02 | REBECCA LAWRENCE

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Ei, cê não sabe a falta que faz

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Ei, cê não sabe a falta que faz

Será que teus dias tão iguais?

Eu me pego pensando

Aí, amor

Será que tu divide a dor

Do teu peito cansado

Com alguém que não vai te sarar?

AÍ, AMOR | ANAVITÓRIA

Nos momentos em que não estava prestando atenção na aula, me pegava pensando no encontro de hoje mais cedo, claramente, perdendo o foco da aula

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Nos momentos em que não estava prestando atenção na aula, me pegava pensando no encontro de hoje mais cedo, claramente, perdendo o foco da aula.

Meu ódio por Nikaula Moore é indiscutível.

Nossas famílias nunca se deram bem, por motivos empresariais. Eu carrego o sangue Lawrence e ela o sobrenome Moore. Inimigos declarados que vivem em pé de guerra sempre que possível, e aumentou ainda mais depois da grande perda.

Nunca tivemos uma conversa civilizada, isso é um fato. Nos odiamos desde que nascemos. Fomos feitas para herdar o império que nos aguarda. A questão é que nenhuma quer seguir o futuro que nos foi prometido, queremos o pincel e a caneta para desenhar a nossa própria trajetória.

Nikaula pode ser considerada muita coisa ruim por mim, tipo um grande problema, mas admito que somos parecidas em algumas partes, é por isso que a odeio tanto.

Porque somos iguais.

Pensamos e agimos iguais. Tento trabalhar arduamente contra minha vontade de xingá-la de todas as maneiras possíveis, mas vamos do rancor ao ódio em questão de minutos quando dividimos o mesmo ambiente.

Estava enchendo a minha cabeça, sem me dar conta que Prisla estava falando comigo. Assim que minhas aulas encerraram, fui direto à minha casa e avisei a ela que tinha chegado. Preparamos algo para comer antes da nossa maratona começar, e como sempre, assistimos alguns capítulos de Shadowhunters.

É a nossa série preferida.

Toda vez que precisamos relaxar, obrigatoriamente usamos essa pausa para respirar, esquecer do outro lado da nossa vida. Pris me encheu de perguntas sobre a faculdade, vida amorosa e segredos.

Quando ela atingiu os dezessete anos, nossos pais quiseram matriculá-la na mesma universidade que eu frequento, entretanto, desde cedo soube que seu real desejo era algo abstrato, algo que ninguém poderia enxergar, imaginar ou até mesmo tocar. Era algo que apenas ela compartilhava, e sofria em segredo por isso.

Prisla estala a ponta de seu indicador em minha testa.

— Ai, sua pirralha! — resmungo massageando o local.

— Sabe as regras, pensamentos intrusos atrapalham a noite.

— Não precisava ser tão forte, sua caçula agressiva!

— Eu nunca sou agressiva com você. — ela arqueia uma de suas sobrancelhas em deboche.

— Tem certeza? — devolvo o gesto. — Nunca me pareceu uma palavra muito forte.

— Pensando bem... — põe a mão no queixo fingindo pensar. Rimos juntas da sua ação e ela continua estudando minhas feições. — Você está bicuda.

— Como assim bicuda?

— Você faz esse biquinho ridículo quando está pensativa ou nervosa.

— Eu não faço isso!

— Você morde o canto da boca também. — é quase impossível deixar alguma coisa passar por essa mini loirinha.

Penso em tocar no assunto de hoje mais cedo, mas tenho receio ao mesmo tempo, por ser extremamente delicado.

— Pode perguntar, não vai me fazer mal. — diz como fosse capaz de ler minha mente.

Tento ter coragem para perguntar.

— Eles tem falado com você nos últimos dias? — balança a cabeça em negativa.

— Eles não te mandam mensagens? — ela pergunta.

— Não mais. Nossa relação está cada vez mais precária.

— Eles não tem noção de absolutamente nada. Eu odeio esses dramas sem fundamentos do papai, ainda mais porque sei quem está por trás de tudo.

— Parei de tentar mudá-los faz muito tempo, Pris. Não há volta para eles, eles são o que são.

— É injusto termos que pagar por algo que não fizemos.

— Não pagamos, eles que vão fazer esse papel. Me recuso a sofrer consequências dos atos deles.

Não há salvação. Não há portas milagrosas ou saídas.

Estendo os braços para que se acomode entre eles, aceitando seu silêncio confortante. Não é fácil morar naquela casa, mesmo sugerindo diversas vezes para que morasse comigo, Prisla recusa dizendo que tem que cuidar deles. Não acho que seja isso, há algo que não me conta.

Por medo? Medo deles ou de mim?

— Eu só queria que fossemos uma família normal, às vezes. — proclama enquanto faço carinho em suas mechas loiras. Não consigo ver minha menina dessa forma.

— Esse era um dos meus sonhos até nossa mãe querer usar seu poder sobre nossas cabeças. — endireito minha postura relaxada para uma super protetora. — Prisla, irei perguntar novamente, você quer vir morar comigo?

— Podemos não falar sobre esse assunto, por favor?

Oscilo em concordância.

Entrelaço minha mão direita com a sua, no momento em que a outra enxuga uma lágrima persistente em seu rosto.

— Podemos apenas assistir nossa série preferida enquanto comemos algo questionável?

— Questionável, por quê?

— Suas habilidades na cozinha não são as melhores. — a guio até o balcão para pegarmos nossa comida e seguirmos para sala.

— Só para deixar claro, eu faço o melhor espaguete da sua vida.

— Não confirmo nem sob tortura.

Deixo escapar um "O que?" da minha boca, totalmente revoltada com sua coragem.

— Se for assim, não irá provar a sobremesa.

— Ah, não é justo...

— Quem manda ofender a chefe da casa.

— Desculpe-me, Mestre Jedi.

— Odeio Star Wars!

— E eu amo tudo que você odeia. — suas bochechas ficam cheias na primeira garfada que leva até a boca.

— Pris? — emito seu apelido. — Eu amo você.

— Eu amo você também.

Um sorriso se forma em meu rosto no mesmo instante. E assim, seguimos o resto da noite, comendo, bebendo bebidas geladinhas e assistindo nossa série até eu soltar o primeiro bocejo.

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⏰ Última atualização: Oct 01, 2024 ⏰

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