Lyana é uma menina do interior do Paraná que vai viver seu sonho de fazer faculdade em SP, contudo acaba deixando para trás seu amor da adolescência Thalles. Agora vivendo na adrenalina de São Paulo, ela acaba esbarrando com Mathias Mora, sargento d...
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Ela olhava pela janela, o vidro embaçado pelas gotas da chuva que caíam lá fora, como se o próprio céu estivesse refletindo a tempestade que rugia dentro dela. O som ritmado da água contra o vidro deveria trazer-lhe paz, mas cada gota parecia um martelar constante, lembrando-a de uma escolha que não podia mais adiar. A chuva caía como uma cortina fina, um murmúrio constante contra as janelas da pequena sala. O som abafado ecoava pela casa vazia, mas dentro de Lyana, uma tempestade ainda maior se desenrolava. Seus dedos trêmulos apertavam uma xícara de café já frio, enquanto sua mente vagava pelos rostos que a mantinham acordada durante as madrugadas.
Lyana sempre acreditou que o amor seria simples — uma única chama acesa no peito, que ardia clara e inconfundível. Mas ali, envolta em um silêncio quase insuportável, ela se via perdida em uma encruzilhada, seu coração dividido entre dois destinos, dois homens tão diferentes quanto o sol e a lua.
Entre os dois, ela estava suspensa, como uma folha levada pelo vento, sem direção. O coração batia descompassado, dividido entre a segurança de um amor estável e a paixão avassaladora que prometia mudar sua vida para sempre. O tempo não esperaria por sua decisão, e ela sabia que, a cada minuto que passava, algo dentro dela se despedaçava, uma parte de si se perdendo nesse turbilhão de emoções.
Thalles, o primeiro amor, aquele que sempre dizem que nunca esquecermos, era a segurança em forma de amor. Ele a conhecia como ninguém, seus medos, seus sonhos, cada cicatriz que o tempo deixou em sua alma. Com ele, Lyana sentia o calor de um porto seguro, uma história construída sobre alicerces sólidos e memórias compartilhadas. Ele era o seu confidente, o amigo que sempre esteve ao seu lado, mesmo nos momentos mais sombrios. Com Thalles, tudo parecia fácil, certo, como se eles tivessem sido feitos um para o outro desde o início dos tempos. Ele era o abraço que curava, a mão firme que a guiava em meio ao caos. Mas havia algo em sua previsibilidade que a inquietava, como se uma parte de si desejasse mais do que apenas estabilidade.
E então, havia Mathias. O oposto de Thalles em quase todos os sentidos. Ele era fogo, intensidade pura, a promessa de aventuras e incertezas. Com ele, o mundo era uma tela em branco, pronta para ser pintada com cores que ela nunca havia ousado imaginar. Ele era uma tempestade que fazia perder o fôlego, uma paixão que a consumia em um fogo incontrolável. Com ele, Lyana se sentia viva de uma forma que nunca havia experimentado antes. Mathias a desafiava, a fazia questionar tudo o que acreditava saber sobre o amor, sobre si mesma. Cada encontro era uma explosão de emoções, como se o tempo parasse e o futuro deixasse de importar. Mas Mathias também era o risco, a dúvida constante de onde pisava, uma chama que tanto poderia aquecer quanto consumir.
Dois homens, duas paixões, e no meio, ela. Lyana sabia que não podia manter-se nesse limbo para sempre. Uma escolha se aproximava, inevitável e cruel. Em uma direção, havia a tranquilidade de um amor familiar, no outro, a excitação do desconhecido. Ela amava ambos de maneiras diferentes, mas sabia que amar dois homens ao mesmo tempo era como tentar conter o vento nas mãos — impossível e devastador.
Uma escolha entre o passado e o presente, entre a segurança e o risco, entre a razão e a emoção. O relógio marcava o passar das horas, enquanto, dentro dela, o dilema se transformava em um labirinto do qual ela temia nunca escapar.
Enquanto a chuva caía lá fora, Lyana se perguntava quantas vezes mais o céu choraria até que ela encontrasse a coragem para escolher qual caminho seguir. E, quando esse momento chegasse, qual parte de si ela teria que perder? Com as cartas ainda em suas mãos, ela deixou que as lágrimas escorressem livremente por seu rosto. Não havia escolha sem dor, não havia caminho que não deixasse cicatrizes. Um dos dois inevitavelmente sairia ferido.
A noite seguiu seu curso, mas dentro dela, a batalha estava apenas começando. E o tempo, implacável, não esperaria que ela decidisse.
