1. Mudanças não tão bem-vindas

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Charlie Campbell

Nunca fui muito fã de mudanças, especialmente as radicais.


Estamos na estrada viajando de Portland, no estado do Oregon para Everland. Encontro-me com a cabeça encostada no banco do carona, ouvindo Chase Atlantic enquanto Jenna, minha mãe, dirige até chegarmos ao nosso destino.


Já são quase seis da tarde quando olho no meu relógio de pulso pela vigésima vez. Viro o pescoço para o meu lado direito e pergunto:


- Ainda tem possibilidade de chegarmos hoje?


Ela dá um risinho.


- Em poucos minutos estaremos lá querido, não se preocupe. - sobrepõe as mãos nas minhas, que estão descansadas na perna.


Eu bufo, entediado.


- Você pode pelo menos fingir que está animado?


- O que? - a encarei sem entender.


- Desde que saímos em viagem você tem agido estranho.


- E a senhora gostaria que eu agisse de que maneira, hum? - replico, erguendo as sobrancelhas. - Fui obrigado a me afastar de tudo o que eu conhecia, minha universidade, os meus amigos... precisa de mais alguns motivos ou só esses já estão de bom tamanho?


Minha mãe balança a cabeça.


- Aqui teremos uma vida melhor, Charlie.


- Ah, é claro, porque você vai finalmente se unir ao homem por quem sempre foi apaixonada desde a adolescência, até mesmo antes de conhecer o meu pai e aí serão felizes para sempre, exatamente como nos contos de fada.


- Já chega! - ela faz um gesto usando uma das mãos. - Eu não quero mais discutir sobre isso, tomei a minha decisão e você como meu filho deve respeitá-la. Ponto final.


- Com você é sempre assim, somente a sua palavra que vale.


Ela puxa o ar dos pulmões, soltando bruscamente, mostrando a sua raiva e o tanto que este assunto a incomoda, mesmo que a pessoa prejudicada em toda essa história não seja ela exatamente.


Não adianta tentar barganhar, é uma guerra perdida, então aumentei o volume da música nos fones e escorei a cabeça na vidraça do carro, rumo àquela cidadezinha de merda.


Sou acordado pelas batidas suaves no vidro do carro. Pisco algumas vezes antes de olhar para o lado de fora e ver minha mãe parada de pé ali, olhando para mim.


- Chegamos. - Ouço sua voz abafada e enxergo o sorriso em seus lábios.


Ao lado dela está o homem dos seus sonhos, o pivô por termos nos mudado para cá.


Scott Harrington era vistoso, devia ter quase uns dois metros de altura, minha mãe perto dele é uma criatura insignificante, mesmo medindo um e setenta e três. Seus olhos são de um verde muito claro, lembravam duas bolas de gude, os cabelos estão cuidadosamente jogados para trás e ele sorriu para mim quando tomou a liberdade de abrir a porta do carro.


- E aí Charlie, bem-vindo. - se ajoelha, ainda rindo.


Dois idiotas apaixonados resultam nisso. Diferente deles não vejo motivo algum para tal gesto.


- Legal. - Respondo sem qualquer resquício de emoção.


Enquanto tiro os fones do ouvido Scott sobe o olhar para a minha mãe, que suspira, parecendo querer manter o próprio autocontrole.


Pego minha mochila, guardo o celular nos bolsos da calça e me levanto; Scott faz a mesma coisa, abrindo espaço para mim. Jogo a mochila por cima dos ombros e observo a casa à minha frente.

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⏰ Última atualização: Sep 10 ⏰

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