Capítulo 15

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Eu estava deitada na cama, a renda escura da minha camisola cobria apenas metade do meu corpo enquanto Lucien pairava sobre mim. A sensação das presas dele perfurando minha pele na barriga era ao mesmo tempo aterrorizante e estranhamente prazerosa. O toque habilidoso em meu seio enviava ondas conflitantes de dor e prazer por todo meu ser. Minha mente estava confusa, dividida entre o instinto de fugir e a vontade de me entregar completamente. Quantas mulheres antes de mim teriam fugido dele em terror? E, no entanto, eu estava ali, submissa, permitindo que ele se alimentasse, mesmo com a dor intensa que me fazia sentir tonta.

Meus pensamentos giravam em um redemoinho caótico. Eu deveria fugir, deveria temê-lo. Mas, ao invés disso, me preocupava apenas em saciá-lo, em saber que ele estava ali, mostrando sua pior forma, sem se esconder de mim. Eu sabia que era loucura, mas era uma loucura da qual eu não conseguia escapar. Estava louca por ele, louca de prazer, louca de paixão. Cada vez que Lucien sugava meu sangue, eu sentia que perdia um pouco mais de mim mesma, afundando em um abismo de desejo do qual não sabia se poderia voltar.

Então, ele parou. As presas deixaram minha pele, e eu consegui finalmente respirar profundamente, enchendo meus pulmões com o ar que faltava. Sem a dor, restava apenas o prazer, amplificado pelo toque contínuo de Lucien em meu seio, que me fazia perder a noção do que era real e do que era apenas um devaneio da minha mente. Me sentia inebriada, quase perdida em um estado de torpor, até que ele cessou seus movimentos, sua mão me deixando e trazendo-me de volta à realidade.

Nossos olhares se encontraram, mas eu não sabia o que via ali. Os olhos de Lucien, agora completamente escuros, não tinham o brilho de cobre que eu havia aprendido a amar. Ele me olhava com uma intensidade que misturava confusão, admiração, e algo mais profundo, algo que eu não conseguia nomear.

Ele quebrou o silêncio com um tom hesitante, como se tentasse entender por que eu havia permitido que ele se alimentasse de mim. — Por que, Isabelle?— Sua voz era baixa, mas carregada de um peso que senti reverberar em meu peito. — Eu não entendo… Como pôde me deixar fazer isso?

Minha voz falhou enquanto eu tentava responder. Sabia que era a paixão por ele que me fazia me entregar, que apagava qualquer medo que eu poderia sentir. Mas como expressar isso? Como dizer que estou tão irremediavelmente presa a ele quanto ele parece estar a mim? Soltei uma risada nervosa e respondi com um tom autoirônico, — Provavelmente, há algo de errado comigo… Talvez eu seja uma maluca masoquista.

Lucien riu, uma risada breve e cheia de descrença. Com cuidado, ele me trouxe para seus braços, ajudando-me a me sentar na cama. Meu corpo estava mole, enfraquecido pela perda de sangue. Eu sabia que isso não era saudável, mas naquele momento, não me importava. Lucien se levantou, deixando-me sozinha por alguns minutos. Quando ele retornou, a boca estava limpa do sangue, e ele segurava uma toalha úmida nas mãos.

Ele se aproximou de mim novamente, o toque agora tão delicado quanto o de alguém que manuseia uma flor. A toalha deslizou pela minha pele, limpando o sangue que manchava minha pele pálida, provocando um calafrio que percorreu minha espinha. Lucien permaneceu em silêncio por um momento, concentrado na tarefa, mas eu podia sentir o peso das palavras que ele estava prestes a dizer.

Quando ele finalmente falou, sua voz estava impregnada de uma vulnerabilidade que eu não havia escutado antes. — Isabelle. — ele começou, quase em um sussurro, — eu não entendo o que você fez comigo… O que você tem que me faz perder o controle e ao mesmo tempo querer preservá-lo? Eu deveria ser um monstro, deveria te devorar, mas… Não consigo.

Ele parou, olhando para mim com uma intensidade quase desesperada. — Estou tão preso em você que… que só de pensar em você longe, sinto como se uma parte de mim estivesse morrendo. Eu… Eu sou completamente e irrevogavelmente seu, como um cão que encontrou seu dono. E isso me assusta, porque eu sei que não posso deixá-la ir. Estou obcecado por você, minha Isabelle.

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