CAPÍTULO 1

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O cheiro de café recém-coado e o som frenético do trânsito de Bangkok eram meu despertador diário. Toda manhã, essa era a trilha sonora que me impulsionava para mais um dia. Abri a janela do meu apartamento, deixando o ar quente e úmido da cidade invadir o ambiente. A vista era sempre a mesma: prédios imponentes tentando tocar o céu, um mar de carros e motocicletas se atropelando nas ruas, e, ao longe, um templo budista brilhando sob o sol dourado. Mais um dia se iniciava, e eu não pude evitar um sorriso de excitação.


Enquanto me vestia, meus olhos encontraram meu reflexo no espelho. Lá estava ela: a mulher que eu trabalhava tão arduamente para ser. Independente, determinada, com um brilho nos olhos que refletia a ambição e a adrenalina que me moviam. As linhas de expressão? Pequenos lembretes de batalhas vencidas, noites em claro e de objetivos alcançados. Eu estava exatamente onde queria estar: no topo, ou, pelo menos, a caminho dele.


Vesti meu tailleur preto impecável, passei um batom vermelho vibrante e ajustei o cabelo em um coque perfeito. Cada detalhe da minha aparência gritava profissionalismo e poder. Era assim que eu queria ser vista. Era assim que eu queria que o mundo me enxergasse: uma mulher focada, determinada e pronta para conquistar qualquer desafio.Saí do meu apartamento e, em questão de minutos, estava mergulhada na correria do centro da cidade. A agência de publicidade onde eu trabalhava era um espelho da própria Bangkok: vibrante, agitada, cheia de ideias fervilhando por todos os cantos. Era o meu refúgio, meu playground, o lugar onde eu me sentia verdadeiramente viva.


Assim que pisei no escritório, fui imediatamente envolvida pelo burburinho de vozes, telefonemas e o clique frenético dos teclados. A equipe estava a mil por hora, como sempre. Caminhei até minha sala, cumprimentando com um aceno de cabeça aqui e ali, e me sentei à frente do computador, pronta para mergulhar em mais um dia caótico. Estava imersa em um relatório de marketing quando a voz estridente de Maya, minha colega de trabalho, me atingiu como um soco.


— Nicole, você viu o último episódio de "Batalha das Solteiras"? — ela perguntou, o tom ansioso, quase infantil.


Fechei os olhos por um instante, respirando fundo antes de responder.


— Maya, por favor, pode voltar ao trabalho? — retruquei, tentando manter a paciência enquanto focava na tela à minha frente.


Ela ignorou meu pedido e se inclinou na minha mesa, o rosto radiante como o de uma criança prestes a contar um segredo.


— Ah, mas você precisa ver! Foi tão incrível! Um dos participantes fez uma cena dramática por ciúmes... E olha que recém começou essa temporada!


Virei lentamente na cadeira, encarando-a com um olhar que costumava fazer estagiários tremerem.


— Maya, eu já disse que não suporto esses programas. — A voz saiu seca, fria. — É deprimente ver as pessoas se humilhando por um pouco de atenção.


Ela revirou os olhos e sorriu.


— Você é tão dramática, Nicole! É só entretenimento! — insistiu, rindo.


Cruzei os braços, tentando conter a irritação.


A Batalha das Solteiras - Almond Onde histórias criam vida. Descubra agora