Acho que você deixou isso cair. — Ergo minha mão, segurando o pendrive que continha tudo... absolutamente tudo.
SEXTA-FEIRA 13, quatro dias antes.
Escorrendo dos meus olhos, um líquido vermelho, minhas asas pretas quase que imersas em minha pele, pouca roupa e um grande tesão.
Essa é minha fantasia para o halloween, um anjo caído. Clichê o bastante para conseguir me sexualizar na festa da Melissa.
Ártemis abre a porta do quarto.
— Puta merda, Breno! Você tá perfeito!
— Não é pra tanto. — Me olho no espelho e viro a cabeça rapidamente para ela. — É, talvez seja pra tanto.
Coloco meu celular no bolso.
— Tá pronta? Porque eu tô.
— Estou. — Responde Ártemis, vestida de Ártemis, deusa da mitologia grega.
Criativa, não?
Descemos as escadas de sua casa e pedimos um Uber, já que nenhum de nós possuímos um meio de transporte.
Luzes piscando, vagas de garagem esgotadas, gente que nem palhaço na porta, chegamos ao local.
— É aqui a festa da Melissa? — Questiono o segurança parado em frente ao salão.
Ele puxa uma prancheta do banco de plástico ao lado.
— Nome?
— Breno Lagos e Ártemis Benadotte.
Liberada a entrada, o primeiro escárnio a vista foi ele. O mais temido do colégio nobre da cidade, Oscar.
Ele se aproximava com toda sua marra acumulativa.
— Que detestável surpresa te encontrar aqui, energúmeno. — Ele me encara, com o rosto muito próximo ao meu.
— Talvez eu suma se você fechar os olhos. — acaricio seu queixo e dou uma voltinha, esquivando-o do seu corpo.
Minha mira estava muito bem posicionada a um único alvo, sem tempo para distrações. Talvez ele ainda não saiba, mas ele é meu.
— Breno, como você tá? — Disse a voz mais doce do mundo, vulgo Armando.
Eu o puxo pela cintura.
— Espero que você me pergunte isso mais tarde.
Armando se afasta um pouco.
Nós ainda somos amigos. Ainda.
— Calminho, Breno. O que vai ter mais tarde?
Me aproximo de sua orelha e sussurro.
— Meia noite te conto. — Não consigo esconder meu sorriso malicioso.
Infelizmente, alguém me puxa e me arrasta para um lugar mais vazio.
— Porra, Breno, olha pra você.
Túlio, meu ex namorado.
— Me erra, caralho. — O empurro. — A gente terminou.
— Nosso término faz dois dias, e pera... — Ele puxa a alça da minha asa. — Você bebeu?
Engulo a saliva a seco.
— Não.
Sim. Eu estou bebendo desde a casa da Ártemis.
Túlio solta a minha alça.
— Você deveria ter pelo menos um pingo de responsabilidade afetiva com o que a gente teve, usando essas roupas vulgares para todos verem.
— Com o que a gente teve, do pretérito imperfeito passado. — Dou as costas, porém retorno. — E imperfeito é o que define o que tivemos.
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O Final Feliz É A Guerra
JugendliteraturEm uma noite de Halloween, Breno se vê envolvido em uma situação inesperada que ameaça expor seus segredos mais profundos. Traições e confrontos colocam em risco sua vida pessoal, forçando-o a enfrentar as consequências de escolhas passadas. Agora...