EPÍGRAFE + PRÓLOGO

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"O que eu devo fazer quando a
melhor parte de mim sempre foi você?"
The Script - Breakeven

Amar nunca foi o problema. O problema é o que o amor faz com a gente. Como ele se infiltra nas nossas certezas, abala nossos alicerces e coloca tudo em xeque. Eu sempre fui bom em manter a cabeça no lugar, sem me perder nesses devaneios que outros caras insistem em chamar de romance. Eu, Eros, o cara que não se apega, que sabe o que quer e nunca se deixa levar pelo coração. Sempre foi simples, até ela.

Hera. Até o nome dela soa como algo fora de alcance, não é? Eu conheço Hera há tanto tempo que, às vezes, é difícil lembrar quando exatamente minha vida deixou de ser só minha e passou a ser algo compartilhado com ela. Mas eu sei quando tudo mudou. Sei quando o sorriso dela começou a me afetar de um jeito diferente. Quando o som da risada, aquele jeito de virar os olhos quando eu faço uma piada boba, parou de ser só algo que eu apreciava e passou a ser algo que eu ansiava. Eu sei exatamente quando comecei a me perder.

O dia em que ela voltou.

Quatro anos. Quatro longos anos sem ela aqui. Claro, nos falamos durante esse tempo. Mensagens, chamadas, fotos enviadas sem pretensão. Mas não é a mesma coisa. Eu achei que a distância me ajudaria a lidar com o que sinto. Achei que, se eu deixasse o tempo passar, esse sentimento incômodo ia desaparecer, como uma maré que recua aos poucos, até você esquecer que a água já esteve ali. Só que isso não aconteceu. Em vez de recuar, ele cresceu. Cresceu tanto que, agora, não importa o que eu faça, eu me afogo nele.

O pior de tudo? Ela voltou noiva.

Como se fosse fácil para mim lidar com isso. Hera, a mulher que sempre esteve ao meu lado, que me conhece melhor do que eu mesmo. A mulher que eu amo, mas nunca tive coragem de dizer. Ela voltou com uma aliança no dedo e um pedido absurdo: que eu fosse o padrinho do casamento. Padrinho. Do casamento dela com outro homem.

Não vou mentir, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi fugir. Sair correndo e nunca mais olhar para trás. Mas Hera não é alguém de quem você pode simplesmente se afastar. Ela te prende, te envolve, te faz querer ficar, mesmo quando tudo em você grita para ir embora. Ela me pediu isso com aqueles olhos que eu não consigo recusar. E o que eu fiz? Eu disse sim, como o idiota que sou.

Como é que eu me coloco nessa posição? Vou assistir de camarote enquanto ela se casa com outro cara. Vou ter que sorrir e dar um tapinha nas costas dele como se eu estivesse de acordo, como se não doesse cada vez que eles se tocam, cada vez que eu a vejo sorrir para ele como eu sempre quis que ela sorrisse para mim.

O que mais posso fazer? Sou militar. Estou acostumado a enfrentar batalhas. Mas essa, essa é uma guerra diferente. Não é uma batalha que eu possa vencer com estratégia ou força. É uma batalha que estou travando contra mim mesmo, contra os sentimentos que tento reprimir, mas que sempre acabam voltando com força total.

Amar Hera é um privilégio e uma maldição. Ela nunca soube o que eu sinto. Talvez eu tenha sido covarde por nunca contar. Talvez tenha sido a única coisa certa que fiz. Não sei. O que sei é que, agora, estou aqui, preso nesse dilema infernal. Conto para ela a verdade e arrisco perder a amizade mais importante da minha vida? Ou engulo esse amor, calo a dor e aceito o papel que me foi dado — o papel do amigo fiel que estará lá para ela, mesmo que o coração esteja despedaçado?

Eu queria ser o cara que ela ama. Queria ser o cara que a faz sorrir, que a faz sentir que o mundo é um lugar melhor. Mas eu não sou. Sou o cara que ficou para trás, o amigo que ela nunca olhou de outro jeito.

E, agora, a contagem regressiva começou. O casamento está se aproximando e, com ele, a escolha que eu tenho que fazer. Falo ou fico calado? Luto ou deixo ir?

Amar nunca foi o problema. O problema é o que o amor faz com você quando ele é só seu e de mais ninguém.







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Minha inesquecível HeraOnde histórias criam vida. Descubra agora