamentos, a garota nem percebeu que ele já havia partido, deixando alguns de seus colegas para trás, encarregados de vigiar Mia e garantir que ela entrasse no metrô em segurança.

A mente de Mia estava um turbilhão. Por que Elijah se importou com ela? Como ele sabia que ela estava aqui? As perguntas se acumulavam, mas as respostas pareciam distantes. Ela entrou no metrô, ainda sentindo o olhar atento dos colegas de Elijah sobre ela. Sentou-se em um banco, tentando processar tudo o que havia acontecido.

Enquanto o metrô se movia, Mia olhou pela janela, vendo as luzes da cidade passarem rapidamente. Sentia uma mistura de alívio e curiosidade. Ele a conhecia? De onde? Por que se importou com ela?

A noite estava apenas começando, e Mia sabia que aquele encontro inesperado com Elijah era apenas o começo de algo muito maior.