28.

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Point Of View: Rebeca.

– Baby? Você não vem? – Ouço a voz de Simone me chamar de dentro do banheiro. Ela me convidou para tomarmos um banho naquela banheira, mas acabo me perdendo em meus próprios pensamentos enquanto admiro a vista da sacada.

– Biles, já que nós estamos aqui, será que podemos dar uma volta pelo hotel e conhecer alguns lugares? – A curiosidade faz meus olhos brilharem, ela ri, mas levanta um dedo em minha direção.

– Biles não. Sou sua namorada agora, pode me chamar sempre de amor. – A forma que pronuncia aquela palavra em português faz meu coração se aquecer. – E claro, podemos sim. Tem algum lugar em especial que queira conhecer? – Faço que sim com a cabeça, mordendo o lábio inferior na tentativa de conter o rubor que se espalha por meu rosto, fazendo minhas bochechas esquentarem. – O que foi?

– Eu queria conhecer o bar, sabe, onde tem aquele piano. – Ela faz que sim com a cabeça, se levantando com o corpo nu cheio de espuma para pegar o celular sobre a bancada ao lado da banheira.

– É um pouco tarde, não sei se ainda está funcionando. Mas eu consigo rapidinho uma chave para termos acesso a ele, se você ainda quiser conhecê-lo, mesmo que vazio. – É ainda melhor, eu penso. Torcendo internamente para que esteja mesmo fechado.

Ela faz uma ligação para alguém, falando em um inglês tão rápido que tenho dificuldade para entender, dura apenas alguns segundos e então desliga.

– Está mesmo fechado, mas vão deixar a porta aberta pra gente. – Ela me dá uma piscadinha e faz um sinal para que eu me aproxime.

Nós tomamos nosso banho juntas, trocando beijos e carícias que deixam meu corpo novamente aceso, mas não nos demoramos tanto. Estou muito ansiosa para descer. Começo a juntar minhas roupas para vestir, quando Simone me entrega um roupão e me diz para vestir somente isso. Acho um pouco arriscado andar por um hotel tão grande usando nada mais que uma peça de roupa, mas ela insiste de que estamos seguras.

Por sorte, não encontramos quase ninguém pelo caminho até as portas duplas do bar, que estão apenas encostadas. A luz no centro do bar está acesa, mas é fraca. Adentramos o ambiente à meia luz e ouço a porta se fechando atrás de mim. Simone gira a chave garantindo nossa privacidade e traz a mão para minhas costas, me guiando para o meio do salão. Eu olho tudo, analisando o máximo de detalhes que consigo sem os óculos. É tão surreal, que realmente me sinto dentro da cena do filme.

– Você sabe tocar? – Sua voz baixa e gostosa me traz de volta para a realidade, enquanto ela caminha para perto do piano e para bem ao seu lado.

– Um pouco... Fiz algumas aulas quando frequentava uma escola de música para aperfeiçoar o canto. Nada demais. – Dou de ombros e ela faz um sinal com os dedos para que eu me aproxime.

– Toca alguma coisa pra mim. – Eu tocaria, mesmo que não soubesse uma única nota. É impossível negar alguma coisa à mulher que tem me proporcionado tantos momentos incríveis.

Eu vou até ela, afasto o banco do piano e me sento. Ele é lindo e enorme. Não acredito que seja o mesmo da época em que o filme foi gravado, mas é muito fiel à aparência dele. Passo os dedos pela tampa do teclado, sentindo a madeira acetinada, quase quente ao toque. – É perfeito. – Eu murmuro para mim mesma, enquanto meu olhar percorre cada detalhe. Levanto a tampa do teclado, que desliza sem som, revelando as teclas de marfim envelhecido.

Passo meus dedos sobre as teclas brancas, ouvindo a melodia preencher o ambiente silencioso, e então começo a tocar algumas notas simples. É tão gostoso que acabo me empolgando e me arrisco a tocar Für Elise, de Beethoven. A famosa "musiquinha do gás", foi de verdade a única coisa que consegui aprender a tocar para valer. Simone assiste tudo como se estivesse maravilhada e isso me faz me exibir como a boa convencida que sou, me sentindo o próprio Chopin da modernidade.

My Number One (AU) Rebiles.Onde histórias criam vida. Descubra agora